Por: William Maia, do Opera Mundi
Publicado em 08/06/2012, 17:14
Última atualização às 17:14
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Os ministros do Interior dos países membros da União Européia chegaram a um acordo na quinta-feira (07) para reformar o Tratado de Schengen, que instituiu a livre circulação de pessoas na região. A medida, patrocinada pelos governos na França e da Alemanha, é autorizar o fechamento das fronteiras por até um ano para conter fluxos imigratórios excepcionais.
A reforma, que excluiu o Parlamento Europeu do debate, coloca em risco um dos pilares da constituição da UE. Em vigor desde 1996, o Tratado de Schengen abriu as fronteiras de 26 países no continente europeu, incluindo os membros da União Européia (exceto Reino Unido e Irlanda) e três países que não fazem parte do bloco econômico (Islândia Noruega e Suíça). Nesse espaço, as pessoas podem circular livremente, sem a necessidade de apresentação de passaporte.
Atualmente, o tratado permite aos países apenas a restrição de entrada de pessoas em caso de real ameaça de terrorismo. A Polônia, por exemplo, está exigindo a apresentação de passaportes dos turistas que chegam ao país para assistir a Eurocopa de futebol.
De acordo com informações da agência France Presse, o novo ministro do Interior da França, Manuel Valls, decidiu apoiar a mudança no acordo em virtude de "situações graves que possam surgir", citando a crise humanitária na Síria, que em sua visão poderia gerar uma explosão imigratória em direção à Europa. Com isso, o governo do socialista François Hollande acabou apoiando a bandeira que já era levantada por seu antecessor, Nicolas Sarkozy, que focou sua fracassada campanha de reeleição no discurso antiimgratório.
Já a ministra do Interior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner, citou o fluxo imigratório vindo da Turquia como uma justificativa para a mudança. "A situação na fronteira da Grécia com a Turquia mostra que precisamos de um mecanismo de ação muito claro no Espaço Schengen", afirmou.
A divulgação do acordo causou revolta no Parlamento europeu. "A livre circulação num espaço sem fronteiras internas é um pilar da União Europeia - um de seus benefícios mais tangíveis", disse o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, também de acordo com a AFP.
"Estou decepcionada com a falta de ambição europeia entre os Estados membros", disse a comissária de assuntos internos da EU, Cecilia Malmstroem, que se opôs à reforma, cuja votação ainda não tem data prevista."