Por Natália Bezutti
Buscando um reajuste de 11%, frente à proposta de 5,1% apresentada pela Eletrobras, os trabalhadores das subsidiárias do grupo em todo País decretaram greve na última quarta-feira (4/7) e deverão permanecer de braços cruzados até o final desta sexta-feira (7). A mobilização, que contou com a adesão de 96% da categoria, ocorreu normalmente em todas as unidades do País, com exceção da Chesf.
A companhia conseguiu na Justiça, num primeiro momento, dois interditos proibitórios para a sede em Recife e no Piauí – onde está concentrada a grande maioria do quadro de funcionários. As decisões judiciais impuseram multas no valor de R$10 mil por dia de paralisação, que foi aumentado para oito interditos de R$50 mil por dia pela própria Justiça, visando o retorno dos trabalhadores às suas funções. Além da multa, segundo o presidente da Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste, Edivaldo Gomes, a empresa ameaçou usar a força policial para impedir a manifestação, o que causou grande revolta.
A negociação com a holding já dura mais de três meses e encontra forte resistência da área econômica do governo federal, que autoriza os reajustes, em função da atual crise econômica mundial. "A crise pode estar na Europa e pode estar chegando ao Brasil, mas não na nossa empresa", discorda Gomes.
De acordo com o presidente da federação regional, a Chesf gera 80% do lucro da Eletrobras, com ganhos de R$1,5 bilhão em 2011. Por isso, ele não vê motivos para a falta de negociação. "O presidente da Chesf (João Bosco) é autoritário e não prima pelo diálogo, pela negociação". Ele lembra que, nesses dias de paralisação. nenhuma empresa do grupo apresentou esse tipo de posição e diz que os funcionários estão cumprindo a lei de greve, mantendo 30% das atividades operacionais da companhia.
Chesf
Segundo a assessoria de imprensa da estatal, o clima hoje é de serenidade na companhia. E o pedido judicial aconteceu por causa do impedimento da entrada dos funcionários pelo sindicato.
"A peça foi preparada como precaução, como já foi feito em momentos anteriores, até por outras empresas do grupo. No momento em que se constatou o impedimento da entrada dos funcionários às instalações da empresa, o documento foi apresentado à Justiça, e depois se chegou a um acordo com o sindicato e a liberação foi feita".
A participação da polícia também não foi vista como truculenta pela companhia, já que dois policiais apenas acompanharam o procedimento judicial, "cumprindo o ritual". Além disso, a empresa afirma que o presidente em momento algum fechou a porta ou se recusou a conversar. "Os serviços estão confiáveis, e o movimento mudou de radical para tradicional".
Segundo a assessoria da Chesf, os próprios dirigentes sindicais abriram os portões e estão realizando manifestações tradicionais, fazendo o seu papel - depois do impedimento no segundo dia -, para convencer o funcionário a não entrar. A posição afirmada pela companhia é de total transparência com a sociedade, com um nível de tolerância "como nunca visto anteriormente"."