terça-feira, 10 de maio de 2011

“PLR no Paraná já chega a R$ 15 mil” (Fonte: O Estado de S. Paulo)


“Autor(es): Marcelo Rehder

No final dos anos 70 e 90, Volvo, Renault e Volkswagen escolheram a Grande Curitiba para a construção de fábricas. Além de usufruir dos benefícios da guerra fiscal entre Estados e municípios, o objetivo era escapar do sindicalismo brigão e da mão de obra cara do ABC paulista.
Na semana passada, porém, a Volvo e a Renault tiveram de concordar em pagar aos operários os maiores valores por Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) do Brasil, de R$ 15 mil e R$ 12 mil. Já a Volks enfrenta greve por não aceitar o valor reivindicado pelos trabalhadores.
A mobilização dos metalúrgicos da região, hoje o segundo maior polo de produção de veículos, surpreendeu as montadoras. Os representantes das empresas negociaram a PLR com a espada na cabeça, sob a ameaça de paralisação da produção.
"Como os acionistas vão ganhar mais lucros com o crescimento do faturamento das empresas, nada mais justo que os trabalhadores tenham contrapartida na mesma proporção", afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka.
Hoje, são os trabalhadores de regiões distantes do "combativo" ABC que paralisam fábricas e conseguem reajustes salariais maiores que os colegas da base historicamente mais mobilizada. Nos últimos cinco anos, enquanto os trabalhadores do setor automotivo da Grande Curitiba acumularam aumentos de 33,9%, no ABC o número não passou de 27%. Na Bahia, os ganhos atingiram 39,1% e no Rio Grande do Sul, 34,8%. No Vale do Paraíba, os reajustes no período foram de 33,9%. No Rio de Janeiro acumularam alta de 30,8% e em Minas Gerais, de 29,7%.
Salários. Apesar de a distância ter diminuído, os salários nas montadoras do ABC permanecem muito elevados em relação às demais regiões. A remuneração média mensal do montador em São Bernardo do Campo é de R$ 3.532,75, valor 71,5% maior que a média de R$ 2.059,74 de São José dos Pinhais (PR). Na comparação com a remuneração média em Curitiba (R$ 2.245,35), a diferença é de 57%.
Na negociação da PLR com a Volvo, chegou-se a um impasse na mesa de negociações. Nesse caso, ganha mais quem chora menos, dizem os sindicalistas.
Depois de três dias de greve, em que a Volvo deixou de produzir mais de 350 veículos, a empresa jogou a toalha, comprometendo-se a pagar R$ 15 mil por PLR a cada um dos 3,2 mil operários. O valor é 63% maior ante o de 2010.
"O sentimento é de frustração, um gosto amargo", desabafou o diretor de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos da montadora, Carlos Morassutti.
Na Renault, nem foi preciso recorrer à greve. Bastou o sindicato acenar com a possibilidade de paralisação da fábrica. Para não correr o risco de perder vendas, a montadora não viu outra saída que não fosse atender à reivindicação dos trabalhadores, que pediam PLR de R$ 12 mil.
No ABC, sindicalistas da CUT se esforçaram para não demonstrar desconforto diante das conquistas obtidas pelo sindicato da arquirrival Força Sindical, no Paraná. "É importante que acordos maiores sejam conquistados em outras regiões, onde os salários são menores", diz Vânio Guedes, da Comissão de Fábrica da Scania, em São Bernardo.
Em 2010, a PLR na Scania ficou em torno de R$ 11mil. "Este ano, a gente quer partir de R$ 11 mil para mais", diz Guedes, sem dar detalhes sobre a negociação.
Na Volkswagen de São Bernardo foi acertado, na mesa de negociações, que o valor da primeira parcela da PLR será de R$ 5,2 mil, e que a outra parcela será negociada no 2º semestre. O acordo será submetido à aprovação dos funcionários da montadora.
Para a Volks, a negociação no ABC foi bem mais tranquila que no Paraná, onde a montadora tem uma fábrica em de São José dos Pinhais.
Na quinta-feira, os operários da unidade paranaense entraram em greve por tempo indeterminado, para forçar a empresa a elevar a proposta de PLR.”


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