Suspeitas estão no centro da disputa pelos cargos da estatal entre petistas e o grupo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
BRASÍLIA. A Controladoria Geral da União (CGU) decidiu abrir investigação para apurar supostas irregularidades na decisão da estatal Furnas Centrais Elétricas de comprar ações da empresa Oliveira Trust Service. Sete meses depois de abrir mão do direito de preferência pelas ações da Service, Furnas comprou parte da empresa por R$73 milhões a mais que o valor inicial da companhia, conforme noticiou O GLOBO na semana passada. As ações da Service, que estavam avaliadas em R$6,9 milhões, subiram para R$80 milhões em menos de um ano.
Em nota divulgada na terça-feira, a direção de Furnas negou qualquer irregularidade. Segundo a estatal, a Service se valorizou depois de receber um aporte de capital de R$75 milhões. Mas as explicações não foram consideradas suficientes pela Controladoria. Na segunda-feira, o ministro Jorge Hage determinou à Secretaria de Controle Interno, uma das estruturas da Controladoria, que faça uma auditoria nos contratos firmados por Furnas e que estão sendo alvo de denúncias.
A análise deve começar esta semana. Hage não estabeleceu prazo para a conclusão da apuração. Mas deixou claro que gostaria de pôr a questão em pratos limpos o mais cedo possível. As acusações estão no centro da disputa pelo controle da estatal entre petistas e o grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em meio à confusão, o secretário municipal de Habitação do Rio, Jorge Bittar (PT), enviou um relatório sobre as supostas irregularidades ao ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio.
O documento teria sido preparado por servidores da estatal descontentes com a administração da empresa. Esta não é a primeira vez que Furnas é alvo de graves denúncias. Em 2005, no auge do escândalo do mensalão, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar denúncias de que a estatal estaria sendo usada para financiar campanhas eleitorais. Os repasses seriam feitos a políticos por empresas contratadas para prestar serviços ou fornecer equipamentos a Furnas.
Um dos alvos da investigação era Dimas Toledo, um dos ex-diretores da estatal. A polícia também tentou investigar supostas irregularidades na contratação de servidores terceirizados. Mas nenhuma das frentes de investigação foi levada adiante. Um dos delegados que acompanhou de perto os inquéritos disse que a polícia não teve condições de aprofundar a investigação porque a Justiça Federal no Rio de Janeiro rejeitou boa parte dos pedidos de quebra de sigilo e de busca em endereços dos investigados. As investigações estavam centralizadas em Brasília. Depois foram transferidas para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro."
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