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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Após reintegração, mais de 1,3 mil famílias seguem desamparadas no Pinheirinho (Fonte: Brasil Atual)
Plano de previdência do #HSBC discrimina (Fonte: Sindicato dos Bancários da Bahia)
Pelo plano antigo, que continua ativo, o empregado pode contribuir mensalmente com até 12%, mas o HSBC limita a contribuição em 0,5%. No novo, a empresa colabora, no mínimo, com a mesma quantia do trabalhador. No entanto, o valor pode chegar a 140%, a depender do tempo do empregado na organização financeira.
A média salarial do funcionalismo HSBC, uma das menores entre os bancos em atividade no Brasil, é de R$ 2.800,00. Significa que a maioria dos bancários vai ficar de fora do plano. O movimento sindical quer que o banco amplie as vantagens para todos, sem discriminar. ''
#Ibama emite licença de operação para linhas de transmissão da #Chesf (Fonte:
Chefe de direitos humanos da ONU demonstra decepção após fracasso dos EUA em fechar Guantánamo (Fonte: ONU/BR)
Abertas inscrições para especialização em segurança do trabalho no setor elétrico (Fonte: Jornal da Energia)
Extraido de http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=8850
Cogitado para a secretaria de igualdade racial, Paulo Paim quer mudanças no trato a quilombos (Fonte: Estadão)
Revisão do Código Penal será discutida pelo Congresso em 2012 (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
O presidente da Frente Parlamentar Mista para Aperfeiçoamento da Justiça Brasileira, deputado Wellington Fagundes (PR-MT), afirma que, além de tornar a Justiça mais eficiente e rápida, a reforma do código precisa ser criativa para melhorar a relação entre a pena e o crime.
Trabalhadores exigem que #Serpro cumpra a Lei de Anistia (Fonte: SINDPD-RJ)
Extraido de http://sindpdrj.org.br/archives/3334#.Tx2DfLvxQdk.twitter
Congresso reclama de sobrecarga e cogita diminuir comissões (Fonte: Gazeta do Povo)
Extraido de http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1215652&tit=Congresso-reclama-de-sobrecarga-e-cogita-diminuir-comissoes
Com bom humor, #bancários protestam contra onda demissões no #Itaú (Fonte: @bancariosPE)
A presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, conta que o Itaú, líder em lucratividade, também é o banco que mais demite no Brasil. “Só no ano passado, a instituição financeira dispensou 92 bancários em Pernambuco, mais que qualquer outro banco. No Brasil, o último balanço financeiro apresentado pela empresa, em setembro do ano passado, aponta para o fechamento de 2.496 postos de trabalho nos primeiros nove meses de 2011, período em que o Itaú lucrou R$ 10,949 bilhões, batendo mais um recorde de lucratividade no sistema financeiro nacional”, diz Jaqueline.
Durante os protestos, o Sindicato percorreu as principais agências do Itaú no Recife para denunciar a onda de demissões e exigir o fim imediato das dispensas. “O Itaú também está entre os líderes em doenças ocupacionais, causadas justamente pela falta de funcionários e pela sobrecarga de trabalho. O banco, não precisa somente parar com as demissões, como precisa contratar mais bancários para dar conta dos serviços e para que os clientes tenham um atendimento melhor”, diz o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, que é empregado do Itaú.
Em vez de rir, o ator que representou a criança chorava cada vez que a mãe rasgava um papel, em alusão às demissões e à falta de condições de trabalho no banco. “Além do número reduzido de funcionários e das demissões, a pressão desmedida pelo cumprimento de metas tem gerado muito assédio moral e acabado com a saúde dos bancários. As condições de trabalho estão péssimas no Itaú, que se transformou num verdadeiro agente de adoecimento dos bancários”, conta Rufino.
Com o bom humor dos atores e as palavras sérias proferidas pelos dirigentes do Sindicato, o protesto logo ganhou o apoio incondicional de clientes e usuários do Itaú. “Afinal de contas, o banco não é ruim apenas para seus funcionários. Os clientes também sofrem com as mazelas do Itaú”, destaca Rufino, lembrando que, com um péssimo atendimento, cobranças indevidas e má prestação de serviço, o Itaú foi líder de reclamações recebidas pelo Procon do Recife no mês passado, com 25 queixas.
Mais protestos - Segundo Jaqueline, se o Itaú não parar imediatamente com as demissões e se não houver uma melhora significativa nas condições de trabalho, o Sindicato vai realizar outros protestos podendo, inclusive, parar algumas agências e departamentos do banco. “Esperamos que a instituição financeira mais lucrativa do Brasil mude sua postura com relação aos funcionários e clientes e que atenda as reivindicações do Sindicato por mais contratações e melhores condições de trabalho. Caso contrário, iremos subir o tom dos protestos até que o banco sinta todo o nosso poder de pressão”, finaliza Jaqueline.''
Aliciadores de trabalho escravo em Tocantins têm pena convertida em multa (Fonte: Brasil Atual)
MPT quer que Azaleia indenize população de onde fechou fábricas (Fonte: MPT/BA)
“Ainda não recebemos a comunicação oficial sobre o acordo firmado, mas a oferta de três cestas básicas e um par de tênis nos parece muito pouco para uma empresa que está deixando a economia de seis municípios completamente arrasada com o anúncio do fechamento das unidades”, avaliou a procuradora Rosangela Lacerda, que está à frente do caso no MPT. Ele garante ainda que aguarda o comunicado para “avaliar a legalidade desse acordo. De qualquer forma, o MPT vai tomar todas as medidas legais possíveis para salvaguardar o direito dos trabalhadores e da sociedade”.
