"Analistas elogiam relatório da Comissão: "É a primeira vez que o Estado brasileiro admite isso"
SÃO PAULO Ex-ministro da Justiça e ex-integrante da Comissão de Justiça e Paz, José Gregori diz que a prática da tortura sempre existiu no país, mas ganhou contornos de política de Estado no regime militar (1964-1985), principalmente depois da decretação do AI-5, em dezembro de 1968. Gregori lembra que nos primeiros momentos do regime, pressionado pela sociedade , o então presidente Castelo Branco chegou a criar uma comissão de averiguação das denúncias, comandada pelo general Ernesto Geisel. Mas, com o recrudescimento da ditadura, a tortura antes investigada acabou sendo incorporada ao governo:
- A tortura sempre existiu, inclusive antes do Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945), mas com os militares, tornou-se sistemática, orgânica. Foi incorporada como método de interrogatório de toda pessoa que, para eles, fosse suspeita de ameaçar o governo - disse Gregori.
O ex-ministro fala ainda que os militares franceses fizeram torturas pesadas durante o processo de independência da Argélia (1954-1962), e que sempre exerceram forte influência sobre os militares do Brasil. Para Gregori, a melhor forma de combater a tortura, que ainda persiste no Brasil, é transformando os direitos humanos em política de Estado. Ele disse ser contra a punição aos militares e torturadores da ditadura, que são protegidos pela Lei da Anistia..."
Íntegra: O Globo
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