quarta-feira, 6 de abril de 2011

“Cesta básica sobe 7,14%” (Fonte: Correio Braziliense)


“Autor(es): Julia Borba

Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, a alta de preço dos alimentos no mesmo período deste ano foi puxada por tomate, batata, açúcar e óleo, segundo levantamento do Dieese. Já o estudo da Universidade Católica revela que tudo é mais caro no Plano Piloto

O gasto dos brasilienses com alimentação em casa manteve-se praticamente estável entre fevereiro e março deste ano. Produtos, como a carne e o tomate, que tiveram sucessivos reajustes, apresentaram variação mínima no período. O valor da cesta básica, no mês passado, ficou em R$ 250,35, uma redução de R$ 0,13 em relação ao período anterior.

Ao comparar o primeiro trimestre deste ano com o de 2010, o aumento foi de 7,14%, puxado pelas últimas altas do tomate (107,7%), da batata (22,4%), do açúcar (9%) e do óleo (7,6%). De acordo com estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os maiores vilões nos últimos 12 meses foram a carne, 20,16% mais cara; o óleo, com reajuste de 17%; a farinha de trigo, que subiu 16,75%; o feijão, com 15,7% acima do patamar anterior; e a banana, que encareceu 14%.

Em março, o item que teve a maior alta foi a batata, 17,9%. Segundo o Dieese, o barateamento da carne, em 2,15%, ajudou a equilibrar os preços, já que reduziu o valor da cesta em quase R$ 2. Mesmo com a estabilidade nos valores dos demais produtos, o custo da cesta continua alto em relação ao salário mínimo e consome 49,93% do valor líquido.

De acordo com o técnico da instituição, Sérgio Lisboa Santos, o custo continua alto, apesar de apresentar melhora frente ao último mês. “Quando verificamos o preço da cesta em comparação com o salário mínimo, percebemos que quase metade acaba sendo gasto com a alimentação. Em fevereiro, representava 50,4%”, lembra.

Para ele, a inflação sobre os alimentos tem relação com a pressão internacional sobre os preços, o aumento da demanda no mercado externo e os reflexos da redução da taxa de juros, aplicada pelos países durante a crise econômica. “Vemos que a inflação está acima da meta do governo, mas não há um salto substancial que justifique medidas drásticas. As pessoas têm medo da inflação, mas acho que o governo tem tomado as providências necessárias”, avalia.

Enquanto isso, a população reclama. A cozinheira Edite Pereira da Cunha sentiu que a mesma quantia gasta em fevereiro não foi suficiente pagar os ingredientes do dia a dia. “A gente começa a comprar menos e até mesmo nas quantidades. Por exemplo, em casa, um bife agora serve duas pessoas”, conta. Para ela, que tem seis filhos e nove netos, a diferença é significativa no fim do mês. “A gente compra pouquíssima coisa com R$ 100. O salário acaba rápido, porque não é só comida que se tem para comprar. Tem o remédio, a roupa, o transporte”, lembra.

Muito trabalho
Ainda segundo levantamento do Dieese, o brasiliense que ganha salário mínimo precisou dedicar 101 horas da jornada mensal para adquirir os 13 produtos da cesta básica. O motorista Ricardo Cleiton faz parte dos consumidores que se incomodam com as altas quantias deixadas mensalmente no supermercado. “Eu não olho quanto custa, vou direto nas coisas que sempre compro. Como eu pago com o vale-alimentação, que sempre tem o mesmo valor, sinto que cada vez fica mais apertado na hora de pagar”, conta.

O colega dele, Jeozadaque Chavier, acha que o problema é pessoal. “Não levo muito jeito para fazer compras. Normalmente, as mulheres são mais atentas aos preços e às marcas, por isso conseguem fazer economia”, acredita.

Uma família-padrão, composta por dois adultos e duas crianças chega a gastar em média R$ 750, por mês, com alimentação, o equivalente a 1,38 salários mínimos.

Em relação ao resto do país, Brasília fica em sexto lugar no ranking das cestas básicas mais caras. No entanto, em março, os preços dos produtos alimentícios essenciais apresentaram alta em 14 das 17 capitais avaliadas pelo Dieese. Apenas na capital federal, em Recife e em Manaus houve leve retração.”


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