“Autor: Ricardo Rego Monteiro
Projeto que começaria em 2013 será realizado neste ano e no próximo em cinco blocos na Bacia do São Francisco
A Shell Brasil, subsidiária da anglo-holandesa Royal Dutch Shell no país, vai aplicar tecnologias de exploração do chamado gás não convencional, desenvolvidas no exterior, para explorar o insumo em terra, no Brasil, em parceria com a mineradora Vale. Presidente da petrolífera no país, André Araújo não revela valores do investimento, mas justifica o projeto, na Bacia do São Francisco, no norte de Minas Gerais, como consequência da maior importância que o gás alcançou para a empresa nos últimos anos. Em 2012, a produção do insumo pela Shell, no mundo, vai superar a de petróleo pela primeira vez na história.
"Vamos antecipar o programa exploratório em cinco blocos que detemos em terra na Bacia do São Francisco, arrematados na 10a Rodada (de licitações da Agência Nacional do Petróleo ANP), e cujos contratos foram assinados em junho de 2009", revelou o presidente da Shell ao BRASIL ECONÔMICO. "A pedido do governo mineiro, decidimos antecipar o cronograma para fazer a sísmica ao longo de 2011 e 2012, em vez de iniciarmos em 2013." Uma das grandes novidades tecnológicas dos últimos anos, junto com a descoberta do pré-sal, as reservas não convencionais de gás representaram um salto para o setor, ao permitir a ampliação da oferta de hidrocarbonetos em mercados como Estados Unidos, Canadá e China. Encontradas na natureza sob a forma de tight gás, as reservas estão incrustadas, sob a forma líquida, em rochas e areias, ou, em estado gasoso, em algumas minas de carvão.
A partir da experiência adquirida no exterior, técnicos da empresa alimentam expectativa de encontrar reservatórios de tight gás no Norte de Minas.
Para isso, vão colocar em prática um cronograma, ao longo de 2011, que prevê 503 quilômetros de sísmica 2D (processo de pesquisa geológica). A expectativa é que o projeto conte com a parceria da Vale, que aguarda apenas autorização da ANP para assumir 40% de participação nos blocos.
O gás natural, esclarece Araújo, tornou-se prioridade para a Shell entre os combustíveis fósseis, nos próximos anos, para a transição até a massificação de opções alternativas como o etanol e a energia solar. Embora o executivo faça questão de prever a prevalência do petróleo nas próximas décadas, a companhia mantém-se atenta à realidade, marcada pelo menor acesso às reservas de hidrocarbonetos.
"Até 2050, o consumo de energia deve dobrar no mundo, o que deverá sustentar o consumo de combustíveis fósseis ainda por um bom tempo. Por isso, acreditamos que há espaço para o crescimento de todas as fontes de energia", avalia.
Sem comprador para Bem-Te-Vi O executivo recorre não só aos planos de explorar gás natural, mas também às descobertas de petróleo do ano passado, para refutar as especulações de que a matriz mundial estaria insatisfeita com os rumos da empresa em território brasileiro. A suspeita foi levantada por especialistas do setor, em agosto do ano passado, diante do anúncio da venda de uma série de blocos na Bacia de Santos, até mesmo em reservatórios do pré-sal. Além do BMS-8, onde se encontra o prospecto BemTe-Vi, no pré-sal, a lista inclui BMES-28, BMS-45 e BS-4.
"Também vendemos blocos, na mesma época, no Canadá e nos Estados Unidos, assim como refinarias no Reino Unido. Nossa intenção era levantar US$ 7 bilhões para fazer frente a nosso plano de investimentos de US$ 30 bilhões por ano", justifica o executivo, ao admitir que ainda não encontrou compradores para as participações.”
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