"O prejuízo de mais de R$ 100 milhões provocado pelo apagão no Nordeste e a demora nas explicações sobre as causas do incidente deixaram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em situação difícil com a presidente Dilma Rousseff (foto, em cerimônia ontem no Palácio do Planalto). “De fato, ela não gostou do episódio, assim como eu não gostei”, admitiu Lobão. Irritação com o ministro vem desde a semana passada, com o apagão no Nordeste, que resultou em perdas de mais de R$ 100 milhões O mau humor já toma conta do Palácio do Planalto e a ira da presidente Dilma Rousseff recai agora sobre o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que tem dado poucas informações sobre o que o governo vem efetivamente fazendo para contornar a crise desencadeada com o apagão no Nordeste na semana passada. O governo Dilma mal começou e os problemas afloram justamente na área em que a presidente mais entende — ela foi ministra de Estado — e que voltou para o comando de um político que não é especialista do setor, apesar de ter o apoio de empresários da área. Segundo cálculos da Abrace, associação que reúne os grandes consumidores de energia, as perdas causadas pelo blecaute no Nordeste já passam de R$ 100 milhões. Anteontem, ela desmarcou audiência com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e convocou uma reunião com representantes do setor elétrico. Ela queria ouvir explicações sobre o apagão no Nordeste, região responsável por sua vitória nas urnas. A falta de informações precisas sobre a real causa do blecaute que deixou oito estados no escuro na madrugada de 4 de fevereiro pôs o MME no centro das atenções. O ministro Lobão, senador pelo PMDB-MA, disse ontem que a reunião com Dilma foi sugerida por ele, para que fosse informada sobre o incidente no Nordeste. Ao ser questionado sobre a insatisfação da presidente com as justificativas do ministério, ele disse que o que desagradou a presidente foi o episódio em si. “De fato, ela não gostou do episódio, assim como eu não gostei”, disse, após participar de evento na Embaixada da Itália, em Brasília. O MME e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aguardam o Relatório de Análise de Perturbação (RAP) do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). O documento servirá de base para as investigações oficiais, que identificarão os responsáveis para, assim, aplicar as devidas punições. Mas ele só deverá ser entregue na sexta-feira, na melhor das hipóteses. Ontem, o MME divulgou nota dizendo que o ministro orientou que se confira caráter de urgência à elaboração do RAP e espera que seja concluído ainda nesta semana. “O ministro recomendou à Aneel que procedesse uma fiscalização extraordinária nas principais subestações do Sistema Interligado Nacional, principalmente, quanto à funcionalidade dos esquemas especiais de proteção”, disse o comunicado. Dúvidas O desencontro de informações persistem, as dúvidas quanto à fiscalização e a manutenção no sistema de transmissão e de distribuição aumentam. Ao atribuir a falha primeiramente a um relé e, depois, a um cartão do sistema de proteção que seria o responsável pelo desligamento em cadeia das redes de transmissão — itens muito pequenos para fazer um estrago que afetou mais de 40 milhões de pessoas — a suspeita de que a manutenção do sistema de transmissão e distribuição de energia está com problemas sérios virou um mantra entre os especialistas do setor elétrico. Com isso, o apagão que deixou 2,5 milhões de moradores da cidade de São Paulo ficarem sem energia na tarde de anteontem só contribuiu para aumentar ainda mais as incertezas quanto à robustez do sistema." Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/AdvocaciaGarcez Cadastre-se para receber a newsletter da Advocacia Garcez em nosso site: http://www.advocaciagarcez.adv.br |
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
“Na bronca - Lobão sob a ira de Dilma” (Fonte: Correio Braziliense)
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