sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"Modelo de autogestão já dura 40 anos" (Fonte: Valor Econômico)

"Desde 2001 na diretoria-executiva da Promon S.A., no cargo de diretor financeiro e de estratégia de negócios, Luiz Fernando Telles Rudge foi eleito por mais de mil funcionários da companhia em abril do ano passado para ser seu novo presidente. O mandato vigora por três anos, ao final do qual pode candidatar-se à reeleição ou cede o lugar a outro executivo. Pelo estatuto e modelo de governança da empresa, primeiramente os nomes para compor a diretoria-executiva são indicados pelo conselho de administração. A escolha dos conselheiros - cinco representantes - é submetida à votação dos
funcionários-acionistas, individualmente para cada diretor.

Na eleição de 2010, exerceram o direito de voto 1.200 funcionários - o correspondente a 80% do quadro de pessoal. Não há limite para reeleições. O ex-presidente Luiz Ernesto Gemignani, por exemplo, foi presidente durante nove anos. Seu antecessor, Carlos M. Siffert, foi reeleito três vezes, ficando à frente da presidência por 12 anos.

A Promon S.A., criada em dezembro de 1960, é um dos casos raros no país de empresa totalmente controlada pelos próprios funcionários. É fruto de uma associação meio a meio da americana Procon Incorporated com a Montreal Engenharia, brasileira de construção e montagem industrial, para disputar a expansão da refinaria de petróleo de Cubatão da Petrobras e que seria o primeiro projeto na área de óleo e petroquímica a ser realizado no Brasil. Daí surgiu uma nova empresa de projetos de engenharia no país, com DNA na indústria de óleo e gás.

Quase seis anos depois, com as mudanças políticas no país, os americanos decidiram pôr fim à sua participação no negócio. As ações da Procon acabariam, por US$ 20 mil, em mãos da Consultores de Engenharia (CEL), sociedade que reuniu profissionais engenheiros com os mesmos ideais, sendo 12 os seus fundadores. Depois de dois anos de intensos embates, em março de 1970 a CEL, já mais organizada e robusta, adquiriu os 50% da Montreal por NCr$ 900.000,00. O negócio foi fechado a contragosto da Montreal, cujo objetivo era incorporar a Promon.

A CEL foi o embrião da "comunidade de trabalho em que a Promon seria transformada no futuro": o formato de autogestão. O modelo é considerado "democrático, transparente e participativo". O conselho de administração, presidido por Gemignani, tem mais quatro integrantes da casa. Para aperfeiçoar a governança da gestão, desde 2010 passou a contar com um conselheiro independente: José Guimarães Monforte.

A carreira de Rudge na Promon começou em 1982, de onde saiu por apenas dois anos. Retornou em 1987 e desde então construiu sua trajetória na empresa. Passou por várias áreas até chegar à diretoria-executiva. Formado em administração de empresas pela FGV, o executivo teve ligeira passagem pelo Itamaraty, na Embaixada do Brasil em Londres, e no ramo de comércio exterior. Tem mestrado em Desenvolvimento Urbano numa universidade britânica e fez um programa em Educação Executiva na Universidade de Harvard, EUA."


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