O fechamento das filiais de Iguaí, Ibicuí, Itati, Potiraguá, Itarantim e Maiquinique foi anunciado dia 16 de dezembro, mas a onda de demissões na empresa já se desenrolava desde de novembro de 2010 e atingiu também empregados de outras unidades. O acordo não contemplou nenhum trabalhador além daqueles dispensados por conta do fechamento das seis unidades. A ação civil pública movida pelo MPT prossegue, com a primeira audiência marcada para dia 27 de março. A indenização pleiteada seria revertida diretamente para entidades de assistência a crianças localizadas nos municípios atingidos.
Acordo forçado - A reunião de conciliação em que foi fechado o acordo ocorreu quinta-feira (19) na sede da Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Vitória da Conquista, órgão do Ministério do Trabalho e Emprego. Ela só ocorreu após uma intensa batalha judicial iniciada pelo MPT após o anúncio do fechamento das unidades e a demissão dos funcionários. Uma liminar obtida na Justiça Trabalhista cinco dias depois das demissões obrigou a empresa a estabelecer negociação com o sindicato para definir medidas que reduzam o impacto social do fechamento das fábricas.
A empresa tentou a todo custo cassar a liminar, tendo obtido até um decisão favorável, logo revogada. Sem saída, A Vulcabrás/Azaleia teve que sentar com os sindicalistas para discutir um acordo. No início, chegou a haver intermediação da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração, mas a proposta da empresa se mantinha no pagamento das indenizações mais dois salários mínimos. A última proposta, apresentada na primeira audiência de mediação da Gerência Regional do Trabalho e Emprego, acrescentou a isso três cestas básicas e um par de tênis.
“A liminar garantia aos trabalhadores o recebimento dos salários enquanto as negociações prosseguissem. Portanto, não haveria necessidade de pressa em aceitar qualquer proposta”, analisou Rosangela Lacerda. Ela explica ainda que a atuação inicial do MPT no caso foi a de obter na Justiça a garantia de que a Vulcabrás/Azaleia negociasse com os empregados uma solução para os impactos sociais. “Acredito que em casos de demissão em massa a empresa deva se comprometer em preparar os demitidos e oferecer a eles meios de fazer uma transição para outras atividades profissionais”, declarou a procuradora.''
Desafios da Segurança do Trabalho em 2012 (Fonte: Blog do Trabalho)
Extraido de http://blog.mte.gov.br/?p=7231
Demissão de trabalhador com 27 anos de serviço não caracteriza dano moral (Fonte: TST)
Publicada a edição nº 132 da Revista Eletrônica (Fonte: TRT 4ª Reg.)
- Competência da Justiça do Trabalho. Execução. Processo falimentar encerrado com o respectivo trânsito em julgado decretado;
- Assédio moral que acarretou ao empregado danos psíquicos, culminando em sua aposentadoria por invalidez. Dever do empregador de dar trabalho ao empregado. Indenização por danos morais e pensão mensal vitalícia devidas;
- Despedida discriminatória de empregado em razão de transtorno bipolar. Nulidade do ato. Reintegração. Indenização por danos morais devida;
- Dívida decorrente de autos de infração. Efeitos da opção do devedor pelo parcelamento simplificado: confissão de dívida. Ausência de interesse processual para discussão do débito;
- Greve. Desconto dos dias paralisados. Acordo para a compensação dos dias não trabalhados;
- Mandado de segurança. Depósito do valor acordado realizado em duplicidade na conta corrente do procurador do credor. Bloqueio do numerário pelo sistema Bacen-Jud. Ausência de ilegalidade na constrição judicial.
Ainda, nessa edição, o artigo “A função revisora dos tribunais – a questão da valorização das decisões de primeiro grau – uma proposta de lege ferenda: a sentença como primeiro voto no colegiado”, é assinado pelos magistrados Ben-Hur Silveira Claus, Ricardo Fioreze, Francisco Rossal de Araújo, Ricardo Martins Costa e Márcio Lima do Amaral, do TRT da 4ª Região, e Ari Pedro Lorenzetti, do TRT 18ª Região (artigo).
A Revista Eletrônica é composta de acórdãos, ementas, sentenças, artigo, notícias, indicações de leitura, e a dica de linguagem jurídico-forense do Prof. Kaspary.''
Trabalhadora deve receber indenização por promessa de emprego frustrada (Fonte: TRT 4ª Reg.)
Câmara nega a caseiro de chácara vinculo como trabalhador rural (Fonte: TRT 15ª Reg.)
"Nota da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa a respeito da ação policial em #Pinheirinho" (Fonte: racismoambiental.net)
A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, reunida em Porto Alegre nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 2012, condena veementemente a brutal ação policial que desocupou a favela do Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo. A notícia, que recebemos com consternação, é um choque, por sua ferocidade e covardia que, de acordo com relatos, teriam custado sete mortes. Infelizmente, contudo, não é uma surpresa. Quem está atento aos fenômenos de transformação do espaço urbano brasileiro nos últimos anos, sabe da violência que caracteriza os processos de exclusão que atingem às comunidades mais pobres, mesmo quando eles não se manifestam pela força física.
Pinheirinho é um caso trágico, mas exemplar: um terreno dedicado à especulação imobiliária, que pertence à massa falida de Naji Nahas, notório criminoso financeiro; cerca de 1.600 famílias, totalizando mais de 6.000 pessoas, vivendo no local há oito anos; descaso das autoridades em todos os níveis, mas especialmente a prefeitura, com a regularização e a infraestrutura da área; uma intervenção direta do aparelho estatal (no caso, o governo do Estado de São Paulo) contra a população mais carente e em favor de interesses privados.
