“Autor(es): Marcelo Rehder
Estudo baseado no balanço contábil de 168 companhias mostra que 2010 foi um ano de recordes nos ganhos e no faturamento, que subiu 19% A safra de balanços de 2010 tem mostrado números recordes. Levantamento da Economática, feito com base no balanço de 168 empresas não financeiras que já anunciaram resultados, revela que, somadas, elas alcançaram lucro líquido de R$ 64,953 bilhões, 34,3% maior que o de 2009. O faturamento cresceu 19,1%, para R$ 97,970 bilhões, enquanto o lucro operacional (antes do resultado financeiro e dos impostos) saltou 46,1%, para R$ 32,188 bilhões. "São números impressionantes, mesmo considerando que a base de comparação seja um pouco retraída, já que 2009 foi ano de crise", diz o presidente da empresa de informações financeiras Economática, Fernando Exel. Segundo especialistas, são poucas as empresas no mundo que conseguem crescer em ritmo tão acelerado. "Talvez em alguns mercados emergentes, como a China ou a Índia, possa haver números parecidos", diz o presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), Ricardo Florence. "Mas, como média, sem sombra de dúvidas, não dá nem para comparar." O cenário macroeconômico favorável do País - com aumento da renda, do emprego, do crédito e da economia como um todo, que cresceu 7,5% em 2010 - já seria suficiente para explicar o bom momento das companhias brasileiras. Além disso, também contribuíram outros fatores positivos, como o desenvolvimento do mercado de capitais e das próprias empresas que o compõem, principalmente no aspecto de governança corporativa. O mercado de capitais brasileiro segue batendo recordes. O volume médio diário na BM&FBovespa cresceu 22,7%, de R$ 5,286 bilhões, em 2009, para R$ 6,488 bilhões, em 2010. Este ano, até 30 de março, a média já havia atingido R$ 6,734 bilhões. "A abertura de capital e a consequente captação de recursos amplia a perspectiva das empresas", ressalta Florence. Não é à toa que todas as 168 empresas analisadas pela Economática tiveram lucro no ano passado, apesar de o dólar baixo continuar a comprometer tanto as exportações como a favorecer as importações. Em 163 companhias, o ganho foi maior que o do exercício anterior. Maior exportador de calçados do País, a Grendene teve em 2010 o maior lucro de seus 40 anos. Atingiu R$ 312,399 milhões, 14,8% mais que no exercício anterior. O resultado refletiu a combinação de uma alta de 12% no preço médio no mercado brasileiro e de 13,1% nos volumes exportados, o que permitiu compensar os efeitos da valorização do real, que reduziram os preços médios de exportação em moeda nacional em 1,7%. "A empresa vem numa fase muito boa, com resultados expressivos desde 2006", diz o diretor de Relações com Investidores, Francisco Schmitt. Nos últimos cinco anos, segundo ele, a Grendene elevou sua receita 9,8%, enquanto as exportações cresceram 17,9% no período. "Isso mostra a capacidade de competição do nosso modelo de negócios", ressalta. Para a Vicunha Têxtil, 2010 foi o ano da virada. Depois de quase uma década de prejuízo, a empresa teve lucro líquido de R$ 70 milhões. No exercício anterior, o resultado foi negativo em R$ 5 milhões. O resultado é fruto da reestruturação a que a empresa se submeteu em 2009. Pressionada pela crescente importação de tecidos e pela perda de competitividade no mercado externo por causa da valorização do real, a Vicunha decidiu focar nos negócios de índigo e brim. Deixou de atuar nos segmentos de malharia sintética, natural e artificial, hoje dominados por produtos importados, principalmente asiáticos. "Agora, estamos olhando as oportunidades de consolidar esse mercado têxtil, não só no Brasil mas na América do Sul", diz José Maurício D"Isep, diretor financeiro da Vicunha Têxtil. O levantamento da Economática não incluiu a Petrobrás nem a Vale, duas empresas com peso para distorcer qualquer amostra. A estatal do petróleo teve o maior lucro de uma empresa de capital aberto brasileiro. Bateu em R$ 35,189 bilhões, 21,4% acima do resultado de 2009. A Vale não ficou muito atrás. Impulsionado pelo reajuste de preços do minério de ferro e pelo aumento das vendas, o lucro da mineradora cresceu 193,4%, para R$ 30,070 bilhões. Foi o maior lucro da história das empresas não estatais com ações negociadas em bolsa. Juntas, as duas gigantes foram responsáveis por um lucro de R$ 65,259 bilhões, que supera em R$ 306 milhões a soma dos ganhos de todas as 168 empresas analisadas. O cenário para as companhias abertas brasileiras continua favorável em 2011. "A tendência é de crescimento menor que o do ano passado, mas ainda assim impulsionado pelo mercado doméstico", diz o presidente do Ibri. Impressões FERNANDO EXEL PRESIDENTE DA ECONOMÁTICA "São números impressionantes, mesmo considerando que a base de comparação seja um pouco retraída, já que 2009 foi ano de crise" RICARDO FLORENCE PRESIDENTE DO IBRI "Talvez em alguns mercados emergentes, como a China ou a Índia, possa haver números parecidos" Vantagem de devedor Uma dívida de US$ 1 milhão custaria no fim de 2009 R$ 1,741 milhão, pela cotação de 31/12, No fim de 2010, para pagar a mesma dívida o desembolso seria menor: R$ 1,666 milhão.” |
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