“O pesquisador Juan Cole, professor da Universidade de Michigan, trata como um mito a avaliação de que a protestos no Norte da África e no Oriente Médio ocorreu por causa de redes sociais na internet. Ele considera esse aspecto como o principal mito da cobertura promovida até aqui, alegando que sindicatos e organizações de fábrica foram mais decisivos.
Além desse, outros mitos dizem respeito ao receio de que radicais muçulmanos controlariam os países que vivem crises políticas. Ele cita pleitos no Paquistão e no Iraque pós-Saddam Hussein como exemplos de desfechos diferentes.
Cole diferencia ainda a posição de clérigos destacados pela imprensa internacional e a figura dos aiatolás no Irã, principal referência de radicalismo religioso no universo político. "Nada leva a crer que os movimentos de jovens e de sindicatos que arrancaram Hosni Mubarak estejam interessados em seguir cegamente as opiniões de Qaradawi", opina.
Ele ainda descarta a influência iraniana em Bahrein e a ideia de que as mulheres são humilhadas e subjulgadas em todos os países de maioria muçulmana sem distinção. "Pare de generalizar para 1,5 bilhão de muçulmanos, considerando só os 22 milhões que vivem na Arábia Saudita wahhabista – único país em que as mulheres são proibidas de dirigir automóveis, e homens votam (em eleições municipais e só), mas as mulheres, não", propõe.
A referência ao regime saudita deve-se ao fato de que se trata de um dos principais aliados dos Estados Unidos na região, apesar de manter o regime mais duro e autoritário, com menos liberdades civis e menos direitos para as mulheres.”
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