Nada disso, claro, é novidade; mas essas dinâmicas têm se acelerado nos últimos anos e ganharam, mais recentemente, um impulso fortíssimo com a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O que temos visto são remoções criminosas, atingindo cerca de 170 mil pessoas no Brasil inteiro, e desrespeito aos direitos mais básicos, em favor de uma lógica que privatiza os lucros, enquanto socializa custos e prejuízos à população. Estes prejuízos se distribuem desproporcionalmente, e é a população mais fragilizada, em particular, que arca com o peso maior.
Megaeventos são, no mundo todo, exatamente isso: grandes desculpas para criar-se um estado de exceção que permite a uns poucos maximizar seu ganho nas costas de muitos que pagam caro, seja por meio de impostos, seja pela perda da moradia, seja pela perda de direitos trabalhistas, seja, como é o caso hoje, com a vida.
Exigimos justiça para as famílias do Pinheirinho, mas também para aqueles que terão de ser responsabilizados e punidos por este arbítrio. Em primeiro lugar, o governador Geraldo Alckmin, que hoje inscreveu seu nome no panteão dos governos do Estado de São Paulo: agora ele também tem o seu Carandiru. Têm que pagar o preço do abuso, ainda, o juiz titular da 3ª Vara Federal, Carlos Alberto Antônio Júnior, que cassou a liminar que suspendia a ação de reintegração de posse, alegando que a justiça federal não teria competência para atuar no caso, apesar da manifestação de interesse da União em comprar a área disputada; e especialmente a juíza da 6ª Vara Cível, Márcia Faria Mathey Loureiro, que planejou a ação junto com o comando da Polícia Militar; bem como os comandantes envolvidos na operação.
Mas se Pinheirinho é exemplar, também o é pela organização e empenho da comunidade em lutar pelos seus direitos. Rodaram o mundo fotos e vídeos destes homens e mulheres comuns que, jogados pelas circunstâncias numa luta desigual por seus direitos e sua dignidade, elevaram-se ao papel de fonte de inspiração e admiração para muitos. Pinheirinho pode cair, mas Pinheirinho não acabará para todos aqueles que seguirão lutando esta mesma luta. A partir de hoje, Pinheirinho somos todos nós.
Enviada por Andressa Caldas."
"Consumo de energia cresce o dobro do PIB, mas fica abaixo da média mundial" (Fonte: O Estado de S. Paulo)
O Estado de S. Paulo - 23/01/2012
Relatório aponta que expansão desde 2006 chega a 17%, impulsionado pelo acesso da população de baixa renda a eletrodomésticos
O crescimento da economia e a consequente ascensão das classes menos favorecidas - que passaram a ter acesso à luz elétrica, chuveiro e equipamentos eletroeletrônicos - turbinaram o consumo per capita de eletricidade no Brasil.
Entre 2006 e 2010, o aumento do consumo foi de 11,31%, quase duas vezes maior que o crescimento da população no período, segundo relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). As projeções para 2011 indicam que a expansão chega a 17%, elevando o consumo para 2.494 quilowatt/hora/habitante (kWh/hab.).
Apesar do crescimento, o gasto de energia por habitante no Brasil ainda permanece abaixo da média mundial. O consumo médio por habitante no planeta está em torno de 2.730 kWh/hab (número de 2009).
O Brasil perde até mesmo para os vizinhos Argentina, Chile, Uruguai e Venezuela e para outras nações menos desenvolvidas, como África do Sul.
O Reino Unido, que foi desbancado pelo Brasil recentemente da sexta posição do ranking de maior economia do mundo, consome mais que o dobro da média brasileira, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês).
Indicador
Para especialistas, o consumo de energia pode ser visto como um importante indicador de desenvolvimento dos países. "Nosso humilde consumo per capita mostra que ainda há muita coisa para ser feita no Brasil. É um gghbjytindicativo do baixo nível de industrialização", afirma o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria. Ele destaca que ainda existem muitos brasileiros sem acesso à eletricidade.
Em todo País, são mais de meio milhão de residências sem instalação elétrica, apesar dos avanços do programa federal Luz para Todos, que inseriu vários brasileiros no sistema nacional. Com energia em suas casas, somado ao crescimento do emprego e da renda, eles puderam comprar, pela primeira vez, televisão e geladeira. Entre 2006 e 2009, o número de residências com esses eletroeletrônicos cresceu 10% e 12%, respectivamente.
O aumento do consumo de energia poderia ser maior, mas a expansão esbarra no alto custo das tarifas, decorrente da elevada incidência de impostos e encargos setoriais, fatores que prejudicam a competitividade do País. O valor da conta de energia no fim do mês ainda assusta muitos consumidores.
O diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) Carlos Cavalcanti destaca que 52 milhões de pessoas no Brasil são beneficiadas por tarifas subsidiadas. Para essa fatia da população, o consumo precisa ser controlado com atenção.
O custo também prejudica o setor industrial, responsável por quase metade do consumo nacional. Uma parcela significativa da indústria brasileira é intensiva no uso de energia, ou seja, utilizam a eletricidade como matéria prima, a exemplo das fábricas de alumínio, aço e petroquímica.
"Antes, as empresas vinham para cá porque a energia hídrica era mais barata, mas agora as empresas fecham unidades ou transferem os parques industriais para outros países por causa do elevado custo da eletricidade no Brasil", afirma o professor Adilson de Oliveira, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Com isso, o consumo per capita do Brasil pode cair mais em relação à média mundial, ao invés de crescer. A previsão é de que até 2020, o consumo chegue a 3.728 kWh/hab.
Na avaliação de Oliveira, outra explicação para o baixo consumo do País está no perfil da mobilidade urbana. "A maioria da população é atendida por ônibus, e não por metrô, que usa eletricidade."
