Terceirizados da Petrobrás que trabalham na ampliação da Usina Termoelétrica Julio Carlos Prestes, em Três Lagoas (MS), entraram em greve na última segunda-feira (23) reivindicando melhores condições de trabalho, reajuste salarial em mesmo nível para todos os cargos, aumento nos percentuais pagos sobre as horas extras, melhorias em transportes e alimentação. Até agora, só receberam como resposta a intransigência e a retirada de direitos.
Há três dias as empresas resolveram cortar a alimentação dos operários. Segundo informa Luiz Carlos de Queiroz, secretário de Políticas Sociais da Conticom/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira), a situação se agrava a cada dia. Isso porque o canteiro de obras fica longe da cidade (25km) e o tíquete alimentação só é aceito no centro. As empresas não fornecem transporte e aqueles que necessitam ir à cidade precisam pagar R$25,00 de táxi.
“Há casos também de atraso no pagamento do tíquete alimentação. Os operários estão se alimentando a base de bolachas e salgadinhos disponibilizados pela CUT e pela Conticom. Porém, os alimentos que tinham nos mercados locais acabaram. A fome e a falta de perspectiva para resolução dos problemas tornam a situação insustentável”, alerta Queiroz.
Para o dirigente da Conticom, as empresas estão levando as negociações a ‘banho Maria’ esperando uma intervenção do Ministério Público do Trabalho. O problema é que a sede do Ministério fica na capital, Campo Grande, a cerca de 400 quilômetros dos canteiros de obra, o que demandará um tempo até que cheguem no local.
“Precisamos de uma resolução para agora. É lógico que nós saudamos uma mediação feita pelo Ministério do Trabalho, mas essa é uma negociação que precisa ser resolvida por empregados e empregadores. O que está em jogo não é a legalidade da greve, mas sim uma resolução que garanta os direitos dos operários”, destaca Queiroz.
Seu temor baseia-se em contínuas ações capitaneadas pelas empresas visando o enfraquecimento do movimento grevista. Na manhã desta sexta-feira (27), por exemplo, representantes da CUT, da Conticom e da Fetricom (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul) receberam denúncias de que uma das terceirizadas estava segurando os operários dentro de um ônibus a três quilômetros da obra para impedir que fossem ao canteiro.
“Privar alguém da liberdade caracteriza cárcere privado. Os trabalhadores têm o livre direito de participar ou não do movimento grevista e estas ações intransigentes não irão enfraquecer nosso movimento”, pontua o dirigente da Conticom.
“Tudo isso é responsabilidade da Petrobrás. É lamentável que uma empresa estatal que preza tanto pelo aspecto social aceite casos de cárcere privado, recusa no fornecimento de alimentação para os operários, além de outros problemas corriqueiros, como pisos salariais diferenciados, falta de transporte, alojamentos precários.”"
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