sexta-feira, 25 de março de 2011

“Incidentes deixaram lições para todos, diz executivo” (Fonte: Valor Econômico)


“Passado o momento mais agudo de tensão nos canteiros das usinas de Jirau e Santo Antônio, a hora agora é de reflexão sobre o ocorrido nas duas obras do complexo hidrelétrico do rio Madeira, as maiores vitrines do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mesmo sem ainda superar questões salariais, executivos, operários e sindicalistas tentam projetar o futuro das relações trabalhistas e falam em aprender com o passado. "Paramos para refletir", admite o diretor-superintendente da Odebrecht Energia, José Bonifácio Pinto Junior. "Temos 16 mil trabalhadores e no meio sempre tem agitação. Mas quem está aqui quer trabalhar, veio para ganhar dinheiro."
O executivo da empresa líder de Santo Antônio acha que o drama vivido em Jirau deixará lições para todos, empregados e patrões. "Os operários viram que a violência da rebelião manchou a imagem deles. Ficaram com fama de bandidos", avalia. E as empresas, segundo ele, entenderam ser preciso "prestar mais atenção" nas reivindicações e nos descontentamentos dos operários. As negociações para o dissídio já começaram. "Isso serve como lição. Temos que prestar mais atenção. E os operários viram que não se resolve com violência porque a opinião pública fica contra", diz Bonifácio.
O sindicato da categoria, ainda em meio a uma disputa interna pelo controle dos 40 mil operários das usinas, inaugura neste domingo a campanha salarial 2011-2012. Quer reajuste de 30%, aumento de cesta básica e uma extensa lista de 20 itens. "Vamos superar os impasses. E depois ter que discutir melhores condições de trabalho", adianta o secretário de Finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas Moraes, enviado à Rondônia para mediar os conflitos sindicais.
A Odebrecht acredita ter uma vantagem na relação com seus empregados: 83% deles têm origem ou já moravam em Porto Velho antes das usinas. "Esses têm CEP, querem trabalhar", resume Bonifácio. As dificuldades para retomar a obra paralisada há uma semana são "normais", avalia. "Havia condições para voltar. Mas com um contingente desse tamanho, sempre temos preocupações."
Em Jirau, palco principal dos distúrbios e cenas de vandalismo, estima-se que um quarto dos operários seja do Estado. "Isso não faz muita diferença. Temos gente daqui e de fora. E 99,9% são trabalhadores. Oferecemos ótimas condições de trabalho", afirma o diretor-presidente do consórcio Energia Sustentável, Victor Paranhos.
O maior contingente de operários seria de empresas "terceirizadas", o que dificultaria as mediações no canteiro. "O termo terceirização está sendo mal empregado. Aqui, temos contratação de serviços especializados, de ações que precisam ser feitas", defende Paranhos.
O executivo afirma que boa parte dos trabalhadores das empresas contratadas pelo consórcio já estará de volta ao canteiro de obras até a próxima semana. Ele admite que o futuro das relações passa pelas negociações salariais. "Mas isso ainda nem começou", diz. E completa: "Vamos aguardar".”



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