De acordo com especialistas, há um outro fator que justifica parte da diferença entre o consumo brasileiro e o de outros países. Trata-se das condições climáticas, lembra Ricardo Savoia, gerente do Núcleo de Regulação e Tarifas da Andrade & Canellas. Em países como Noruega, Suécia, Canadá e Islândia, que têm inverno rigoroso, o consumo de energia elétrica é maior, embora alguns países usem gás natural para calefação.
No Brasil, o clima tropical e as elevadas temperaturas em algumas regiões deveriam pesar no consumo. Mas o uso do ar condicionado ainda não está consolidada, por causa do custo, observa Adilson Oliveira. "O comércio de rua, por exemplo, em geral não usa o equipamento para não reduzir a lucratividade."
Enquanto o consumo per capita está bem abaixo da média mundial, o consumo total do Brasil está entre os oito ou nove maiores do mundo. Em 2010, foram consumidos 419.016 gigawatts-hora (GWh)."
Santo Antonio: "Pronta para gerar energia" (Fonte: Correio Braziliense)
Correio Braziliense - 23/01/2012
Com um ano de antecedência, a usina de Santo Antônio vai começar a operar nas próximas semanas, inaugurando a primeira turbina
A Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), está pronta para iniciar suas atividades comerciais, quatro anos antes da conclusão da obra, uma das principais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A primeira das 44 turbinas deve ser ligada nas próximas semanas, tendo recebido o sinal verde da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dezembro. Os testes do gerador inaugural, de 69,5 megawatts (MW), foram bem-sucedidos e sua atividade regular marcará a antecipação em um ano da estreia oficial da usina, que fica a apenas sete quilômetros da capital Porto Velho.
Ao contrário da maioria das obras do PAC, que estão atrasadas, Santo Antônio anda rapidamente, de acordo com a estratégia dos seus maiores investidores privados, as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, para aproveitar oportunidades do mercado doméstico. Até o fim do ano, o grupo operador espera acelerar o ritmo de inaugurações de turbinas, atingindo a média de uma por mês. "Deveremos colocar em funcionamento 33 geradores em dois anos, completando o processo em janeiro de 2015", estima Delfino Luiz Gouveia Gambetti, gerente de Engenharia da Santo Antônio Energia, companhia responsável pela construção e operação da usina.
A maior parte estrutural da hidrelétrica já foi erguida e, quando estiver 100% pronta, será a sexta maior do país, com capacidade instalada de 3,15 mil MW, acrescentando 4,3% à atual capacidade de geração nacional de energia (veja arte). Mas seus empreendedores querem mais. Eles encaminharam pedido de autorização ao governo para ampliar a capacidade em 400 MW.
Esse movimento recebeu duras críticas de sócios do consórcio Energia Sustentável do Brasil, dono da vizinha usina de Jirau, com potência prevista de 3,45 mil MW e início de operação previsto para o segundo semestre. Liderados pela construtora Camargo Corrêa, eles alegam que uma eventual mudança no projeto coloca em risco o equilíbrio operacional e ambiental das duas usinas do Complexo do Madeira.
Licitada em 2007, Santo Antônio recebeu R$ 150 milhões adicionais para adiantar seu cronograma. Além dos desafios ambientais, com grande movimentação de máquinas e pessoas numa região com chuvas o ano todo, o projeto criou verdadeiras cidades com seus 18 mil trabalhadores, pouco menos que os 25 mil de Jirau.
Além da geração de empregos, o início da operação irá beneficiar Porto Velho e região com o pagamento de royalties pelo uso dos recursos hídricos. A estimativa é que, só em 2012, os pagamentos rendam R$ 84 milhões aos cofres públicos, sendo R$ 33,5 milhões para o governo de Rondônia e igual valor para a prefeitura da capital. O restante será distribuído entre órgãos federais. Os valores irão crescer à medida que forem entrando em funcionamento as turbinas.
Vitrine
Com a usina de Jirau, localizada acima de Santo Antônio no curso do rio, o Complexo do Madeira se destaca como principal vitrine da tecnologia orientada à redução de impactos ambientais. Por força das leis atuais, as hidrelétricas são do tipo "fio d"água" — ou seja, têm altura próxima à superfície do rio, reduzindo a área alagada. As turbinas são as maiores no mundo do tipo bulbo, colocadas horizontalmente na parte inferior da construção e ideais para baixas quedas, altas vazões e reservatórios menores. A obra foi dividida em quatro grupos de geração independentes, sendo um na margem direita, dois na esquerda e o último no leito do Madeira.
"É uma vitória da experiência brasileira no setor hidrelétrico", diz Gambetti. Segundo ele, os outros dois diferenciais são os gigantescos sistemas para recuperação de peixes e de árvores cortadas. O primeiro reúne gaiolas ao longo de um canal de 900 metros de extensão e 10 metros de altura, que regulam a velocidade da água e permitem a passagem de cardumes no período de reprodução.
O segundo sistema vai captar e bombear cerca de 1 milhão de troncos rumo ao Rio Amazonas e ao Oceano Atlântico. Humberto Viana Guimarães, engenheiro civil e consultor, destaca ainda a existência de um vertedouro complementar de três comportas para regular o nível do reservatório e escoar a água não envolvida na geração de energia."
#Petrobras: "Igual ao setor elétrico" (Fonte: Correio Braziliense)
A presidente Dilma Rousseff está fazendo agora na Petrobras o mesmo que realizou no setor elétrico no início do ano passado. São duas áreas nas quais a presidente tem muita experiência. Foi o conhecimento amplo do setor que seduziu Lula durante o governo de transição. Em 2002, o petista ignorou os acertos políticos feitos pelo futuro chefe da Casa Civil, José Dirceu, de entregar o Ministério de Minas e Energia para o PMDB e decidiu que Dilma era a dona da vaga.
