sexta-feira, 18 de março de 2011

“Ganho real foi recorde em 2010” (Fonte: Correio Braziliense)


“Autor(es): Cristiane Bonfanti

 Salários tiveram os maiores reajustes acima da inflação desde 1996, segundo aponta o Dieese

As negociações salariais registraram em 2010 a maior proporção de reajustes com aumento real, acima da inflação, desde 1996, quando o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos iniciou a série histórica. Ao todo, 88,7% das 700 negociações analisadas nos setores da indústria, do comércio e de serviços conquistaram ganhos reais para os salários dos trabalhadores. Em 2009, esse percentual chegou a 79,6% e em 2008, a 78%.

Pelos dados do estudo, no ano passado, 106 negociações, ou 15% do total, apresentaram ganhos reais superiores a 3%. Em 2008 e 2009, esses índices chegaram a 4% e 5%, respectivamente. No que diz respeito aos ganhos superiores a 5%, a mesma tendência foi verificada: 28 negociações (ou 4%) em 2010, ante duas em 2008 (0,3%) e 10 (1,4%) em 2009. Do total de acordos estudados, cerca de 96% conseguiram ao menos repor a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, explicou que os resultados refletiram o bom desempenho da economia ao longo do ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB — soma das riquezas do país) cresceu 7,5%. “Podemos citar aí a ação dos próprios sindicatos, que têm sido mais proativos. Além disso, a política de elevação do salário mínimo é balizadora das negociações. Se o piso cresce, as reivindicações tendem a ser maiores”, afirmou.

O comércio foi o setor econômico que apresentou a maior proporção de negociações com ganhos reais em 2010 — 96% do total. Com mais dinheiro no bolso e confiança no futuro, os brasileiros foram às compras — o consumo das famílias atingiu R$ 2,226 trilhões no ano passado, 7% a mais que em 2009 — e garantiram o aquecimento do varejo e, consequentemente, as melhorias para os trabalhadores. Na indústria e nos serviços, 91% e 83% das negociações apresentaram aumento real, respectivamente.

Limites em 2011
Para o coordenador do Dieese, as perspectivas para 2011 são menos otimistas. “Esperamos aí um crescimento do PIB entre 4% e 4,5%, num patamar menor que o observado no ano passado. A tendência é que não tenhamos a mesma proporção de reajustes acima da inflação”, observou.

Quem concorda com Oliveira é o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), Fábio Pina. “Em anos menos aquecidos, como 2003 e 2008, o número de negociações com ganhos reais foi menor”, lembrou. Os empregados garantem que vão lutar por ganhos reais. “O comércio vai continuar aquecido em 2011. Com as vendas no mesmo patamar, vamos batalhar por dias melhores, aumentos e outros benefícios”, garantiu o secretário de assuntos jurídicos e trabalhistas do Sindicato dos Empregados no Comércio no Distrito Federal, Jucelino Alves de Souza.

Diferenças regionais

As cinco regiões do Brasil registraram aumentos reais de salários em pelo menos 83% das negociações analisadas, com destaque para o Centro-Oeste (94%) e o Sul (92%). As regiões Norte, Nordeste e Sudeste apresentaram percentuais parecidos de acordos com aumentos superiores à inflação, em torno de 87% cada. No Norte, houve a maior incidência de reajustes que apenas se igualaram à inflação: 11%.

Conquistas
Distribuição dos reajustes salariais em comparação com o INPC do IBGE

Aumentos    2008    2009    2010

Acima da inflação    78%    79,6%    88,7%

Mais de 5%    0,3%    1,4%    4%

De 4,01% a 5%    0,7%    1,1%    2,7%

De 3,01% a 4%    3,1%    2,7%    8,4%

De 2,01% a 3%   9,7%    11,3%    17,7%

De 1,01% a 2%    29%    26%    28,3%

De 0,01% a 1%    35,1%    37%    27,6%

Igual à inflação    11%    11,9%    7%

Abaixo do INPC    11%    8,6%    4,3%

Fonte: Dieese.”

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