segunda-feira, 11 de abril de 2011

“ANP controlará etanol” (Fonte: Correio Braziliense)


“Autor(es): Fábio Monteiro e Jorge Freitas

 Combustível, que subiu 10,78% em março, será regulado pela Agência Nacional do Petróleo

 O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse ontem que o governo vai editar uma medida provisória para tratar o etanol como produto combustível e transferir para a Agência Nacional de Petróleo (ANP) o controle da produção e da comercialização do carburante. O objetivo é regular o setor e garantir o abastecimento na entressafra da cana-de-açúcar. Enquanto isso, o consumidor sente no bolso a alta. Segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em março, o etanol subiu 10,78% e ajudou no avanço da gasolina, que teve incremento de 1,97%. O peso desses itens no indicador foi de 0,12 ponto percentual.

O governo também planeja uma forma de controlar a destinação da cana esmagada, assegurando que uma parcela seja transformada em combustível, mesmo que os usineiros sejam atraídos pelos altos preços apreciados do açúcar no mercado internacional. “Apesar de serem feitos a partir da mesma matéria-prima, o açúcar e o etanol devem ser regulados de forma separada. A ideia é que, como combustível, o etanol tenha uma política de combustível, diferentemente do açúcar, que é um produto agroindustrial”, explicou Rossi.

Na avaliação de analistas do setor, o cenário de incertezas com relação ao preço da gasolina ainda deve permanecer, pelo menos, até o fim do mês. Além da alta do barril de petróleo, que fechou o dia cotado acima dos US$ 110 nos Estados Unidos, a entressafra da cana tem sido apontada como a grande responsável pela inflação dos combustíveis.

“O governo não tem entrado no principal aspecto da política do etanol, que é a regulamentação do combustível”, analisou Ayrton Fontes, economista da agência de varejo automotivo M. Santos. A falta de clareza no controle dos estoques gera a falta de álcool anidro. A demanda por açúcar no mundo também pressiona os preços. “O produtor procura o que é mais atrativo.”

Morador do Núcleo Bandeirante, o enfermeiro Edvaldo Paiva, 47 anos, vai ao trabalho todos os dias de carro. “Eu gastava R$ 250 por mês. Hoje, as despesas com gasolina chegam a ultrapassar R$ 500”, reclamou. “O preço está subindo rápido demais. O governo não sabe o que fazer.”

Em nota divulgada ontem à noite, a Petrobras afirmou que a última vez em que alterou o preço da gasolina foi em junho de 2009, quando o reduziu em 4,5%. A estatal se eximiu de qualquer culpa em relação à escalada do etanol.”


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