Pouco mais de um mês depois que assumiu o Planalto, Dilma enfrentou novamente o PMDB e fez uma "limpa" dos apadrinhados peemedebistas alojados no setor elétrico. Tirou a Eletrobras do comando do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e Furnas do controle do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Agora, mais uma vez, Dilma agiu no seu setor preferido. Depois de aguentar por um ano a indicação de Lula para a presidência da Petrobras, resolveu colocar um nome de sua confiança. Maria das Graças Foster já esteve duas vezes para assumir um cargo de maior destaque. Na primeira, Lula pediu para Dilma manter Gabrielli. No segunda, o ex-presidente insistiu para que o indicado fosse Antonio Palocci (o cargo em questão era a Casa Civil). Palocci deixou o ministério em junho de 2011. Gabrielli deve sair em fevereiro deste ano."
#STJ discutirá alterações em regimento interno (Valor Econômico)
Valor Econômico - 23/01/2012
No começo de fevereiro, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) discutirá alterações em seu regimento interno, o presidente da 4ª Turma, ministro Luis Felipe Salomão, apresentará propostas consideradas ousadas para o Judiciário. Entre elas, uma alteração no prazo do pedido de vista e a criação de uma penalidade para o magistrado que extrapolar esse tempo. Ele também irá sugerir a criação de um orçamento participativo no tribunal e a exigência de que os candidatos a exercer cargos de direção no tribunal apresentem previamente um plano de gestão.
A propostas fazem parte de um documento que o ministro apresentará aos demais colegas. Serão realizadas quatro sessões em fevereiro para discutir alterações no regimento interno, que trata da organização geral da Corte, da competência dos órgãos julgadores e da aplicação das regras processuais. A primeira sessão para debater o assunto está marcada para o dia 6, e deverá contar com a participação dos 31 ministros que atualmente compõem o pleno - todos os magistrados da Corte, exceto os desembargadores convocados para as duas vagas abertas de ministros.
O regimento interno do STJ estipula atualmente um prazo de dez dias para os ministros apresentarem seus votos-vista. Mas a exigência virou letra morta, pois quem a desrespeita não sofre nenhum tipo de consequência. Pela proposta de Salomão, os ministros que pedirem vista têm que apresentar o voto nas quatro sessões ordinárias seguintes, caso contrário ficariam impedidos de levar a julgamento processos de sua relatoria.
Outra sugestão do presidente da 4ª Turma é a criação de um orçamento participativo no STJ - nos moldes do que é feito hoje pelo governo federal no plano plurianual, que traça as metas de longo prazo. A ideia é que a elaboração do orçamento conte com a participação de servidores, magistrados e da sociedade em geral. Atualmente, o orçamento é elaborado pelo corpo técnico do STJ e aprovado por seu presidente. Depois, é enviado ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que o encaminha ao Executivo.
Para 2012, está previsto para o STJ um orçamento de quase R$ 965 milhões. Desse total, R$ 694 milhões representam gastos fixos com pessoal. O restante é dividido entre despesas correntes e investimentos. Técnicos do tribunal estimam que cerca de R$ 24 milhões estariam disponíveis para remanejamento.
Salomão também irá propor que os candidatos a exercer cargos de direção no STJ - presidente, vice-presidente e corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - sejam obrigados a apresentar previamente um plano de metas, que seria votado pelos colegas. Atualmente, as nomeações se pautam unicamente pela tradição de se eleger o ministro mais antigo, que não precisa apresentar propostas de gestão.
O ministro irá sugerir ainda uma regra para facilitar a análise dos recursos especiais: os advogados teriam que indicar preliminarmente, de forma resumida, os artigos de lei que consideram violados e a tese jurídica relacionada a cada artigo.
A Comissão de Regimento Interno do STJ é presidida pela ministra Nancy Andrighi, que também deverá apresentar sugestões de alteração do texto. O regimento interno existe desde a criação da Corte, em 1989, e é frequentemente atualizado, seguindo mudanças na legislação. Desta vez, no entanto, os ministros terão a oportunidade de propor alterações mais amplas."
"Troca para turbinar a Petrobras" (Fonte: Correio Braziliense)
Correio Braziliense - 23/01/2012
Dilma pretende mudar o comando da estatal para ter mais controle sobre o megaorçamento da empresa, que pode realizar investimentos sem comprometer o caixa do governo federal
A decisão da presidente Dilma Rousseff de indicar Maria das Graças Foster para a presidência da Petrobras está diretamente ligada aos planos do governo de acelerar os investimentos públicos neste ano de 2012. Dilma também espera que a provável mudança signifique mais afinidade da maior empresa do país com o Planalto. O Correio apurou que o atual presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, é visto como alguém muito próximo ao mercado e menos suscetível à influência do Executivo. Técnica de carreira, Foster tem mais proximidade com a presidente Dilma.
Na reunião ministerial de hoje, Dilma Rousseff vai definir com seus ministros o plano de ação do governo federal para o segundo ano de mandato. O aumento no volume de investimentos está entre os principais pontos da pauta. E a Petrobras terá um papel preponderante nesse processo. Como a empresa foi excluída do cálculo do superavit primário — manobra contábil feita também com a Eletrobras —, ela poderá "abrir o caixa" sem medo de atrapalhar as contas do Tesouro Nacional.
Dilma sabe que a empresa tem poder de fogo. Em julho do ano passado, a Petrobras anunciou seu plano de investimentos para o quadriênio 2011-2015. São 688 projetos que demandarão US$ 224,7bilhões (R$ 393,25 bilhões). A estatal já exerceu papel crucial no Programa de Aceleração do Crescimento, representando 40% da projeção de investimentos embutidos no PAC.
