"Todas as sete centrais sindicais brasileiras articulam um movimento geral de paralisações e greves para a próxima sexta-feira, dia 11 de julho. O ato será nacional e contará, também, com diversas manifestações de rua em Porto Alegre.
Pelo menos doze pautas constam nos materiais que vêm sendo distribuídos pelas organizações sindicais: fim do fator previdenciário; 10% do PIB para saúde; 10% do PIB para educação; redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais; valorização das aposentadorias; transporte público e de qualidade; reforma agrária; mudanças nos leilões do petróleo; rechaço ao PL 4330; reforma política; reforma urbana; democratização dos meios de comunicação.
Em Porto Alegre a organização será dividida em dois momentos: primeiramente, pela manhã, as categorias planejam realizar assembleias e debates, nas quais convocarão os trabalhadores para o grande ato, que será realizado à tarde. Estão previstas marchas a partir das 14h com concentração no monumento do Laçador, ao lado do Aeroporto Salgado Filho, e na Rótula do Papa, entre as Avenidas Érico Veríssimo, Azenha, Gastão Mazeron e a Rua José de Alencar. As passeatas seguirão até o Largo Glênio Peres, no centro da cidade, onde ocorrerá um ato político unificado de todas as centrais. A expectativa é que a mobilização consiga reunir mais de 20 mil pessoas.
“Não vamos para a rua para fazer confusão, sem pauta definida. É importante que os deputados percebam as nossas lutas e parem de legislar em dissintonia com a realidade, passem a ouvir os trabalhadores”, defende o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Ele explicou que as pautas são discutidas em nível nacional e que as mobilizações têm o mesmo perfil em todo o país. Nas cidades do interior gaúcho, atividades serão realizadas por trabalhadores rurais e se planeja interromper pontes, BRs e entroncamentos.
Os trabalhadores rodoviários de Porto Alegre decidirão no dia 10 de julho como será a participação da categoria na greve geral. Uma assembleia será realizada na quarta-feira, com chamadas pela manhã e pela tarde.
Motorista de ônibus da Carris e dirigente da CUT-RS, Luís Afonso Martins explica que os rodoviários se engajarão nas mobilizações. “Nossa expectativa é que haja a adesão de toda a categoria”, projeta.
CTB definirá atividades na segunda-feira
A secretária de Formação da CTB, Eremi Fátima da Silva Melo, explicou que a entidade ainda vai definir melhor a sua programação própria na segunda-feira (8), quando também será distribuída uma agenda do dia na Esquina Democrática. De acordo com a secretária, os metalúrgicos e comerciantes, principais categorias da CTB-RS, estão entre as que vão paralisar as atividades no dia 11.
Eremi considera que a união de centrais e movimentos é muito importante e, por isso, essa paralisação é distinta. “Todas as categorias organizadas e entidades estudantis vão participar. A coordenação é unitária com movimentos sociais e com todas as centrais, o que é inédito”, explica. A CTB também tem atividades planejadas para cidades do interior, como Caxias do Sul, onde está previsto um ato dos rodoviários.
Força Sindical quer mudanças no imposto de renda
Para os integrantes da Força Sindical no Rio Grande do Sul, as mobilizações do dia 11 de julho são uma oportunidade de se aprofundar cobranças que a entidade considera prioritárias. Os três pontos principais para a central são: fim do fator previdenciário, postos de saúde 24h e mudanças na tabela do imposto de renda.
“Hoje, quem ganha R$ 1,4 mil está pagando imposto de renda”, critica o diretor da entidade, Marcelo Furtado.
Ele manifesta que existe um certo temor de que o ato dos trabalhadores possa contar com a presença de pessoas interessadas em promover depredações, como ocorreram algumas vezes durante os protestos do mês de junho pelo passe livre. “Sabemos que esse movimento das ruas também estará presente. Que venham pacificamente”, pede.
Marcelo diz que as entidades sindicais estão orientando o comércio a fechar as portas no dia 11. Além disso, ele destaca que metalúrgicos e trabalhadores de outras indústrias também deverão paralisar as atividades.
CSP-Conlutas defende integração com movimento das ruas
Localizada mais à esquerda que o restante das centrais sindicais. A CSP-Conlutas também está na articulação que define as mobilizações para o dia 11 de julho.
Entretanto, a entidade avisa que não fará coro à bandeira da reforma política, pois considera que trata-se de uma tática do governo federal e de seus aliados para nublar o debate em torno dos problemas da classe trabalhadora.
“Temos pautas diferenciadas em relação à CUT, que dá ênfase para reforma política. Achamos que essa pauta vem para enganar os trabalhadores como objetivo de desvirtuar as reais bandeiras que estão nas ruas”, avalia Érico Corrêa, da coordenação gaúcha da CSP-Conlutas.
A entidade está se organizando com outras correntes sindicais, como a CUT Pode Mais, integrada pela presidente do CPERS, Rejane de Oliveira. A intenção é realizar atos no interior, nos municípios onde o sindicato dos professores possui coordenadorias.
Outro foco das ações da CSP-Conlutas é conectar as pautas dos trabalhadores com as bandeiras expressadas nas manifestações que ocorreram durante todo o mês de junho. “É evidente que existe uma relação muito estreita entre os governos do PT, a CUT e a CTB. O movimento das ruas está dando um recado claro de que é necessário discutir o piso do magistério e os investimentos para a Copa do Mundo. A tarefa dos sindicatos combativos é impulsionar esse movimento. Quem quiser dirigir o movimento de massas estará agindo errado”, considera Érico."