quinta-feira, 28 de abril de 2011

Energia: “Para atender a demanda, surgem novas fábricas” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Rosangela Capozoli

Depois de um salto de até 50% na receita de 2010 sobre o ano anterior, empresas de equipamentos do setor de energia prometem repetir a dose em 2011. Entre outras frentes, os investimentos estão concentrados na abertura de novas fábricas para atender a demanda e aumentar o índice de nacionalização dos produtos. Líder em equipamentos e serviços para geração e transmissão de energia, a Alstom Brasil inaugura em setembro a unidade fabril em Camaçari, na Bahia, para produzir aerogeradores. A alemã Siemens mantém segredo, mas confirma que as negociações para abertura de novas unidades fabris já estão adiantadas. A ABB do Brasil segue a mesma rota e, no princípio de abril, inaugurou sua fábrica de transformadores de distribuição a seco em Blumenau, Santa Cataria.
Os projetos anunciados pelo governo na área de energia justificam o otimismo. Somente a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, que deverá ser a segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), consumirá estimados R$ 19 bilhões e será a maior empresa 100% nacional em capacidade de geração de energia, só perdendo para a binacional Itaipu. O PAC 2 prevê a construção de 54 hidrelétricas, totalizando R$ 115 bilhões de investimentos e capacidade de geração de 47,8 mil MW de energia, dos quais R$ 93,3 bilhões devem ser utilizados até 2014.
"O Brasil e a América Latina representam um terço do volume mundial de negócios da Alstom no setor de geração hidrelétrica e o principal mercado é o Brasil. No exercício fiscal 2009/2010, que fechou em abril, a receita da Alstom cresceu 50% em relação aos dois anos anteriores. O setor mostra uma tendência de retomada nos grandes projetos hidrelétricos no Brasil", afirma Marcos Costa, vice-presidente da Alstom Brasil. A intenção das empresas é elevar o índice de nacionalização da produção, fator importante na garantia de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os empresários sabem de cor que para serem competitivos diante dos produtos internacionais é preciso contar com o apoio do banco. Em um mercado aquecido como o brasileiro e com garantia de alta demanda nada melhor que abrir mais fábricas no país e garantir financiamentos com juros bastante atraentes, na casa dos 5% ao ano. Essas normas especiais de empréstimo são aplicadas apenas aos equipamentos com índice de nacionalização a partir de 60%, exigência feito pelo Finame.
Depois de investir R$ R$ 150 milhões no país em 2010, a Siemens Brasil adianta que o aquecimento do mercado exigirá novos aportes financeiros. "Em 2011, o investimento será superior a esse montante. Hoje, os equipamentos e sistemas da Siemens são responsáveis por 50% da energia elétrica gerada no país e por mais de 25% das telecomunicações", afirma Newton Duarte, diretor de energia. Faz parte dos planos da alemã abrir novas fábricas no Brasil. "Estamos na fase de desenvolvimento de novas unidades, mas em parceria com nossos fornecedores. A maior parte será instalada no Estado de São Paulo e também em outros Estados brasileiros. O objetivo é fabricar geradores eólicos, torres e cubos", diz.
Américo Nunes, diretor-superintendente de produtos de potência da ABB Brasil, líder em tecnologias de potência e de automação, trabalha com índices acentuados no nível de encomenda para os próximos anos. "A nossa meta entre 2010 e 2015 é mais que dobrar o faturamento da empresa no Brasil. Os investimentos previstos totalizam R$ 50 milhões em expansão de transformadores, produtos de alta tensão e média tensão. A nossa política está muito em linha com a política do governo, ou seja, de agregar mais valor no Brasil."
Segundo ele, o Brasil responde por 4% do faturamento da empresa no mundo e a capacidade de produção das duas fábricas em Guarulhos, na Grande São Paulo, está no limite. "Temos um portfólio completo no mundo na área de energia e automação e produtos que antes eram importados devem passar a ser produzidos aqui, atingindo o índice de nacionalização. Estamos centrados nisso. Devemos cada vez mais deixar de importar e passar a produzir localmente para atende os mercados", diz. E acrescenta: "novas fábricas serão abertas no curto prazo". Em abril, a ABB inaugurou a indústria de transformadores de distribuição a seco em Blumenau (SC). Sua implantação ocorre em duas etapas: a primeira, com fabricação de produtos de até 5 MVA (auto-transformador trifásico). Nas segunda, o objetivo é alcançar 10 MVA.”


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