Por isso, a mudança de Gabrielli é estratégica. Dilma sempre reclamou que o atual presidente da Petrobras considerava-se muito autônomo. A proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o fato de estar no cargo há seis anos davam ao executivo uma "sensação de independência" muito grande. Ele amparava-se, sobretudo, no fato de a Petrobras ser uma empresa de economia mista, que não pode tomar suas decisões estratégicas atrelada exclusivamente ao governo, precisando pensar também no mercado.
Essa relação ambígua entre privado e público, na opinião de especialistas, também ocorria durante as diversas crises de gás vividas por Dilma e por Lula. Gabrielli tinha mais dificuldades em impor medidas duras e a presidente espera que Foster, que ainda exerce o cargo de diretora de Gás e Energia da estatal, possa ter uma atuação mais afinada com o Planalto.
Plano de ação
Dilma queria ter promovido a troca no início de seu governo. A relação dela com Gabrielli sempre foi tumultuada. Ficou famoso um entrevero entre ambos, no qual o executivo propôs um plano de ação diverso do imaginado pela presidente e essa devolveu, de bate-pronto. "Consiga 60 milhões de votos, sente aqui nesta cadeira e, aí sim, nós poderemos discutir isso." Corre também pelos corredores de Brasília uma versão de que, em uma das várias divergências que tiveram, Gabrielli chegou a chorar de raiva. Pessoas próximas a ele são ágeis no desmentido. "Você acha que um homem daquele tamanho choraria por causa de uma divergência?", questionou uma pessoa próxima ao presidente da Petrobras.
Gabrielli ainda está no comando da estatal graças ao ex-presidente Lula. Foi ele quem, durante a transição, ponderou ser mais prudente deixar o petista baiano no comando da empresa durante os debates sobre a partilha dos royalties do pré-sal. "Ele tem mais memória do assunto", justificou Lula, sem levar em conta que Graça Foster também é diretora da empresa. Dilma quis, então, indicar Graça Foster para a Casa Civil. Mais uma vez, Lula interveio e pressionou para que o nomeado fosse Antonio Palocci, que deixou o ministério em junho. Gabrielli deve sair da Petrobras agora em fevereiro, provavelmente no dia 13, dia em que o Conselho de Administração da empresa irá se reunir.
O executivo baiano deixa o cargo um ano antes do prazo que ele planejava. Gabrielli quer ser o candidato do PT à sucessão de Jaques Wagner em 2014. Tem grandes chances de emplacar o projeto — especialmente agora, que terá de voltar mais cedo à política baiana. Pelos planos originais, ele permaneceria pelo menos mais um ano à frente do megaorçamento da Petrobras e deixaria o cargo mais próximo do pleito estadual para ambientar-se com a disputa pelo governo do estado.
A simples menção de que Gabrielli deixará o comando da Petrobras incendiou a disputa baiana. Pelo Twitter, o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, afirmou que a "Bahia estava perdendo o cargo na Petrobras e questionou como o estado seria recompensado". Para os petistas, Geddel, candidatíssimo ao governo estadual pelo PMDB, não está preocupado com a Petrobras. "A intenção dele é tentar mostrar que Jaques Wagner está desprestigiado perante Dilma, o que não é verdade", disse um deputado baiano.
A única certeza é a de que Gabrielli não vai concorrer à prefeitura de Salvador. Em dezembro do ano passado, o PT municipal escolheu o nome do deputado Nelson Pellegrino para disputar o cargo. Para não ficar sem visibilidade, o presidente da Petrobras assumirá uma secretaria no governo de Jaques Wagner.
Fazenda
Antes da mudança no comando da Petrobras, cogitava-se que Gabrielli poderia assumir duas secretarias importantes no governo da Bahia. A primeira opção era a Secretaria de Indústria e Comércio. A outra alternativa era a Fazenda, que se tornou a opção mais concreta. O atual secretário, Carlos Martins Marques de Santana, deve deixar o cargo em março para concorrer à prefeitura de Candeias (BA). Antes disso, no entanto, ele terá que cumprir um período de quarentena exigido pela legislação federal."
#INSS: "Segurados vão à Justiça e obtêm #aposentadoria" (Fonte: Correio Braziliense)
Correio Braziliense - 22/01/2012
Número de decisões judiciais favoráveis aos contribuintes que pedem a concessão de benefícios cresce até 28%. Advogados apontam sérios entraves para fazer valer mesmo os direitos mais básicos previstos na legislação
Os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conseguem, cada vez mais, receber na Justiça os benefícios negados nas agências do órgão. A quantidade de aposentadorias obtidas judicialmente pelos trabalhadores subiu 9% entre 2009 e 2011. Mas o salto maior foi nas concessões pelos tribunais de pensões por morte e dos auxílios (por doença e por acidente): o volume anual de decisões favoráveis aos trabalhadores subiu 27% e 28%, respectivamente. Os dados são de levantamento feito pelo Ministério da Previdência Social a pedido do Correio.
Tantas decisões fizeram com que a proporção das concessões de benefícios determinadas pelo Judiciário em relação ao total liberado pelo INSS retomasse um ritmo forte de alta no ano passado. No segundo semestre de 2011, as ordens judiciais para a Previdência liberar benefícios ficaram na casa dos 9% do total em média, chegando a atingir 9,4% em outubro. Antes, esse indicador variava entre 6,5% e 8,5%, conforme o mês.
Em dezembro, quando o Judiciário profere menos decisões por causa do recesso, os benefícios obtidos na Justiça representaram 8,9% do total. Em dezembro de 2010, havia ficado em 7,9%. Os principais motivos são o não reconhecimento pelo INSS de tempo de serviço reivindicado pelo segurado, rural ou urbano, e a negativa dos médicos peritos em atestar a incapacidade parcial ou total para o trabalho de quem pede auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.
