sexta-feira, 15 de abril de 2011

“Cronograma de Jirau será revisto e antecipação fica difícil” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Paulo de Tarso Lyra | De Brasília

Governo, empresas e centrais sindicais vão discutir um novo cronograma para a conclusão das obras de Jirau, segundo algumas pessoas presentes à reunião de ontem em Brasília. Teria havido um consenso de que a antecipação do prazo de conclusão da obra de janeiro de 2013 para março de 2012 - quando estava prevista a entrada em operação da primeira turbina - contribuiu para o motim ocorrido entre os operários há quase um mês. Para acelerar a entrada da usina em funcionamento, a Camargo Corrêa teria contratado mais trabalhadores - o total de empregados teria chegado a 26 mil - e terceirizado serviços, gerando insatisfação e revolta. O novo cronograma será acertado em assembleias a serem realizadas no próprio local da obra.
A Camargo Corrêa, construtora responsável pela obra de Jirau e que também é sócia do projeto, com 10%, informou que "os trabalhos em Jirau estão sendo retomados gradualmente e que está discutindo o replanejamento da obra". A empresa não fala sobre qualquer atraso no cronograma da obra. Victor Paranhos, presidente do consórcio Energia Sustentável, disse que a empresa está "trabalhando devagarzinho" e refazendo o cronograma da obra com suas equipes de engenharia, mas frisou que toda a relação trabalhista é responsabilidade da Camargo Corrêa. Para o executivo, está mantida a expectativa de antecipação da obra em um ano.
Alterar o cronograma da obra, contudo, gera um outro problema. Sem a necessidade de um contingente maior de trabalhadores, tornam-se inevitáveis as demissões. As centrais sindicais querem que esse processo seja negociado. "Existe sim uma preocupação social. A situação lá já está explosiva", afirmou o secretário nacional de relações do trabalho da CUT, Manoel Messias Melo.
A intenção dos sindicatos é acompanhar de perto essas negociações. Após a crise em Jirau, aproximadamente nove mil trabalhadores voltaram para suas cidades de origem. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Construção e de Madeira da CUT, Luiz Carlos José de Queiroz, muitos desses trabalhadores não querem voltar ao trabalho. "Podemos negociar a demissão voluntária para que eles não percam os benefícios", disse Luiz Carlos.
Para o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, a possibilidade de demissões não vai gerar uma imagem negativa para o governo federal. "As demissões são naturais. Até porque a Camargo Corrêa fez uma autocrítica e sabia que contratou mais gente do que seria adequado frente à pressão do consórcio para que acelerasse as obras. Era necessária uma redução do contingente", afirmou Carvalho ao fim da reunião.
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a maior prova do êxito na mesa de negociações é o fato de as greves que atingiram grandes obras do PAC, como Jirau, Santo Antônio e os portos de Pecém (CE) e Suape (PE), terem sido encerradas. "Estamos negociando para estabelecer um marco regulatório para grandes obras de infraestrutura", disse o ministro, sem determinar prazo para a elaboração desse documento.
Carlos Lupi negou que as delegacias regionais do Trabalho tenham falhado na fiscalização nas obras de Jirau e Santo Antonio. O próprio ministro esteve no local no início desta semana e constatou diversas irregularidades, inclusive registros no Sistema Nacional de Emprego (SINE) adulterados. "São grandes obras, muitas das quais envolvendo 25 mil trabalhadores, um contingente maior que a população de várias cidades brasileiras", afirmou o ministro.
Ele lembrou que as DRTs fizeram algumas autuações nos locais, mas a demanda é superior à possibilidade de controle total por parte do governo. Lupi poupou também as empresas no episódio, afirmando que muitas contratações consideradas irregulares não foram feitas por má-fé. "Um consórcio ganhava uma grande obra e contratava os melhores empregados da região. Quando outra empresa vencia uma nova licitação, tinha que buscar mão-de-obra de fora, o que encarece o processo", justificou o ministro do Trabalho.
Para Gilberto Carvalho, além do esforço conjunto para eliminar os chamados "gatos" - intermediários que atuam ilegalmente na contratação dos trabalhadores - outro ganho foi a composição da comissão tripartite, com seis representantes do governo, das empresas e dos trabalhadores, para acompanhar o andamento das obras. "Teremos também as comissões nos mesmos moldes das que existem dentro das fábricas. Cada grande obra do Brasil vai ter daqui para frente uma comissão interna para evitar a violência e a falta de diálogo", afirmou o secretário-geral da presidência. (Colaborou Cláudia Schüffner, do Rio)”


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