"Autor(es): Paulo de Tarso Lyra | De Brasília
O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, vai pedir hoje ao presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva e ao presidente da CUT, Artur Henrique, que não agravem ainda mais a crise que paralisou as obras da usina de Jirau desde a semana passada. "É uma irresponsabilidade utilizar a massa de peões para querer aumentar a base sindical", criticou o ministro. Representantes das duas centrais disputam o controle do Sindicato da construção civil de Rondônia. A batalha intensificou-se após a paralisação das obras na região.
O governo está muito preocupado com o cenário explosivo que se instalou na região. De acordo com o ministro, o acompanhamento não acontece apenas no caso de Jirau e Santo Antônio, mas também em outras grandes obras de infraestrutura, como os portos de Pecém (CE) e em Suape (PE), todos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ministro quer convocar todos os setores envolvidos neste processo - não apenas os sindicalistas, mas também os representantes das construtoras que tocam as obras. A ideia, conforme adiantou ao Valor, é estabelecer um grande pacto por melhores condições de trabalho no setor da construção civil - a exemplo do que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva fez com o setor de cana-de-açúcar durante o segundo mandato.
Segundo o secretário-geral da Presidência, o aumento da demanda profissional na construção civil tem levado as empresas a contratarem mão-de-obra com pouca experiência no setor. Ao contratar funcionários mais novos e imaturos e colocá-los em canteiros de obras gigantescos - Jirau, por exemplo, engloba quase 22 mil trabalhadores - longe de suas famílias, as chances de surgir problemas se potencializam. "Ainda mais se a empresa cometer algum tipo de deslize ou falha no relacionamento", completou.
Gilberto Carvalho foi o ministro escalado pela presidente Dilma Rousseff para administrar o impasse em Jirau. Ele já havia conversado com os dois dirigentes sindicais na semana passada, por telefone. Mas os episódios de violência ocorridos em Jirau no fim de semana levaram Gilberto a convocar os dois sindicalistas para uma conversa pessoalmente no Palácio do Planalto. "O cenário já está muito complicado, vamos pedir para eles terem mais responsabilidade neste momento".
A paralisação de obras deste porte é ruim para todos os lados, na opinião de Carvalho. Para o governo, é ruim porque são obras incluídas no PAC, o que passa a imagem política negativa. Para as empresas, o atraso no cronograma impede que elas comecem a lucrar mais cedo. Já os trabalhadores ficam na incerteza quanto à manutenção dos postos de trabalho.
Depois de Jirau, agora é a vez das obras da Refinaria Abreu e Lima também a enfrentarem problemas. Os 4,8 mil funcionários do consórcio Conest, formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, paralisaram sexta-feira as obras. Por meio de sua assessoria de comunicação, o consórcio informou que já foram esgotadas todas as possibilidades de negociação. Os trabalhadores querem 100% de aumento nas horas extras de sábado e aumento de R$ 130 para R$ 160 no vale alimentação. (Colaborou André Borges)."
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