"Depois de perder a presidência em fevereiro, partido fica agora sem a Diretoria de Finanças
Seis meses depois da substituição de Carlos Nadalutti por Flávio Decat no comando de Furnas Centrais Elétricas, a empresa anunciou ontem a reestruturação de sua diretoria. Foram nomeados três novos dirigentes. Com as mudanças, o PMDB volta a perder espaço na estatal. Depois da presidência, com a saída de Nadalutti, o partido fica agora sem a Diretoria de Finanças, com a troca de Luiz Henrique Hamam por Nilmar Foletto.
As mudanças, aprovadas ontem em reunião do Conselho de Administração de Furnas, também reduzem a influência do ex-diretor Dimas Toledo na empresa. As diretorias de Engenharia e Construção, até então ocupadas por nomes ligados ao ex-dirigente, foram fundidas e passam a se chamar Diretoria de Expansão. Caberá ao engenheiro Márcio Abreu, ex-diretor técnico executivo da Itaipu Binacional, gerir a nova unidade.
Apesar da fusão, Furnas manterá seis diretorias. O Conselho de Administração aprovou a criação da Diretoria de Planejamento e Gestão de Negócios e Participações, que ficará a cargo de Olga Simbalista.
O anúncio de ontem, embora dê à direção um perfil mais técnico, não agradou totalmente. Engenheiros de Furnas, alguns deles responsáveis pela divulgação de um dossiê, no início do ano, para denunciar o aparelhamento político da empresa, dizem que ainda há uma presença residual do PMDB em postos estratégicos, com a Diretoria de Gestão Corporativa, nas mãos de Luis Fernando Paroli Santos.
O diretor de Operação do Sistema e Comercialização de Energia, Cesar Ribeiro Zani, também foi mantido.
O dossiê, entregue ao deputado Jorge Bittar (PT-RJ), citava nominalmente o ex-diretor Dimas Toledo e o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como responsáveis pelo aparelhamento. Cunha, contudo, negou que tivesse indicado apadrinhados para postos na empresa.
Reportagens publicadas pelo GLOBO, após a divulgação do dossiê, mostraram o envolvimento de pessoas ligadas a Cunha com negócios suspeitos em Furnas. Ao comprar em 2008 a empresa Serra Carioca II, na gestão de Nadalutti, Furnas teria pago R$73 milhões acima do valor original da firma incorporada. Além disso, foi avalista de um crédito contraído e não pago pela Serra Carioca junto ao Santander, no valor de R$67 milhões.
Serra Carioca tinha em seu quadro diretor o engenheiro Aloísio Meyer, ligado a Cunha desde que participou da diretoria da Cedae. Embora negasse as indicações, Cunha usou o Twitter, no início do ano, para ameaçar o governo, se o PMDB perdesse espaço na estatal.
Decat explicou que as mudanças visam a adequar Furnas ao modelo de negócios praticado hoje no setor elétrico."
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