quinta-feira, 2 de junho de 2011

Parque Tecnológico da UFRJ: “De balneário a Vale da Energia” (Fonte: Valor Econômico)


“Autor(es): Heloisa Magalhães 

Quatro candidatas de peso, mas apenas três vagas. Siemens, Vallourec & Mannesmann, EMC2 e Grupo BG concorrem aos três últimos terrenos disponíveis para instalar centros de pesquisas e desenvolvimento no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Zona Norte da cidade. O resultado sai dia 7.
Com a chegada de mais três multinacionais, além dos sete importantes atores do mercado de petróleo e energia que anunciaram investimentos, o Rio está frente à grande chance de dar um salto em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e com interação com o mundo acadêmico. Todas as empresas que ainda disputam seu lugar ao sol na Ilha do Fundão, onde fica o Parque Tecnológico, já tiveram os projetos técnicos habilitados.
A definição de quem ocupará os últimos 240 mil metros quadrados disponíveis sairá de um fórum, formado por procuradores da República que atuam na UFRJ, representantes da Fundação Coppetec, do governo do Estado e da Prefeitura do Rio.
As empresas submeteram os respectivos projetos a um comitê. Demonstraram qual vai ser a cooperação com a universidade e informaram os investimentos previstos.

Há só mais três terrenos no Parque Tecnológico da UFRJ

As avaliações são de que nada é inferior a US$ 50 milhões, mas vale destacar que se trata de informação dos corredores da universidade. A questão central hoje é que, se todas preenchem as condições, nenhuma delas deveria ficar de fora. E tem mais empresas de olho no parque - a Embraer já teria demonstrado interesse.
O desafio agora é aumentar o espaço físico para abrigar centros de pesquisas. Quem visita a Ilha do Fundão, onde está parte da UFRJ, fica impressionado com as áreas imensas sem nenhuma ocupação e com o abandono do local. Constantemente alunos e professores são alvo de assaltos.
Maurício Guedes, diretor-geral da Fundação Parque Tecnológico, explica que não tem como ocupar essas áreas, que estão todas reservadas. Informa que há em andamento um plano de expansão de transferência de outras unidades da universidade espalhadas pela cidade para o Fundão. Diz que a UFRJ trabalha com a meta de até 2020 dobrar o número de alunos.
Não há quem possa criticar uma proposta de modernização e ampliação da UFRJ. Mas diante do cenário atual, o sentimento é de ceticismo quanto ao início das obras, enquanto na área do parque o que se vê são muitas obras em andamento e a presença de mais de 15 pequenas empresas incubadas nascidas na universidade.
Como a máquina corporativa e o pré-sal não podem esperar, a torcida é que avancem rapidamente as negociações que estão em curso com o Exército, que dispõe de 250 mil metros quadrados bem próximos dali.
O terreno hoje é ocupado, basicamente, por uma bela igrejinha de valor histórico que, obviamente, precisa ser preservada. O restante está reservado para construção de casas para militares. Com belas reentrâncias na Baía da Guanabara, a área é pouco menor do que a do parque. Este foi estimado em tempos menos promissores, anteriores ao pré-sal e tem 350 mil metros quadrados.
Segen Estefen, diretor de tecnologia e inovação da Coppe, o instituto de pós-graduação e pesquisa de engenharia da UFRJ, diz que o Brasil tem mais de 50 anos de investimentos em pesquisas e desenvolvimento por meio do CNPq, BNDES, Finep, Capes.
Para ele, o que essas grandes empresas estão constatando é que existe um sistema de ciência e tecnologia bastante desenvolvido e havia poucas oportunidades de transferência do conhecimento. Estefen avalia que poucas empresas no país têm apetite para o conhecimento científico. "Trata-se da primeira grande oportunidade para que a sinergia aconteça", diz.
Estefen lembra que a Coppe e a Petrobras desenvolvem há mais de 30 anos parceria de sucesso. Ali, vizinho, está o Cenpes (centro de pesquisas da estatal). Coppe e Cenpes transferiram conhecimento para formar quadros importantes e desenvolver pesquisas para liderança em águas profundas, diz ele.
A primeira empresa a inaugurar seu centro de pesquisas no parque foi a francesa Schlumberger, uma das três maiores prestadoras de serviços de perfuração de poços. GE, FMC Technologies, Baker Hughes, Halliburton, Tenaris Confab e Usiminas já iniciaram as obras previstas para terminar no ano que vem.
Segundo informações da Rio Negócios, a previsão é que as sete empresas contratem 1,4 mil pesquisadores e invistam cerca de R$ 760 milhões apenas em infraestrutura e equipamentos.
Só o investimento da GE é na faixa dos US$ 100 milhões. Vai se voltar para o desenvolvimento de tecnologias avançadas para as indústrias de óleo e gás, energias renováveis, mineração, transporte ferroviário e aviação. A IBM instalou uma unidade de pesquisas na sede no bairro de Botafogo formada por PhDs voltada para óleo e gás.
Guedes lembra que há 15, 20 anos, não se poderia imaginar uma disputa tão acirrada no Rio de empresas voltadas para pesquisas em segmentos tão sofisticados. O Rio foi historicamente líder na formação de mestres e doutores. Entretanto, como lembra Guedes, fica a sensação do que no passado todo esse movimento pareceria "inusitado".
O Rio do sol e do mar era apontado como balneário do Brasil nos últimos anos. Faltavam grandes investimentos. Executivos cariocas mudavam-se para São Paulo fugindo da violência urbana.
No novo cenário, obviamente ainda conturbado pelo tráfico de drogas e pelas milícias, a analogia bem de acordo com o bom humor carioca é que os americanos têm o Vale do Silício e que a cidade já tem seu "Vale da Energia", e em franca expansão.

Heloisa Magalhães é chefe da sucursal do Rio”


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