O Ministério da Previdência Social considera os dados preocupantes, pois a quantidade de benefícios concedidos por ordem judicial deveria diminuir e não aumentar, diante da melhora dos sistemas de informação do INSS. Especialistas em direito previdenciário sustentam que o INSS costuma negar direitos cristalinos. O advogado Wladimir Novaez Martinez cita dificuldades de conseguir aposentadoria especial para aqueles que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde e reconhecimento de tempo de serviço, mesmo quando registrado em carteira. "O INSS sempre foi de transferir o ônus da prova para o segurado. Todo mundo reclama, mas continua do mesmo jeito", afirma.
O advogado Leandro Rufino destaca que, além da não admissão do registro de emprego em carteira que não consta no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) do governo, o que tem levado mais os trabalhadores à Justiça é a negativa de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez. "O médico que acompanha o funcionário não autoriza sua volta ao trabalho. Já a perícia do INSS diz que ele está capacitado e suspende o benefício. A empresa não pode recebê-lo, porque ele tem atestado de afastamento. Não lhe resta alternativa a não ser recorrer à Justiça", explica.
Outra demanda comum no Judiciário com alto índice de decisões favoráveis é de pensão por morte de segurado que ainda não havia se aposentado e não tinha registro em carteira. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região reconheceu, em setembro do ano passado, o direito de uma filha de trabalhadora que morreu de leucemia cinco anos depois do último vínculo empregatício. O INSS alegou que a mãe tinha perdido a qualidade de segurada pela falta de contribuição no período.
Mas os desembargadores entenderam que ela estava incapacitada para o trabalho por causa da doença. Para eles, "à época do óbito, ela ainda ostentava a condição de segurada, circunstância que legitimava a concessão de aposentadoria por invalidez, inclusive independentemente de carência (prazo mínimo de contribuição)".
Entre os problemas enfrentados pelos trabalhadores, está a discrepância entre os registros no CNIS e as anotações na carteira de trabalho dos segurados. O cadastro — base de dados que reúne informações sobre vínculo empregatício e remuneração dos empregados e contribuintes individuais — foi instituído em 1989 justamente para que o segurado não precisasse comprovar o tempo de serviço, pois as informações estariam todas registradas.
Mas o sistema é cheio de falhas, muitas por omissão das empresas que não repassam as informações corretas, principalmente por deixarem de recolher as contribuições devidas. Também é comum não constar a remuneração no CNIS ou o valor menor sobre o qual houve o desconto da contribuição previdenciária pelo empregador. No último caso, se o empregado não apresentar prova do salário real, o INSS vai considerar o registrado na carteira ou o salário mínimo.
Embora o Ministério da Previdência negue, as agências de atendimento costumam recusar o reconhecimento do período alegado pelo trabalhador, mesmo registrado em carteira, que não consta da base do CNIS. Ele é orientado a correr atrás de outros documentos, como contracheques e declaração de empresa. O advogado Leandro Rufino reforça que a carteira profissional continua sendo prova plena do tempo de serviço, e o INSS tem que aceitá-la, sem outras exigências.
"Em muitos casos, a empresa nem existe mais. A obrigação de cobrar a contribuição que não foi recolhida é do INSS, que deve reconhecer o vínculo constante da carteira e depois ir atrás do devedor", afirma.
No campo
Os estados brasileiros com maior índice de demandas judiciais e de decisões favoráveis são: São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Na Região Sul do país, em que a atividade agrícola ainda é muito forte, há ainda muitos processos na Justiça envolvendo o reconhecimento de tempo de atividade rural.
Documentos
Os especialistas recomendam ao trabalhador guardar desde já cópia de contrato de trabalho, contracheques e a rescisão do contrato, pelo menos, para atestar início e fim do vínculo e as remunerações. Mesmo estando longe da aposentadoria, recomenda-se também comparecer ao posto do INSS e verificar os dados que estão ou não no CNIS.
""O INSS sempre foi de transferir o ônus da prova para o segurado. Todo mundo reclama, mas continua do mesmo jeito""
Wladimir Novaez Martinez, advogado"
#TCU: "Pente-fino na #Petrobras" (Fonte: O Globo)
O Globo - 22/01/2012
TCU prepara varredura na estatal e filiais da empresa, que fechou R$16,3 bi em contratos sem licitação em 2011
OTribunal de Contas da União (TCU) vai promover este ano uma varredura nos contratos assinados pela Petrobras e por empresas em que a estatal tenha o controle societário, no Brasil e no exterior. Segundo o Tribunal, a empresa tem desrespeitado regras de contratação. Maior estatal brasileira, a Petrobras assinou no ano passado contratos que somam R$16,3 bilhões sem qualquer tipo de concorrência ou tomada de preços com fornecedores, o que representou quase um terço da contratação de serviços da companhia (R$52 bilhões). O valor equivale ainda a 19% dos R$84,7 bilhões em investimentos previstos pela empresa em 2011. Se levarmos em conta os últimos três anos, as contratações sem concorrência engordaram as contas bancárias de prestadores de serviços em R$49,8 bilhões. Os dados foram compilados pelo GLOBO com base em cerca de 20 mil contratos de serviços - construção, projetos, instalações de equipamentos e manutenção, por exemplo - disponíveis no site da estatal.
A compra sem concorrência é prevista pela própria Lei das Licitações (número 8.666) e pelo decreto que simplificou as contratações da estatal em 1998, que permitem classificar os contratos como "dispensa", "inexigibilidade", "inaplicabilidade" ou "convênios". Segundo o Tribunal, que se posiciona contrário à flexibilização das regras de compras da empresa, seu técnicos começam a observar desrespeito às regras, mesmo pelos critérios previstos no decreto de 1998.
