"O Estado de S. Paulo - 23/12/2011
Three Gorges pagou 2,7 bilhões pela participação na empresa de energia portuguesa, também disputada por Eletrobrás e Cemig
A empresa chinesa Three Gorges largou na frente no programa de privatização de Portugal e arrematou por 2,7 bilhões a fatia de 21,35% do governo na EDP, maior grupo industrial daquele país. Com os investimentos prometidos, a operação pode chegar a 8 bilhões.
O grupo chinês deixou para trás a alemã E.On e as brasileiras Eletrobrás e Cemig. Pela agressividade, a oferta chinesa sempre foi apontada como a favorita para vencer a disputa pela participação na EDP, considerada como a "joia" do processo de privatização português.
A EDP controla, com 51%, a EDP Energias do Brasil, que tem investimentos no País em geração, comercialização e distribuição de energia elétrica. Tem operação de geração em seis Estados: Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na área de distribuição, atua em São Paulo e Espírito Santo.
A secretária de Estado do Tesouro e das Finanças de Portugal, Maria Luís Albuquerque, ressaltou que a chinesa não vai adquirir uma parte da empresa brasileira. Será por meio da EDP em Portugal que investirá no Brasil. "A China Three Gorges não vai entrar na EDP Energias do Brasil. O seu projeto baseia-se nas renováveis e nos Estados Unidos. Se entrar em parques eólicos no Brasil, o que será analisado caso a caso, fará isso através da EDP Renováveis e com participação minoritária", disse.
Apesar da derrota, o presidente da Eletrobrás, José Carvalho Neto, garantiu que aquisições no exterior continuam no radar. "Vamos seguir em frente com nossa política de tentar aumentar nossa receita com operações internacionais, mas agora não temos nenhuma meta específica", afirmou. A Eletrobrás quer atingir 10% de receita com operações internacionais até 2020.
O executivo contou ter conversado com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, após o anúncio oficial do governo português. Segundo ele, Coutinho lamentou a derrota, mas, deixou "a porta aberta" para futuros financiamentos do BNDES para a compra de ativos no exterior pela estatal. Carvalho Neto não revelou as cifras da oferta. "Foi muito boa", limitou-se, admitindo que a demanda da Eletrobrás para elevar sua participação a 32% pode ter prejudicado sua proposta.
Segundo Carvalho Neto, a estatal queria ter espaço para enfrentar qualquer disputa sobre o controle da empresa portuguesa caso os minoritários vendessem suas ações para uma concorrente da Eletrobrás. "Esse ponto pesou bastante sobre nossa oferta, embora eu não saiba se essa foi a principal razão."
No mercado financeiro, a vitória chinesa chegou até a ser comemorada. As ações ordinárias da Eletrobrás fecharam com ganho de 2,7%. Logo que a notícia veio à tona, os papéis preferenciais da Cemig também subiram, mas perderam força ao longo do pregão e terminaram em baixa de 0,4%. A reação teve como pano de fundo o medo dos investidores de que as companhias estivessem dispostas a sacrificar seus caixas para acompanhar a agressividade da oferta chinesa.
Neste mês, o conselho de administração da empresa aprovou a quarta emissão de notas promissórias comerciais da companhia no valor total de até R$ 6,5 bilhões.
Conforme a ata da reunião do conselho, os recursos serão destinados à aquisição de ativos e recomposição do caixa em função de investimentos realizados, mas fontes ouvidas pela Agência Estado apontaram que o motivo era a preparação para a oferta pela EDP. Recentemente, o presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, afirmou que a companhia já tinha traçado um plano B para se internacionalizar em caso de derrota, como a busca de ativos na Europa, Chile e Peru. Ontem, a Cemig não quis comentar o resultado do leilão. / MÔNICA CIARELLI, FERNANDA GUIMARÃES E JAIR RATTNER, ESPECIAL PARA O ESTADO"
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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
"Servidores ficam sem reajustes" (Fonte: O Globo)
"Autor(es): Cristiane Jungblut
O Globo - 23/12/2011
Comissão aprova Orçamento da União para 2012, sem contemplar também Judiciário
Depois de dez horas de discussão, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou, ontem à noite o Orçamento da União para 2012 sem a previsão de qualquer reajuste para servidores do Poder Judiciário, nem aumento real (acima da inflação) para aposentados que recebem acima do salário mínimo. Mas a votação definitiva em plenário permaneceu uma incógnita até as 22h, com forte tendência de adiamento da aprovação final do Orçamento para fevereiro.
