quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

“Vencido debate do mínimo, cobrança é para definir cargos” (Fonte: O Estado de S. Paulo)

“Expectativa na base é que Dilma defina nos próximos dias os cargos do segundo escalão; aliados querem ainda discutir fator previdenciário

A votação do salário mínimo pelo Senado, iniciada na tarde de ontem, encerra uma fase de espera imposta pela presidente Dilma Rousseff para dar andamento às nomeações do segundo escalão do governo federal. Os líderes da base aliada acreditam que a partir da próxima semana pendências sobre o tema começarão a ser resolvidas. Além disso, dissidentes da base querem votar o fim do fator previdenciário, que abriria uma nova frente de batalha para o Planalto.

PT e PMDB travaram no Congresso uma batalha para ver quem é mais leal a Dilma e agora querem ver seu esforço reconhecido pela presidente. Na Câmara, os peemedebistas deram 100% dos votos ao governo, enquanto o PT teve dissidências. No Senado, o PT conseguiu converter o dissidente Paulo Paim (RS) e o líder Humberto Costa (PE) dava como certo o apóio de todos os petistas ao mínimo de R$ 545.

O PMDB busca cargos no setor elétrico e em bancos públicos. Os nomes do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do ex-governador José Maranhão estão na mesa para cargos de diretoria da Caixa Econômica Federal.

Orlando Pessuti, ex-governador do Paraná, pode ser encaixado na diretoria de governo do Banco do Brasil.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), trabalha para ter à frente da Eletronorte o aliado José Antônio Muniz Lopes, ex-presidente da Eletrobras. O PT, que comanda a maioria dos ministérios, quer manter sua preponderância no segundo escalão. O foco está em áreas que possam trazer dividendos nas eleições do próximo ano. Derrotado nas eleições para o Senado, o ex-deputado Vignatti, por exemplo, pode ficar com a presidência da Eletrosul.

O PDT, que precisou conter uma rebelião na Câmara para ficar ao lado do governo, tentará agora emplacar o ex-senador Osmar Dias na vice-presidência de Agronegócio do Banco do Brasil.

Fator Previdenciário

A compensação aos aliados virá também em “prestígio político”. Paulo Paim (PT-RS), que ameaçava votar contra o governo, foi chamado ao Palácio do Planalto para conversar com a presidente. Saiu de lá votando a favor dos R$ 545 e dizendo ter uma promessa de debate com o governo de bandeiras de sua campanha, como o fim do fator previdenciário e o reajuste de aposentados que ganham acima de um mínimo.

O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, afirmou ontem que não é possível apenas eliminar o fator. Ele defendeu a discussão de um mecanismo para substituir o modelo atual.
Uma das ideias levantadas é definir uma idade mínima para a aposentadoria do INSS. Outro tema na mesa é um projeto que tramita na Câmara trocando o fator previdenciário por um sistema que leve em conta apenas a idade e o tempo de contribuição do trabalhador. O projeto é relatado por Pepe Vargas (PT-RS) e tem simpatias na base aliada.

Este debate, porém, não está na pauta dos líderes. O petista Humberto Costa (PE) avisou que não houve qualquer condicionante para conseguir o voto de Paim. Em meio ao cenário de ajuste fiscal, dificilmente o governo mexerá na Previdência.

Votação

Ganhou destaque ontem na votação no Senado a possibilidade de se reajustar o mínimo por decreto até 2015.A oposição protestou: “Querem acabar com o debate política sobre o salário mínimo”, disse Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

O líder do governo e relatar do projeto do mínimo, Romero Jucá (PMDB-RR), minimizou ontem as críticas e afirmou que o decreto é apenas um desdobramento da lei e que não retira prerrogativas do Legislativo.”



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