segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Brasil vai investir R$ 3,3 tri até 2014” (Fonte: O Estado de S. Paulo)

“Autor(es): Alexandre Rodrigues


Petróleo e energia vão contribuir com R$ 500 bilhões, aponta estudo do BNDES

O binômio petróleo e energia elétrica vai puxar o crescimento do País com investimentos que somam mais de meio trilhão de reais nos próximos quatro anos. A conta foi feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao atualizar seu mapeamento de investimentos que aponta uma inversão total de R$ 3,3 trilhões na economia entre 2011 e 2014.
A cifra foi projetada a partir de informações sobre projetos em perspectiva na indústria, construção civil e infraestrutura em 15 setores, que representam metade do investimento total na economia. Essa soma alcançou R$ 1,6 trilhão, 62% a mais do que o investido entre 2006 e 2009. O dado também representa o dobro do que o banco havia detectado em levantamento anterior para indústria e infraestrutura para o período 2010-2013.
A cadeia de petróleo e gás chamou a atenção ao saltar dos R$ 295 bilhões do levantamento anterior para R$ 378 bilhões no quadriênio iniciado este ano. Na comparação com os R$ 205 bilhões que investiu entre 2006 e 2009, a exploração de petróleo e gás puxará o crescimento industrial com um aumento de 84% nas inversões até 2014.
O levantamento do BNDES abrange os planos da Petrobrás e do setor privado, considerando apenas uma fração de R$ 45 bilhões das inversões esperadas para o pré-sal. "Petróleo e gás continuarão sendo o motor da indústria, não há dúvidas. O grande desafio é trazer esse investimento para dentro da estrutura econômica do País. A produção cresceu muito rápido e em pouco tempo e a capacidade da indústria nacional de aproveitar ainda foi aquém", diz Ernani Torres, superintendente da Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico (APE) do BNDES.
Por outro lado, o investimento da indústria extrativa mineral e da siderurgia deve desacelerar. Com a alta recente das commodities que levaram ao lucro recorde da Vale em 2010 e estimularam grandes investimentos, a base de comparação para os projetos das mineradoras ficou alta. Elas devem aplicar R$ 62 bilhões nos próximos quatro anos, mesmo patamar de 2006-2009.
Já a siderurgia deve elevar os projetos em 17% nessa comparação, somando R$ 33 bilhões entre 2011 e 2014, mas o número mostra um recuo em relação ao levantamento anterior do BNDES. O banco havia apontado R$ 44 bilhões em inversões do setor entre 2010 e 2013. "A crise bateu muito forte na siderurgia e ainda há muita incerteza. O aumento da demanda interna reduz primeiro a fatia da exportação para depois resultar em aumento da produção", diz Torres.
Belo Monte. Na infraestrutura, o vetor continuará nos projetos de geração de energia elétrica, como o das hidrelétricas em construção na Região Norte. Segundo o BNDES, só a usina de Belo Monte, que aguarda licença para ser instalada no Pará, responderá por 10% dos R$ 139 bilhões que o setor elétrico receberá até 2014, 33,6% a mais do que o aplicado entre 2006 e 2009.
Esse montante inclui ainda R$ 9,6 bilhões da usina nuclear Angra 3 e os R$ 8,9 bilhões esperados para a energia eólica com os leilões recentes. No levantamento 2010-2013, os projetos em perspectiva para energia elétrica não alcançavam R$ 100 bilhões.
Com a desaceleração dos investimentos em telecomunicações, a logística assumiu o segundo lugar no ranking do investimento em infraestrutura. O setor experimentará alta de 134,5% até 2014, comparado com o investido entre 2006 e 2009.
O maior destaque é o crescimento de 260% nos investimentos em portos, que somarão R$ 18 bilhões em quatro anos. Nas ferrovias, os gastos de R$ 16,5 bilhões de concessionárias, os R$ 14,3 bilhões de planos de expansão da malha, e parte do trem-bala Rio-SP-Campinas indicaram R$ 60,4 bilhões em investimentos até 2014, alta de 200%.
"A magnitude dos investimentos em logística não é tão grande, mas o crescimento é animador", afirmou Fernando Puga, chefe de departamento da APE, que assina o estudo com Gilberto Borça Jr., gerente do setor de pesquisa do BNDES.”

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