“Autor(es): Cristiano Romero | De Brasília |
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Depois de oito anos, Guilherme Lacerda está deixando a presidência da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), o terceiro maior do país, com patrimônio de R$ 43,8 bilhões. Segundo fontes do governo, Carlos Caser, funcionário de carreira da Caixa, atual secretário-geral da Funcef e ex-diretor de benefícios e de controladoria do fundo, foi escolhido na terça-feira, em reunião comandada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Assim como Lacerda, Caser tem vínculo com o PT. Trabalhou com o senador Wellington Dias (PT-PI). Tem o apoio também do grupo político ligado ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, cujo expoente é o deputado Ricardo Berzoini (SP). Com a nomeação, a presidente Dilma Rousseff atende a esses aliados, que perderam prestígio e espaço no último ano do governo Lula. Outro integrante desse grupo - Carlos Borges, que deixou a vice-presidência da Caixa depois da troca de comando da instituição promovida há pouco mais de um mês pela presidente Dilma - será nomeado diretor de participações imobiliárias da Funcef, no lugar de Luiz Philippe Torelly. A Funcef foi o segundo fundo de pensão que mais cresceu nos últimos oito anos. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), entre dezembro de 2002 e novembro de 2010, seu patrimônio cresceu 327,8%, uma expansão menor apenas que a do Banesprev, o fundo dos funcionários do Banespa (hoje, Santander). Desde 2003, a Funcef vem crescendo a uma taxa bem superior à da média dos fundos de pensão filiados à Abrapp. Em relação ao ano 2000, o patrimônio cresceu 370,6%. No mesmo período, os ativos do chamado sistema Abrapp avançaram 272,17%. Hoje, a Funcef é menor apenas que a Previ (fundo dos funcionários do Banco do Brasil, que possui patrimônio de 145,7 bilhões) e a Petros (R$ 48,1 bilhões), dos empregados da Petrobras. "Quando cheguei aqui, o patrimônio da Funcef era inferior a R$ 10 bilhões", disse Guilherme Lacerda em entrevista ao Valor. "Nesse período, o único crescimento não-orgânico [que não decorreu de investimentos] foram R$ 2,7 bilhões, pagos em 2003, de uma dívida da Caixa com o fundo." Lacerda, que entregará o cargo ao sucessor na próxima quarta-feira, em Brasília, comemora também o crescimento da rentabilidade da Funcef em sua gestão. De fato, nos últimos oito anos, a rentabilidade acumulada dos ativos do fundo - 300,25% - superou com facilidade a meta atuarial acumulada - 145,97%. No período, em apenas um ano (2008), o da crise financeira mundial, a rentabilidade ficou abaixo da meta atuarial - 1,74%, face a 12,34% (ver gráfico). Lacerda destaca o fato de a Funcef ter tirado proveito da aceleração do crescimento da economia brasileira. Em 2007, por exemplo, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,09%, a rentabilidade atingiu 23,34%, o melhor desempenho dos últimos oito anos. Naquele ano, a meta atuarial foi de 10,94%. Os bons resultados permitiram à Funcef reduzir a meta atuarial a partir de 2007 - antes, era INPC mais 6% ao ano; hoje, é INPC mais 5,5%. Segundo Lacerda, se desejar, o fundo pode promover nova redução, uma vez que acumulou recursos financeiros para isso. Ele explicou que, com a estabilização da economia brasileira e a queda da taxa de juros a médio e longo prazo, a tendência é que os fundos de pensão diminuam suas metas atuariais, aproximando-as das existente em economias avançadas (inflação mais 3% a 4% ao ano). "Adotamos uma série de medidas que nos permitiram acumular R$ 13,2 bilhões. Gastamos, do total, R$ 1,65 bilhão para reduzir a meta atuarial em 2007 e ainda temos R$ 560 milhões em caixa para uma nova decisão nessa direção", contou Lacerda. Em 2003, a Funcef tinha 47% de seu patrimônio aplicado em juros (ativos atrelados à variação do CDI/taxa Selic), 29% em renda variável, investimentos imobiliários e fundos de investimento em participações (segmentos que Lacerda chama de "crescimento") e 25% em ativos atrelados a índices de preços (batizados pelo executivo de "inflação"). Já antevendo a queda estrutural dos juros que ocorreria nos anos seguintes - a taxa básica de juros (Selic) diminuiu de 26,5% em janeiro de 2003 para 10,75% ao ano em dezembro de 2010 -, Lacerda decidiu reduzir gradualmente a exposição da Funcef à renda fixa e aumentar as aplicações em "crescimento" e "inflação". Nos primeiros quatro anos de sua gestão, esse movimento se deu de maneira lenta porque a Selic ainda era elevada, mas no segundo quadriênio a mudança foi acelerada. Em março deste ano, a Funcef possuía 49% dos seus ativos investidos em ações, imóveis e private equity, esta modalidade por meio dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs). O patrimônio aplicado em juros encolheu para 9% do total e o relacionado à inflação, para 42%. "Junto com a Petros, ajudamos a criar o ambiente no Brasil para os investimentos em participações. Em 2004, a Comissão de Valores Mobiliários regulamentou os FIPs e, em 2008, autorizou que respondêssemos por até 25% de cada fundo", observou Lacerda. Esses investimentos, uma grande parte deles destinada a projetos de infraestrutura, têm ainda rentabilidade baixa. "O rendimento virá quando eles amadurecerem. Estamos presentes hoje em mais de 140 empresas." Para a rentabilidade de curto prazo, a estratégia da Funcef entre 2003 e 2008 foi investir pesadamente em imóveis (shopping centers, lojas e prédios comerciais, etc.). "Temos a maior participação relativa nesse segmento - 8% do nosso patrimônio. A média do mercado é algo entre 2% e 3%", comparou Lacerda. Apesar dos números positivos, um tema que incomoda a Funcef é a Vale. O fundo tem quase 20% do seu patrimônio aplicado na empresa, mas, ainda assim, não tem assento no Conselho de Administração por causa da estrutura societária que resultou do descruzamento acionário entre Vale e Companhia Siderúrgica Nacional. "A governança da estrutura societária da Vale é perversa para nós", criticou Lacerda, que reclama do fato de o fundo não participar da reunião prévia do conselho. "Estamos mais animados agora porque há disposição de diálogo dos acionistas para tratarmos disso." Para os próximos anos, Lacerda acredita que as oportunidades de investimento estarão na área de infraestrutura. "A Funcef deve entrar com a Invepar [empresa de participações da qual detém 20,31% do capital] nos aeroportos", revelou ele. O fundo está investindo também na compra de sondas petrolíferas, por meio da empresa Sete Brasil, da qual deterá, em breve, 20% do capital. O plano é alugar sondas para a Petrobras.” Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/AdvocaciaGarcez Cadastre-se para receber a newsletter da Advocacia Garcez em nosso site: http://www.advocaciagarcez.adv.br |
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sexta-feira, 6 de maio de 2011
CEF: “Com desempenho acima do mercado, Funcef troca comando” (Fonte: Valor Econômico)
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