"O volume de problemas decorrentes de um acidente ou doença com origem no exercício profissional é mais amplo do que o dano imediato de uma determinada ocorrência. E a recorrência desses impactos no mundo do trabalho é um problema de Estado, e não de governo. Essas constatações permearam um seminário pelo Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, realizado nesta segunda-feira (28) na Federação do Comércio de São Paulo.
Entre os sintomas de doenças causadas pela cobrança abusiva de metas, a terceirização, o assédio moral – causas apontados inclusive como responsáveis por mortes decorrentes de uma ambiente de trabalho nocivo – estão a perda de autoestima e da capacidade de interação social. A autodestruição pode levar à depressão e ao alcoolismo, problemas que também repercutem entre os familiares.
“Casos de trabalhadores que perdem a mobilidade, que passam a ter problemas de comunicação, com maiores gastos, perda de renda, são apenas exemplos de problemas que podem causar traumas para todos. São imensuráveis os impactos sociais disso”, diz o pesquisador Celso Amorim Salim, da Fundacentro, autarquia vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo ele, a preocupação cresce porque a tecnologia, os conhecimentos, e as pesquisas são capazes de detectar a origem dos problemas, mas as relações de trabalho ainda não criaram condições de se colocarem em prática as soluções possíveis, entre elas a adequação dos recursos tecnológicos e das políticas de gestão aos limites da condição humana.
A solução passaria por um envolvimento de todos os setores – representantes de trabalhadores, das empresas, dos poderes públicos e de especialistas. “Não é problema do médico, do engenheiro ou do técnico de segurança. Acidentes e mortes no trabalho não acontecem por acaso, são evitáveis. É um problema político que deve ser resolvido pelo conjunto da sociedade”, disse o assessor da Secretaria de Saúde da CUT, Gilberto Salviano.
Segundo estudo apresentado pela Central, nos últimos 42 anos aconteceram aproximadamente 38 milhões de acidentes de trabalho, sendo cerca de 560 mil com incapacidade permanente. Quando distribuídos por região, 386.904 acidentes foram contabilizados na região Sudeste, dois terços deles no estado de São Paulo. Segundo informações do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, 51% de todas as ações trabalhistas do país têm origem em São Paulo, a maioria relacionadas a impactos na saúde.
O superintendente Regional do Ministério do Trabalho e Emprego de São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, explica que o estado concentra mais de 50% da produção do país, por isso tem um desafio maior no enfrentamento desses problemas. “Prevenção não é despesa, mas investimento. Estado e empresas vão gastar menos se não houver acidentes. Temos de conscientizar os empresários e trabalhadores. Vamos começar reuniões tripartites para estabelecer, em curto prazo, metas de redução de acidentes”, afirmou.
Em maio, o Ministério do Trabalho e Emprego pretende lançar um programa de combate à informalidade no país, outro fator degradante para saúde do trabalhador. Segundo o ministro Manoel Dias, as estatísticas tendem a ocultar um cenário ainda pior, já que não incluem dados do setor informal, nem do funcionalismo público. “Vamos alcançar todas as empresas, especialmente as menores, com as tecnologias que temos disponíveis para isso. Com isso vamos conhecer outros números, a exemplo do que está acontecendo com o trabalho escravo e trabalho infantil, que não aumentaram mas se tornaram conhecidos devidos às ações de fiscalização desenvolvidas”.
O Ministério Público do Trabalho (MPT), por sua vez, informa ter elaborado projetos destinado à melhoria da condições de trabalhado em setores altamente vulneráveis, como construção civil e pesada, sucroalcooleiro e frigoríficos, e ao banimento do amianto. “O trabalhador deve ser visto como sujeito no ambiente do trabalho e não como objeto, visado apenas para aumentar os lucros”, disse a procuradora-chefe do MPT-SP, Cláudia Regina Lovato Franco.
