"Hoje será um dia decisivo para o futuro da Brasil Foods — empresa criada com a compra da Sadia pela Perdigão. O processo deve retornar ao plenário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) após ter sido adiado na última sessão. A grande vitória para a empresa seria um novo pedido de vistas do conselheiro Ricardo Ruiz ou de qualquer outro integrante, que possa dar mais tempo para que executivos negociem com o órgão antitruste a aprovação do negócio, mesmo com restrições.
Na semana passada, o relator do processo, Carlos Ragazzo, votou contra a aprovação do negócio e recomendou que a fusão, que criou a maior exportadora mundial de aves, seja desfeita. O anúncio afetou as ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo. A estimativa é que, após o voto de Ragazzo, o valor de mercado da BR Foods tenha desidratado em R$ 2,7 bilhões, pouco mais de 10% do montante até 31 de maio, ameaçando o futuro de uma das líderes globais no processamento de proteína animal. Apesar da força no cenário internacional, a empresa pode dominar o mercado interno, de forma que concorrentes menores sejam obrigados a abandonar as atividades.
Batalha
Após o pedido de adiamento, feito por Ruiz, a esperança dos executivos da companhia é que outros conselheiros analisem melhor o processo. O atraso, inclusive, foi visto como um ponto favorável para que eles possam reconsiderar possíveis votos contrários à negociação. Mas a batalha não será fácil. Atualmente, o plenário do Cade é formado por pessoas consideradas extremamente técnicas e com pouco apelo a situações políticas.
Por enquanto, a BR Foods espera resolver a situação no próprio Cade, acatando as eventuais recomendações do órgão e evitando o desgaste nos tribunais. Um processo judicial poderia se arrastar por anos e prejudicaria intensamente a imagem da empresa, já abalada desde o começo do mês.
Insatisfação
Não são apenas os executivos da BR Foods que estão frustrados com o voto do relator Carlos Ragazzo. Fontes do governo alegam que a rejeição do negócio entre as duas empresas vai contra todo o esforço feito pelas autoridades, nos últimos anos, para criar companhias fortes e competitivas no mercado global. Apesar disso, o Executivo não tem poder de interferir nas decisões do Cade, que é independente."
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