Desde as primeiras horas do dia, dois aliados do governo - o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, e o senador Paulo Paim (PT-RS) - instalaram uma operação de resistência, sob a alegação de que defendiam os direitos dos aposentados. Queriam da própria presidente Dilma Rousseff a garantia de um debate no governo para se estabelecer uma política futura de valorização das aposentadorias do INSS acima do mínimo.
Dilma não cedeu às pressões de Paulinho, presidente da Força Sindical - mesmo após ele ser chamado ao Palácio do Planalto para reunião com os ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Garibaldi Alves (Previdência) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência). Paulinho da Força, como é conhecido, voltou ao plenário do Congresso e anunciou:
- Ou ela (Dilma) fala conosco, ou derrubo a sessão. O governo endureceu com todos.
A ameaça de derrubar a sessão com pedido de verificação de quorum impede a votação. Isso porque, como ocorre normalmente, a lista de presenças exibida no painel não se reproduzia no plenário. Por acordo de líderes, o Orçamento seria votado nessas codições. Mas, se alguém pedisse verificação de quorum, a sessão cairia.
Defensor dos aposentados no Congresso, Paulinho exigiu, durante o dia, que fosse atendido pela própria presidente, que estava em São Paulo. Ela só chegou a Brasília no início da noite, mas já havia mandado recados de que não receberia o deputado.
- Vou derrubar a sessão lá na frente (no Congresso). Podem votar aqui, na CMO. Não é faca no pescoço da presidente Dilma. Mas a presidente Dilma está em São Paulo e deveria vir para Brasília e receber os representantes. Todo o pessoal que está ao redor da presidente perdeu a credibilidade. Até porque ministro que fala está sendo demitido - dizia Paulinho à tarde.
Dilma se recusa a receber deputado
A determinação do Palácio do Planalto, desde o início, era vetar qualquer mudança no parecer final do relator-geral, Arlindo Chinaglia (PT-SP), em sintonia com o governo. Foi isso que abriu uma guerra com o presidente da Força Sindical. Depois, foram várias as tentativas de negociação dos líderes governistas com a dupla, sem sucesso. Já à noite, Paulinho e Paim foram chamados ao Planalto para uma conversa com Ideli.
Com conversas intermediadas por telefone pelo vice-presidente Michel Temer, os dois estavam sendo convencidos a desistir de inviabilizar a votação, e a aceitar uma promessa de encontro com o governo em 2012, para discutir a questão dos aposentados.
Antes do encontro com Ideli, Paulinho exigia um compromisso de Dilma: discutir uma política de valorização para as aposentadorias em 2012. Um texto nesse sentido, prevendo que até abril seria formulada uma política, foi escrito e aceito pelo vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG). Mas o Planalto vetou as negociações nesses termos.
O Planalto não demonstrava preocupação de ficar sem o Orçamento votado. O prejuízo maior seria das prefeituras, que não poderão receber repasse federal antes da votação do Orçamento. E, por ser ano eleitoral, os repasses serão suspensos a partir de junho, sendo retomados em novembro."
O Globo - 23/12/2011
Comissão aprova Orçamento da União para 2012, sem contemplar também Judiciário
Depois de dez horas de discussão, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou, ontem à noite o Orçamento da União para 2012 sem a previsão de qualquer reajuste para servidores do Poder Judiciário, nem aumento real (acima da inflação) para aposentados que recebem acima do salário mínimo. Mas a votação definitiva em plenário permaneceu uma incógnita até as 22h, com forte tendência de adiamento da aprovação final do Orçamento para fevereiro.
Desde as primeiras horas do dia, dois aliados do governo - o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, e o senador Paulo Paim (PT-RS) - instalaram uma operação de resistência, sob a alegação de que defendiam os direitos dos aposentados. Queriam da própria presidente Dilma Rousseff a garantia de um debate no governo para se estabelecer uma política futura de valorização das aposentadorias do INSS acima do mínimo.
Dilma não cedeu às pressões de Paulinho, presidente da Força Sindical - mesmo após ele ser chamado ao Palácio do Planalto para reunião com os ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Garibaldi Alves (Previdência) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência). Paulinho da Força, como é conhecido, voltou ao plenário do Congresso e anunciou:
- Ou ela (Dilma) fala conosco, ou derrubo a sessão. O governo endureceu com todos.