“Acidentes são eventos socialmente determinados. São previsíveis e possíveis de prevenir. Estão por traz dessas mortes prazos de entrega, obsessão por resultados, flexibilidade e falta de democracia nos locais de trabalho. Precisamos refletir”, diz o pesquisador Ildeberto Muniz de Almeida, Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu."
Entre os sintomas de doenças causadas pela cobrança abusiva de metas, a terceirização, o assédio moral – causas apontados inclusive como responsáveis por mortes decorrentes de uma ambiente de trabalho nocivo – estão a perda de autoestima e da capacidade de interação social. A autodestruição pode levar à depressão e ao alcoolismo, problemas que também repercutem entre os familiares.
“Casos de trabalhadores que perdem a mobilidade, que passam a ter problemas de comunicação, com maiores gastos, perda de renda, são apenas exemplos de problemas que podem causar traumas para todos. São imensuráveis os impactos sociais disso”, diz o pesquisador Celso Amorim Salim, da Fundacentro, autarquia vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo ele, a preocupação cresce porque a tecnologia, os conhecimentos, e as pesquisas são capazes de detectar a origem dos problemas, mas as relações de trabalho ainda não criaram condições de se colocarem em prática as soluções possíveis, entre elas a adequação dos recursos tecnológicos e das políticas de gestão aos limites da condição humana.
A solução passaria por um envolvimento de todos os setores – representantes de trabalhadores, das empresas, dos poderes públicos e de especialistas. “Não é problema do médico, do engenheiro ou do técnico de segurança. Acidentes e mortes no trabalho não acontecem por acaso, são evitáveis. É um problema político que deve ser resolvido pelo conjunto da sociedade”, disse o assessor da Secretaria de Saúde da CUT, Gilberto Salviano.
Segundo estudo apresentado pela Central, nos últimos 42 anos aconteceram aproximadamente 38 milhões de acidentes de trabalho, sendo cerca de 560 mil com incapacidade permanente. Quando distribuídos por região, 386.904 acidentes foram contabilizados na região Sudeste, dois terços deles no estado de São Paulo. Segundo informações do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, 51% de todas as ações trabalhistas do país têm origem em São Paulo, a maioria relacionadas a impactos na saúde.
O superintendente Regional do Ministério do Trabalho e Emprego de São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, explica que o estado concentra mais de 50% da produção do país, por isso tem um desafio maior no enfrentamento desses problemas. “Prevenção não é despesa, mas investimento. Estado e empresas vão gastar menos se não houver acidentes. Temos de conscientizar os empresários e trabalhadores. Vamos começar reuniões tripartites para estabelecer, em curto prazo, metas de redução de acidentes”, afirmou.
Em maio, o Ministério do Trabalho e Emprego pretende lançar um programa de combate à informalidade no país, outro fator degradante para saúde do trabalhador. Segundo o ministro Manoel Dias, as estatísticas tendem a ocultar um cenário ainda pior, já que não incluem dados do setor informal, nem do funcionalismo público. “Vamos alcançar todas as empresas, especialmente as menores, com as tecnologias que temos disponíveis para isso. Com isso vamos conhecer outros números, a exemplo do que está acontecendo com o trabalho escravo e trabalho infantil, que não aumentaram mas se tornaram conhecidos devidos às ações de fiscalização desenvolvidas”.
O Ministério Público do Trabalho (MPT), por sua vez, informa ter elaborado projetos destinado à melhoria da condições de trabalhado em setores altamente vulneráveis, como construção civil e pesada, sucroalcooleiro e frigoríficos, e ao banimento do amianto. “O trabalhador deve ser visto como sujeito no ambiente do trabalho e não como objeto, visado apenas para aumentar os lucros”, disse a procuradora-chefe do MPT-SP, Cláudia Regina Lovato Franco.
“Acidentes são eventos socialmente determinados. São previsíveis e possíveis de prevenir. Estão por traz dessas mortes prazos de entrega, obsessão por resultados, flexibilidade e falta de democracia nos locais de trabalho. Precisamos refletir”, diz o pesquisador Ildeberto Muniz de Almeida, Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu."
Fonte: CUT-RS
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