"Em sessão especial aberta pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), o Senado celebrou, na manhã desta segunda-feira (12), o centenário da morte de Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar. Nascido em Canoa Quebrada (CE), ele foi um dos responsáveis pelo Ceará ter sido a primeira província brasileira a abolir a escravatura.
Primeiro orador a falar, Eunício referiu-se ao homenageado como um homem simples, jangadeiro, corajoso, cearense, brasileiro e herói a ser reverenciado. Também disse que pequenos gestos e pequenas ações, “como as empreendidas por esse brasileiro destemido, podem mudar e fazer avançar os rumos de uma cidade, de um estado e de um país”.
Em referência à Copa Mundial de Futebol, que o Brasil sediará junho, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) pediu que esse evento seja também a oportunidade de o mundo dizer não ao preconceito. Lembrou que os europeus civilizados escravizaram os negros africanos e pediu que o mundo reflita sobre a importância desse evento esportivo para avançar no combate ao racismo.
O senador José Pimentel (PT-CE) afirmou que o governo brasileiro está empenhado em assegurar a titulação de terras pertencentes a quilombolas. Ele explicou que a outorga desses direitos não representa favor do Estado, mas uma retribuição àquilo que “ontem foi tirado dos nossos irmãos negros”. O parlamentar criticou os que condenam investimentos feitos pela Petrobrás em países africanos e disse que esses mesmos críticos não demorarão a censurar a Embrapa pelo valioso trabalho que empresa realiza nesses países no propósito de garantir segurança alimentar.
Também reverenciaram o herói nacional o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra; o vice-presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, Francisco Honório Pinheiro Alves; o diretor-presidente do Conselho Nacional de Praticagem, Ricardo Falcão; e o secretário executivo da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Giovanni Harvey.
O homenageado
Francisco José do Nascimento nasceu no dia 15 de abril de 1839. Era também conhecido por Chico da Matilde, em referência à sua mãe, a rendeira Matilde Maria da Conceição. Do jornalista e romancista Aluísio de Azevedo, ganhou o apelido de Dragão do Mar.
Ele trabalhava no porto em uma função de chefia e era prático da Capitania dos Portos. Assim, do mesmo jeito que tinha grande contato com os jangadeiros e escravos, convivia com setores da elite e participava de ações abolicionistas, movimento em alta no Ceará desde a metade do século 19."