“Autor(es): Fábio Monteiro
Guia ensina clientes a identificarem as irregularidades cometidas por instituições financeiras
O atendimento ruim nas agências está entre as principais reclamações feitas aos órgãos de defesa
O atendimento ruim nas agências está entre as principais reclamações feitas aos órgãos de defesa
Apesar de ter passado pela crise econômica internacional como um exemplo de solidez para o mundo desenvolvido — que viu várias de suas instituições bancárias derreterem após a queda do Lehman Brothers, em 2008 —, o sistema financeiro do Brasil ainda está longe do padrão mínimo de qualidade quando o assunto é respeito ao consumidor. O volume de reclamações registradas tanto nos órgãos de defesa do consumidor quanto no Banco Central contra os bancos é cada vez maior. Somente neste ano, mais de 2,8 mil clientes já cadastraram queixas na autoridade monetária.
Para tentar coibir os abusos, o Sindicato dos Bancários de Brasília, em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançaram ontem um guia para orientar o consumidor de forma didática acerca dos seus direitos. A publicação oferece informações para que o cliente saiba identificar as irregularidades cometidas pelos bancos.
Na opinião do secretário-geral do Sindicato dos Bancários, André Nepomuceno, a cartilha vai auxiliar bastante os clientes mais desinformados a se prevenirem. “Fizemos uma boa lista de informações para o consumidor se proteger previamente e ter armas para argumentar contra as possíveis irregularidades dos bancos”, disse. No manual, podem ser localizadas informações referentes aos temas que geram mais dúvidas, como abertura de contas, empréstimos, financiamentos, tarifas, atendimento. “Acho que temos nas mãos uma boa oportunidade de repensar como podemos melhorar as relações entre consumidores e instituições”, analisou o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro.
Para a coordenadora executiva do Idec, Lisa Gunn, o consumidor poderia ter uma postura mais participativa com relação aos serviços bancários se tivesse conhecimento sobre os direitos. “A compreensão dos serviços financeiros nem sempre é fácil. Já desenvolvemos pesquisas que comprovaram cobranças indevidas e outras práticas negativas na relação entre correntistas e bancos, que poderiam ser evitadas se houvesse informação transparente e fiscalização adequada”, ressaltou.
Outros documentos de orientação ao consumidor também podem ser conseguidos em instituições fiscalizadoras do setor, como o Banco Central e a Federação Nacional dos Bancos (Febraban). O diretor de autorregulação da Febraban, Gustavo Marrone, lembra que todas as iniciativas de orientação do setor financeiro são válidas, pois fortalecem tanto consumidores quanto o sistema. “É importante que o cliente tenha conhecimento dos direitos. A falta de informação não é boa nem para bancos e nem para as pessoas”, disse.
Desrespeito
Um exemplo de desrespeito e de abuso aconteceu com a auxiliar de serviços gerais Maria das Dores Pereira, 52 anos. Ela conta que sua conta foi colocada sob suspeita de clonagem, após debitarem R$ 400 dela. “O banco disse que mandou a fatura até a minha residência, mas não recebi nada e, simplesmente, pagaram a fatura do cartão de crédito. Mas eu nunca usei o crédito, nem sabia que tinha essa função, porque eu só utilizava a função débito”, disse. Maria se queixa do tratamento dispensado pelo banco ao problema dela. “Eu acho que foi muito injusto. Eu sou cliente do banco desde 1988, sempre paguei minhas contas em dia e acabei ficando prejudicada. Não se importaram com a minha situação. Poderiam ter verificado mais atentamente o que aconteceu”, desabafou.
Outra vítima dos problemas bancários é a assistente administrativa Marilda Lemos, 50 anos. Ela recebeu em casa uma fatura, no valor de R$ 690, de um cartão de crédito que ela não pediu e que sequer recebeu em sua residência. Preocupada com o que poderia ter acontecido, procurou o banco, mas foi orientada a escrever uma carta relatando o problema. Como a data de vencimento estava próxima, preferiu procurar o Procon-DF para registrar uma queixa. “Eu levei um susto muito grande. Acho que qualquer um ficaria assustado em saber que está devendo por algo que não comprou”, disse Marilda. “Agora estou de olho. Se descontarem o valor na minha conta, eu vou voltar no Procon. Mas o pior é não saber o que está acontecendo, é angustiante”, acrescentou.”
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