A ameaça de derrubar a sessão com pedido de verificação de quorum impede a votação. Isso porque, como ocorre normalmente, a lista de presenças exibida no painel não se reproduzia no plenário. Por acordo de líderes, o Orçamento seria votado nessas codições. Mas, se alguém pedisse verificação de quorum, a sessão cairia.
Defensor dos aposentados no Congresso, Paulinho exigiu, durante o dia, que fosse atendido pela própria presidente, que estava em São Paulo. Ela só chegou a Brasília no início da noite, mas já havia mandado recados de que não receberia o deputado.
- Vou derrubar a sessão lá na frente (no Congresso). Podem votar aqui, na CMO. Não é faca no pescoço da presidente Dilma. Mas a presidente Dilma está em São Paulo e deveria vir para Brasília e receber os representantes. Todo o pessoal que está ao redor da presidente perdeu a credibilidade. Até porque ministro que fala está sendo demitido - dizia Paulinho à tarde.
Dilma se recusa a receber deputado
A determinação do Palácio do Planalto, desde o início, era vetar qualquer mudança no parecer final do relator-geral, Arlindo Chinaglia (PT-SP), em sintonia com o governo. Foi isso que abriu uma guerra com o presidente da Força Sindical. Depois, foram várias as tentativas de negociação dos líderes governistas com a dupla, sem sucesso. Já à noite, Paulinho e Paim foram chamados ao Planalto para uma conversa com Ideli.
Com conversas intermediadas por telefone pelo vice-presidente Michel Temer, os dois estavam sendo convencidos a desistir de inviabilizar a votação, e a aceitar uma promessa de encontro com o governo em 2012, para discutir a questão dos aposentados.
Antes do encontro com Ideli, Paulinho exigia um compromisso de Dilma: discutir uma política de valorização para as aposentadorias em 2012. Um texto nesse sentido, prevendo que até abril seria formulada uma política, foi escrito e aceito pelo vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG). Mas o Planalto vetou as negociações nesses termos.
O Planalto não demonstrava preocupação de ficar sem o Orçamento votado. O prejuízo maior seria das prefeituras, que não poderão receber repasse federal antes da votação do Orçamento. E, por ser ano eleitoral, os repasses serão suspensos a partir de junho, sendo retomados em novembro."
Orcamento: "Aposentadoria acima do mínimo tumultua sessão" (Fonte: O Estadao)
"A falta de um acordo para garantir a criação de política para valorização dos benefícios dos aposentados e pensionistas que recebem acima do salário mínimo emperrava, ontem à noite, no Congresso, a votação do Orçamento de 2012. Os parlamentares tinham até a meia-noite de ontem para votá-la.
Durante todo o dia o clima foi marcado por brigas entre parlamentares - que queriam apresentar novas emendas - e manifestações dos servidores públicos. Para que a reunião continuasse, o debate foi transferido de sala e os servidores públicos impedidos de acompanhá-lo.
Até as 20 horas, não havia acordo quanto à adoção de uma política de reajuste dessas aposentadorias. Apenas o texto-base do Orçamento fora aprovado na Comissão, antes de seguir para discussão em plenário. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT) e o senador Paulo Paim (PT-RS) queriam o compromisso da presidente Dilma Rousseff de que ele seja cumprido.
O objetivo é impedir que a presidente vete o artigo no texto, como aconteceu na aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012. Mas o governo não concorda com a proposta. Até o fechamento desta edição, não havia consenso para apreciação em plenário. / EDNA SIMÃO"
Durante todo o dia o clima foi marcado por brigas entre parlamentares - que queriam apresentar novas emendas - e manifestações dos servidores públicos. Para que a reunião continuasse, o debate foi transferido de sala e os servidores públicos impedidos de acompanhá-lo.
Até as 20 horas, não havia acordo quanto à adoção de uma política de reajuste dessas aposentadorias. Apenas o texto-base do Orçamento fora aprovado na Comissão, antes de seguir para discussão em plenário. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT) e o senador Paulo Paim (PT-RS) queriam o compromisso da presidente Dilma Rousseff de que ele seja cumprido.
O objetivo é impedir que a presidente vete o artigo no texto, como aconteceu na aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012. Mas o governo não concorda com a proposta. Até o fechamento desta edição, não havia consenso para apreciação em plenário. / EDNA SIMÃO"
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