“Autor(es): Denise Chrispim Marin
Passados 95 dias do fim de seus oito anos de governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem como "natural" a interferência da presidente Dilma Rousseff na destituição de Roger Agnelli do comando da Vale.
A decisão foi divulgada na última segunda-feira, quando o executivo Murilo Ferreira foi indicado para assumir a posição. À imprensa, Lula comparou o consenso sobre a sucessão de Agnelli alcançado entre o Conselho de Administração, os acionistas da companhia e o próprio governo ao processo de sua indicação para o posto, em 2001.
"Se o Conselho da Vale e os fundos de pensões que têm forte participação na empresa (Previ, do Banco do Brasil) entendem que tem de mudar, precisamos ver isso com naturalidade", afirmou. "Não foi o mercado quem indicou o Roger. Pode ficar certa que houve acordo entre o Conselho, a Mitsui e o governo da época em que ele foi indicado", completou, referindo-se à gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Ao final de uma longa palestra no Fórum de Líderes do Setor Público, promovida e remunerada pela Microsoft, Lula desconsiderou a percepção do mercado sobre a interferência no comando da Vale. Informou ter conversado com Agnelli há cerca de dez dias sobre a sua sucessão, sem dar detalhes sobre o diálogo, e argumentou aos jornalistas ser a máxima "ninguém é imprescindível nem insubstituível" válida tanto para a política como para o setor empresarial.
Agnelli, entretanto, não só foi substituído como também foi derrotado na escolha de seu sucessor. Seus candidatos foram rechaçados, e prevaleceu o nome de Murilo Ferreira, executivo que abandonou a Vale por sua divergência sobre a aquisição da mineradora anglo-suíça Xstrata. Lula insistiu que Agnelli, ex-diretor executivo do Bradesco, era tão "desconhecido" quando foi indicado para o comando da mineradora como Ferreira é hoje. O ex-presidente admitiu não conhecer o novo líder da Vale e evitou mencioná-lo por seu nome: "Devemos acreditar que a pessoa que está sendo indicada vai prestar os mesmos serviços à Vale e ao País que o Roger prestou."
Sucessão. Indagado sobre a razão pela qual repassou a pressão pela mudança do comando da Vale para sua sucessora, em vez de ter tomado essa iniciativa até o fim de 2010, Lula desconversou. Porém, lembrou-se de suas "divergências públicas" com Agnelli, em especial sobre a resistência da cúpula da Vale em orientar investimentos para a produção siderúrgica no Brasil.
Queixou-se ainda do processo de aquisição de 12 navios da China em 2008, ao custo de US$ 1,6 bilhão: "Quando ele comprou navios na China, eu fiquei muito chateado. A teoria dele de não construir siderúrgica para não competir com os clientes da Vale era equivocada porque a gente vendia minério para a China e, depois, comprava aço deles."
Lula ainda expressou seus votos de sucesso a Agnelli. Em tom de brincadeira, comentou que o considera "tão bom", que poderia "levá-lo para trabalhar comigo no instituto", referindo-se ao Instituto Lula.
Naturalidade
LULA
Ex-Presidente da República
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"Se o Conselho da Vale e os fundos de pensões que têm forte participação na empresa (Previ, do Banco do Brasil) entendem que tem de mudar, precisamos ver isso com naturalidade".”
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