quarta-feira, 6 de abril de 2011

Planos de saúde: “Saúde para poucos” (Fonte: Correio Braziliense)


“Autor(es): Gustavo Henrique Braga

 Disputa com planos de saúde restringe o atendimento de pediatria e de obstetrícia

Médicos que atendem por planos de saúde prometem parar amanhã para ver atendida sua reivindicação de aumentar a remuneração por consultas e procedimentos. Enquanto a queda de braço entre as operadoras e os profissionais segue sem solução, os usuários sofrem. Em alguns casos, os beneficiários ficam sem atendimento, devido ao descredenciamento em massa de especialistas. Uma das situações mais graves é a dos clientes de pediatras. A especialidade é tão rara nos planos que, desde 2009, todas as cirurgias pediátricas em Brasília são feitas na modalidade particular.

O descredenciamento também afeta os obstetras. O presidente do Sindicato dos Médicos de Brasília, Gutemberg Fialho, relata que os convênios pagam, em média, R$ 256 por parto.

Nesse procedimento, os médicos precisam de um assistente, que fica com 30% (R$ 76,80). “Se você pensar que uma consulta particular custa cerca de R$ 150, o assistente leva apenas metade disso por uma cirurgia. Assim, não há quem aceite atender pelo plano”, disse. Outra especialidade difícil de encontrar são os endocrinologistas, cada vez mais raros entre os convênios. Há anos, psiquiatras e anestesistas não atendem pelas operadoras.

O movimento dos pediatras em 2009 é o embrião da paralisação dos médicos de todas as especialidades amanhã. Há dois anos, todos os pediatras do Distrito Federal se recusaram a atender pelos planos. Na ocasião, um acordo definiu que a remuneração paga pelos convênios subiria de uma média de R$ 30 para R$ 60. Agora, eles querem R$ 80 como pagamento mínimo por consulta. “A realidade é que, hoje, a maioria dos hospitais e convênios não conta mais com pediatras. Não há obrigação em lei para que o médico atenda, uma vez que se trata de uma relação entre partes privadas. Se não houver avanço nas negociações, a tendência é as coisas piorarem”, declarou o diretor da Sociedade Brasileira de Pediatria Dennis Burns.

Ontem, o Correio perguntou a quatro grandes prestadoras qual é o número de pediatras cadastrados para atendimento em Brasília. Nenhuma delas, entretanto, respondeu. Até o fechamento desta edição, a Sul América não entrou em contato. A Amil disse não ter conseguido levantar o número, mas ponderou, em nota, que durante a greve, todos os serviços de emergência 24 horas continuarão em funcionamento. Já a Cassi também não soube afirmar quantos pediatras estão cadastrados, mas informou não ter registrado reclamações de usuários quanto à dificuldades no agendamento de consultas.

O gerente de mercado da Geap, Sandro Azeredo, reconheceu que pediatras são uma especialidade difícil de encontrar. “A cada dia, as universidades formam menos pediatras. Falta interesse dos profissionais por se tratar de uma das especialidades com menor rentabilidade. Por isso, pagamos, em média, R$ 60 por esse tipo de consulta, valor acima da média”, assegurou. Com relação à reivindicação dos médicos, Azeredo se defendeu: “Temos que trabalhar dentro da média do mercado ou acima. Abaixo disso, há o risco de descredenciamento generalizado”.

Negociação
A vice-presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), Maria Beatriz Coacci Silva, pondera que a solução para o impasse com os médicos deve ser discutida na mesa de negociação e se diz aberta a sugestões. Quanto às queixas em relação à falta de rede credenciada, Maria afirma que a Unidas faz um estudo para determinar a quantidade de médicos necessária, mas não explicou quais são exatamente os critérios usados.”


Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/AdvocaciaGarcez

Cadastre-se para receber a newsletter da Advocacia Garcez em nosso site: http://www.advocaciagarcez.adv.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário