quarta-feira, 6 de abril de 2011

“Seleção da Vale durou apenas um dia” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Denise Carvalho e Vera Saavedra Durão | De São Paulo e do Rio

 Seis executivos participaram do processo de escolha do sucessor de Roger Agnelli no cargo de diretor-presidente da Vale, três deles diretores da mineradora, segundo Arthur Vasconcellos, sócio da CTPartners, consultoria especializada em recrutamento e seleção de executivos, contratada pelos acionistas da Valepar (Previ, Bradespar, BNDES e Previ), controladora da mineradora, para selecionar os candidatos ao posto de Agnelli.
O processo de definição do presidente da segunda maior mineradora de ferro do mundo causou estranheza entre os executivos da Vale e no mercado de capitais pela rapidez com que foi encaminhado.
Segundo investidores ouvidos pelo Valor, uma seleção dessa magnitude por "headhunters" internacionais pode levar entre quatro a seis meses. "Aqui levou menos de 24 horas", diz um acionista da mineradora. Segundo essa mesma fonte, todo mundo ficou atônito. "Estou preocupado como acionista", afirmou.
A Vale comunicou na noite de quinta-feira que na segunda seguinte os acionistas da Valepar realizariam uma reunião prévia para discutir a homologação da contratação de empresa internacional de seleção de executivos.
Em razão do prazo apertado, analistas e investidores esperavam que a divulgação do nome do novo presidente só fosse feito amanhã, data da reunião do conselho de administração da Vale.
Na avaliação de fontes que acompanharam o processo de substituição do presidente da Vale, a divulgação do comunicado na quinta-feira à noite fez parte de um ritual para dar satisfação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que vinha cobrando informações dos acionistas controladores da empresa, e para garantir o cumprimento de uma cláusula do acordo de acionistas.
A cláusula obriga a Vale a contratar uma consultoria internacional e escolher o diretor-presidente, com base em nomes propostos em lista tríplice elaborada por um headhunter.
Segundo Vasconcellos, a CTPartners recebeu a missão de apresentar a lista tríplice até o meio-dia de segunda-feira, depois de um telefonema de Ricardo Flores, presidente da Previ, na manhã de quinta-feira, dia 31.
Vasconcellos viajou de São Paulo ao Rio na tarde daquele dia, fechou as bases do acordo de contratação, fez as entrevistas na sexta-feira, 1º de abril, e passou o fim de semana fazendo os relatórios com o perfil dos candidatos.
Segundo o sócio da CTPartners, os acionistas esperavam que os candidatos apresentassem algumas características, entre os quais se destacam: pensador de estratégia, líder de pessoas, executivo experiente no mercado de mineração, que pudesse gerir um negócio com operação em vários países.
Os seis candidatos ao cargo de presidente da Vale teriam sido selecionados no banco de dados da CTPartners. As entrevistas ocorreram a sexta-feira, com uma média de três horas de entrevista com cada candidato. Duas delas foram feiras por telefone.
"Não recebemos indicação dos acionistas da mineradora", diz Vasconcellos. "Fui designado para comandar esse processo porque sou o sócio especializado em indústria." Vasconcellos foi executivo na Alcoa, Alcan e na CSN. A CTPartners é uma consultoria americana, com 30 anos de atuação no mercado de recrutamento de executivos, e opera há dois anos no Brasil.
O nome de Murilo Ferreira surpreendeu a todos, apesar de se tratar de um executivo da área de mineração muito conhecido até internacionalmente.
A escolha teve a vantagem de não ser um nome de um político, o que era a pior expectativa de acionistas da companhia, observou um consultor da área de mineração e siderúrgica.
Na avaliação de um interlocutor que acompanhou o processo, o que o nome de Ferreira sinalizou é que se tratava de alguém da casa, mas com estilo diferente do de Roger Agnelli.
Uma pessoa que conheceu Murilo Ferreira na Vale, mas prefere não ser identificada, disse ao Valor que ele trabalha em equipe, não gosta de aparecer e é tranquilo na relação com os subordinados.
"Os funcionários da Vale devem estar satisfeitos", comentou o interlocutor, que é da área de mineração. Ele acredita que Ferreira não vai fazer "tudo o que o governo quer", mas deve levar em conta a orientação dos acionistas e do conselho da Vale.”


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