segunda-feira, 11 de abril de 2011

“Vale está 'descontada' em relação aos concorrentes” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Vera Saavedra Durão | Do Rio

Incerteza sobre papel do governo faz com que ação de mineradora seja negociada cerca de 16% abaixo do valor do papel de BHPBilliton e Rio Tinto.
A ação da Vale continua sendo castigada pelas incertezas que povoam a cabeça dos acionistas.
A avaliação que os investidores fazem da companhia hoje, em relação a suas principais concorrentes, piorou devido à falta de clareza em relação ao destino dos investimentos, ou seja, "se o governo vai ou não ter mão forte sobre a empresa", nas palavras de um analista.
Isso está levando o papel da Vale a ser negociado nas bolsas internacionais com desconto grande em relação a BHPBilliton e Rio Tinto, algo na faixa de 16%, de acordo com relatório do banco Goldman Sachs.
Ontem, os recibos de depósito de ações (ADRs) dos papéis ordinários tiveram queda de 1,95%, cotados a US$ 33,60. Os ADRs preferenciais recuaram 1,21%, ficando em US$ 29,26.
Na BM&FBovespa o fato se repetiu, com queda de 1,56% da ordinária e de 0,91% da preferencial (PNA5).
Na avaliação de analistas ouvidos pelo Valor, a expectativa dos investidores agora está baixa devido à forma como foi conduzido o processo de substituição de Roger Agnelli.
"Como a empresa vai gerenciar seu capital daqui para frente? Qual será o foco?", indaga um dos especialistas. "Será que a Vale vai continuar investindo em novas geografias, em fertilizantes, ou vai investir mais no Brasil?"
A maior dúvida, porém, é se o novo presidente, Murilo Ferreira, vai ter "liberdade" para agir conforme a cabeça dele ou vai ser tolhido pelo governo, destacam. Para os analistas, o receio dos acionistas é que a Vale passe a investir em negócios de baixo retorno, como a hidrelétrica de Belo Monte, siderurgia ou mesmo ferrovias.
Todos esses negócios dão retornos menores que o minério de ferro, afirmam. "Mesmo se o preço do minério baixar para US$ 80, o minério ainda é mais rentável."
Para as fontes, o sucessor de Agnelli entrará na Vale "no olho do furacão". Consideram que são enormes os desafios que ele vai enfrentar. Vários projetos em andamento estão na África, como o de carvão de Moatize, em Moçambique, e de cobre na Zâmbia e na Guiné. Todos de grande complexidade, envolvendo não apenas a parte operacional, mas também de relação com os governos locais.
A indicação de Ferreira começa a ser digerida pelo mercado, que apostava em Tito Martins como o novo comandante da mineradora.
As dúvidas que persistem em relação à nova direção da companhia e que estão se refletindo no comportamento dos papéis só vão diminuir quando Murilo Ferreira for ao mercado e falar sobre o futuro da Vale, avisam. Os analistas têm uma avaliação boa do novo executivo da companhia. "É um cara bem preparado, que conhece bem a Vale. Essa é sua grande vantagem", diz um especialista.
Em relatório divulgado ontem, o Credit Suisse aplaude a indicação de Ferreira como novo presidente da mineradora, argumentando que o sucessor de Agnelli é dono de um histórico muito sólido e experiente em cargos de liderança.
O Credit Suisse ressalta o fato de ele ter trabalhado na Vale desde 1998, o que no entender do banco suíço pode ajudar a reduzir a percepção dos investidores de risco relacionado à influência externa sobre o processo de tomada de decisão da empresa.
Ferreira, cujo nome foi anunciado na segunda-feira, passou por diversas áreas da Vale, como alumínio, metais não ferrosos, siderurgia, energia, novos negócios e fusões e aquisições.
Ele liderou a equipe que fechou o maior negócio no processo de internacionalização da Vale, a aquisição da canadense Inco, em 2006, por US$ 18 bilhões.
A reunião do conselho de administração da Vale e da Valepar que acontece hoje será virtual. Na pauta, a aprovação pelos conselheiros do nome de Murilo Ferreira para ocupar o cargo de diretor-presidente da companhia, em substituição a Roger Agnelli.
A confirmação de Ferreira como o executivo-chefe da Vale só acontece em 26 de abril, quando o conselho renovado se reúne após ser aprovado pela assembleia geral, marcada para o dia 19.
Ontem, a companhia informou que deve divulgar os resultados do primeiro trimestre de 2011 em 5 de maio, após o fechamento dos mercados.”

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