quinta-feira, 24 de março de 2011

“Decisão de funcionários surpreende Usiminas” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Ivo Ribeiro e Ana Paula Ragazzi | De São Paulo

A decisão da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU) de vender sua participação de 10,1% no capital votante da Usiminas pegou de surpresa os três acionistas controladores da siderúrgica mineira - Nippon Steel e outros japoneses, Camargo Corrêa e Votorantim. Como os três grupos têm direito de preferência sobre as ações da CEU, não esperavam ter de tomar uma decisão tão rápida, apurou o Valor .
O movimento da Caixa preocupou principalmente os sócios japoneses liderados pela Nippon Steel, uma das maiores usinas de aço do mundo. O CEU, que está na empresa desde sua privatização, em 1991, sempre foi aliado dos japoneses na gestão da Usiminas.
Segundo uma fonte, há uma dúvida se Votorantim e Camargo Corrêa estarão dispostos a exercer seu direito de preferência, proporcional, sobre as ações do CEU, deixando essa tarefa a cargo da Nippon Steel e seus parceiros japoneses. As sócias brasileiras teriam de desembolsar pelo menos R$ 400 milhões, ficando cada uma com mais 3% de ações ON. Atualmente, juntas, detêm 26%.
O CEU contratou o Credit Suisse para avaliar o valor de seu ativo e vender sua participação na Usiminas. Até 2016, essas ações vão compor o atual bloco de controle da siderúrgica, com direitos a vetos nas principais decisões, mas com o novo acordo de acionistas firmado em fevereiro, que vai até 2031, a participação da Caixa perderá esse status, tornando-se apenas papéis de investimento.
A hora de vender é agora, disse uma fonte que acompanha os movimentos societários envolvendo a Usiminas, pois há interessados disposto a pagar um prêmio sobre o valor de mercado dos papéis. Na terça-feira, essa posição do CEU valia quase R$ 1,3 bilhão pela cotação da ação ordinária da empresa em bolsa.
Os principais interessados na participação da caixa são a Gerdau, que está entrando na área de aços planos e poderia, depois de fazer parte do capital da Usiminas, unir parte de seus ativos a ela; a CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, que há vários meses vem comprando ações ON - já teria quase 10% - e PN da concorrente; e Terniun (grupo Techint).
A Votorantim, que já informou estar satisfeita com sua posição na Usiminas, dentro de uma visão de longo prazo, não quis comentar a decisão do CEU em vender suas ações já. A Camargo Corrêa informou não ter sido procurada por representante da Caixa, do Credit Suisse e nem de outra instituição. Destacou que já deu demonstração clara de interesse na Usiminas ao firmar o novo acordo de acionistas, em fevereiro; que continua avaliando outros negócios, além dos quatro que elegeu como principais - construção, cimento e concessões de rodovias e energia - e negou que tenha, com o Votorantim, contratado bancos para buscar interessados em suas fatias.
Nenhum dos três sócios, em especial os japoneses, veem com bons olhos ter como acionista ao seu lado a CSN. Os estilos de gestão são bem diferentes do adotado por Steinbruch. Por isso, deverão fechar as portas para a entrada da concorrente na Usiminas.
Mas fontes levantam dúvidas sobre o futuro da Usiminas com um bloco de acionistas com interesses tão fragmentados e isso já estaria preocupando os japoneses, que gostariam de ter um sócio com foco em siderurgia. "Aço não está no DNA da Camargo Corrêa, que entrou na Usiminas em 1996 para garantir escória para suas fábricas de cimento", avalia. "E a Votorantim não tem cultura de ser minoritária nos negócios e sua entrada lá também tinha como prioridade assegurar escória da Cosipa para a Votorantim Cimentos". Por isso, a companhia da Gerdau (plenamente focada em fazer aço), ou da Ternium (parceira no México) seria muito bem recebida para criar uma grande siderúrgica, apta a competir globalmente.
A Gerdau, ontem, iniciou sua oferta de ações que pode somar até R$ 6,5 bilhões, se forem colocados os lotes extra e adicional. Diferentemente do que o mercado esperava, não incluiu aquisições na destinação dos recursos.
Inicialmente, a companhia deverá captar R$ 3,7 bilhões para seu caixa. Do total, 56%, ou R$ 2,1 bilhões, irão para pré-pagamento de empréstimos contraídos pelas suas subsidiárias americanas, Gerdau Ameristeel e GNA Partners. O plano de investimento receberá R$ 1 bilhão e R$ 628 milhões irão para o caixa.
O preço será fixado em 12 de abril. A Metalúrgica Gerdau e a Gerdau BG Participações venderão ações preferenciais para exercerem seu direito de preferência na oferta primária de ordinárias e manterem suas fatias na empresa.”




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