quarta-feira, 20 de abril de 2011

“União prevê investimento recorde de estatais” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Luciana Otoni | De Brasília

O investimento das estatais federais deve ultrapassar R$ 25 bilhões no primeiro quadrimestre. E, no consolidado de 2011, o Ministério do Planejamento estima que o montante vai superar o recorde de R$ 84,1 bilhões registrado em 2010. Se os números se confirmarem, as estatais responderão este ano por aproximadamente por 14% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do país. Do total, a Petrobras, sozinha, deve representar 84,3%. Para 2012, o ministério acredita que o orçamento de investimento dessas companhias ficará próximo de R$ 110 bilhões. Com 36 grandes projetos concentrados em petróleo e derivados, energia elétrica, transportes, portos e aeroportos, as 73 estatais federais mudaram o padrão de investimento nos últimos anos. Na análise global, essas empresas saíram de um nível de R$ 25,9 bilhões investidos em 2003 e de R$ 53,3 bilhões em 2007 para R$ 107,9 bilhões estimados para este ano. Desse total, 93,2% serão financiados com recursos próprios.
O diretor do Departamento de Governança das Estatais do Ministério do Planejamento, Murilo Barella, afirma que a evolução dos investimentos é consequência da preparação das companhias para uma atuação ativa e indutora de grandes projetos. "As estatais foram acionadas e tiveram de dar respostas", disse Barella.
Ao longo dos anos, essas empresas não conseguiram gastar a totalidade dos recursos que possuíam (ver quadro ao lado). Por outro lado, considerando a ampliação da carteira, os níveis de execução ficam entre 80% e 90%.
Mesmo com elevado grau de gestão de grandes projetos, as estatísticas mostram certa irregularidade na execução das obras. Entre janeiro e fevereiro deste ano, o investimento atingiu R$ 11 bilhões. Embora esse seja um montante elevado para o padrão do período, ficou abaixo do recorde de R$ 12,7 bilhões movimentados no primeiro bimestre de 2010, configurando a primeira redução em seis anos.
O diretor atribui o recuo à comparação com o elevado nível de execução do primeiro bimestre do ano passado, que concentrou gastos em projetos que haviam sido adiados durante a crise global. Ele indica que a execução se acelerou a partir de março e as companhias encerrarão o primeiro quadrimestre de 2011 com investimentos superiores aos R$ 24 bilhões registrados em igual período de 2010. "Se seguir a tendência, o investimento das estatais vai bombar. Primeiro, por causa do contexto do mercado interno. E, segundo, porque há a curva de experiência, que também é uma variável importante", comenta o diretor.
Por "curva de experiência", Barella se refere à capacidade das empresas em azeitar a máquina burocrática para operar com um caixa mais robusto para gastos com obras. Ele ressalta que as empresas conseguiram manter um nível elevado de execução, ao mesmo tempo em que o investimento era ampliado porque atualizaram e sofisticaram o uso de tecnologia, melhoraram o relacionamento com fornecedores e ampliaram as equipes.
"Havia problemas com contratação, com falta ou perda de know how e com fornecedores e essas variáveis foram solucionadas. E houve, também, um amadurecimento entre os poderes Executivo e Legislativo no tratamento do orçamento de investimento das estatais, tudo isso foi positivo", afirmou.
A análise global da capacidade de investimento das estatais é fortemente influenciada pela Petrobras. Na média, a companhia responde por entre 70% e 80% dos valores investidos. Devido a essa proporção, o andamento dos projetos vinculado a petróleo e derivados também eleva o nível da execução da totalidade das estatais. "Quando se fala em Petrobras e em Eletrobras é o seguinte: essas empresas são intensivas em capital. E quando falamos em energia, falamos em infraestrutura", afirma o diretor.
De fato, dos R$ 107,9 bilhões em investimentos previstos para este ano, somente a Petrobras responde por R$ 91 bilhões, sendo que vários projetos estão focados na prospecção e desenvolvimento dos campos de petróleo do pré-sal. Os destaques são os gastos com a ampliação da frota de navios petroleiros, construção de plataformas, ampliação de gasodutos e da produção de gás natural. A Eletrobras detém R$ 8,2 bilhões destinados a ampliar a geração e a distribuição de energia elétrica.
A despeito da análise favorável, as companhias docas e a Infraero mostram dificuldade em usar os recursos disponíveis. Dos R$ 774 milhões que sete companhias docas possuem para melhorar os acessos e instalações de portos, apenas R$ 19,3 milhões foram gastos entre janeiro e fevereiro. A Infraero, que possui R$ 2,2 bilhões para melhoria dos aeroportos, utilizou 2,4% no primeiro bimestre.
Ao comentar esses desempenhos, Barella frisa que a capacidade de execução dessas empresas tende a melhorar. Ele diz, ainda, que apesar dessas performances, tanto as companhias docas, quanto a Infraero ampliaram os níveis de investimento. "Em 2003, os portos investiram R$ 23 milhões e em 2010 chegou a R$ 295 milhões, isso dá um aumento superior a mil porcento. Em 2003, a Infraero investiu R$ 55 milhões e, somente no primeiro bimestre deste ano, esse montante já atingiu R$ 53,8 milhões. É um salto. A gente vem em um ritmo de melhoria e não há nada que vá alterar isso este ano", conclui o diretor.”


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