- Muitas vezes, o Tribunal verifica que a Petrobras tem descumprido até as regras do decreto. A Petrobras é muito grande, dentro do Brasil e no exterior. Estamos agora tentando varrer todas as atividades societárias da Petrobras. A Petrobras América, que tem escritórios no Golfo do México e em Nova York, pode ser auditada a qualquer momento. No ano passado, fizemos isso na Petrobras Netherlands, que contrata plataformas, e impedimos o pagamento referente ao reequilíbrio financeiro de um contrato - diz Carlos Eduardo de Queiroz Pereira, titular da 9ª Secretaria de Controle Externo do TCU.
Os contratos sem licitação da Petrobras geram polêmica desde que o governo Fernando Henrique Cardoso baixou o decreto em 1998 flexibilizando as regras de contratação da companhia. São casos específicos em que a empresa pode abrir mão da concorrência. É o caso de "guerra ou calamidade pública", urgência que possa "ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras", serviços de "natureza singular".
Concorrência reduz custos, diz advogado
Entre os contratos fechados pela Petrobras sem concorrência está, por exemplo, o de fornecimento de alimentação por R$1,9 milhão, em abril de 2011, com "inexigibilidade" de concorrência. Há ainda o de fornecimento de bens e serviços do oleoduto de Cacimbas, em Barra do Riacho (ES), por R$6,4 milhões, assinado em março de 2011. Em outro contrato, a estatal vai desembolsar R$5,9 milhões para serviços de montagem industrial de caldeiraria e tubulação com "dispensa" de concorrência, contrato de fevereiro de 2011.
Segundo especialistas, a Petrobras atua em um mercado competitivo e não pode ficar engessada em regras burocráticas que exigem lançamento de editais, publicações, prazos de propostas. Por outro lado, eles ressaltam que se trata de empresa majoritariamente pública, que administra contratos bilionários, e cobram transparência e mais fiscalização para o melhor uso do dinheiro público.
Para Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, os gastos sem licitação mostram um uso exagerado do decreto que simplificou as regras de contratações da estatal.
- A dispensa de licitação, por si só, não é um indício de fraude. O ponto é que, quando você faz uso recorrente disso, abre espaço para possíveis irregularidades. Sempre ficam dúvidas sobre os critérios que foram usados para a escolha de determinada empresa, se houve direcionamento - avalia Abramo, especialista no tema corrupção.
O uso do decreto de 1998 é sistematicamente criticado pelo TCU, que chegou a sugerir que administradores da Petrobras fossem responsabilizados por contratações sem licitações. O Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu, no entanto, em decisões liminares, o direito de a estatal recorrer ao decreto. Uma decisão final sobre o assunto está pendente.
Especialistas em petróleo afirmam que o processo licitatório é mais transparente e promove a competição.
- Os números da Petrobras são superlativos por causa dos grandes montantes de recursos e empreendimentos envolvidos. E eu entendo que, onde houver dinheiro público, é preciso o respectivo controle, seja interno, com auditorias, como externos, como no caso do Tribunal de Contas. E, claro, da coletividade - afirma Marcio Pestana, professor de Direito Administrativo e Público da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
Essa é também a opinião do advogado Cláudio Pinho, especialista na área de petróleo e gás:
- A Petrobras não é obrigada, mas é uma prática saudável, de boa governança e transparência, fazer licitações. Gera mais competição e pode-se reduzir custos.
A maior transparência nas compras e contratações é fundamental, segundo Pinho, em se tratando de uma sociedade de economia mista, como a Petrobras, onde parte dos recursos é pública. Mas o advogado concorda também que a Petrobras precisa ter certa agilidade em suas compras para competir no setor. Por isso, Pinho acha muito importante a atuação cada vez maior do TCU na averiguação das compras sem licitação.
Estatal diz que
busca competição
Outro especialista, o advogado Guilherme Vinhas, também defende maior fiscalização. Ele concorda que as compras sem licitação trazem mais agilidade à estatal, mas destaca que, devido aos elevados valores envolvidos, é necessária uma fiscalização mais rígida.
- Essas compras sem licitação têm de ter uma justificativa muito razoável - afirmou Vinhas.
Já o especialista Adriano Pires Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), disse que, apesar de ser favorável à Petrobras contratar sem licitação para ter mais agilidade, ele se preocupa com a forte ingerência política na gestão da companhia.
- A empresa ter mais agilidade nas contratações é importante, mas, ao mesmo tempo, me preocupa, pois sabemos a forte ingerência política na Petrobras quando vemos o governo controlando a política de preços dos combustíveis, por exemplo. Então essas compras sem licitação precisam ter um controle e uma fiscalização mais rigorosos - afirmou Adriano Pires.
Para a indústria fabricante de materiais e equipamentos, não faz diferença se as compras da Petrobras são feitas por carta-convite, ou por meio de licitações, afirmou o diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) Alberto Machado. Segundo ele, o mais importante para o setor é garantir que o maior número de encomendas seja feito no país:
- O que a indústria pleiteia sempre é ter a informação das demandas para poder se preparar e atendê-las.
Em nota, a Petrobras afirmou que a licitação "é a regra para toda e qualquer contratação de obras, fornecimento de bens ou serviços". E acrescentou que há casos previstos na legislação em que a licitação é dispensada ou mesmo inexigível, por absoluta inviabilidade de competição. Para a companhia, seria o caso, por exemplo, de fornecedor detentor de patente ou direito autoral sobre o produto ou serviço requisitado ou, ainda, que possui exclusividade de representação comercial de fabricante estrangeiro.
Segundo a estatal, quando a legislação dispensa a licitação formal, a prática da Petrobras "é a de sempre buscar a competição, obtendo, no mínimo, três propostas de preços, de modo a garantir a competição entre fornecedores". A companhia acrescenta que a contratação direta, por si só, "não gera redução da competitividade" e que "será sempre a situação de mercado que indicará se é viável ou não haver competição entre os fornecedores"."