quinta-feira, 14 de abril de 2011

“Eike diz que energia nuclear é um 'monstro' e defende usinas a carvão” (Fonte: O Globo)

“Autor(es): agência o globo: Ramona Ordoñez

O empresário Eike Batista, oitavo homem mais rico do mundo, defendeu ontem que o governo brasileiro suspenda o projeto de instalação de novas usinas nucleares, além de Angra 1 e Angra 2, já em operação, e Angra 3, em construção. Segundo ele, a melhor alternativa para aumentar a oferta de energia nos próximos anos serão as térmicas a carvão. Para Eike, depois do acidente no Japão, com vazamento radioativo, o mundo vai investir pesado no desenvolvimento de tecnologias que consigam eliminar as emissões de CO2 (gás carbônico) das térmicas a carvão.

- Se os alemães tomaram essa decisão (de suspender programa nuclear), faz sentido. É um negócio que você não controla, é uma coisa que a humanidade não pode conviver. É um monstro, é apavorante - afirmou Eike, em entrevista pela manhã, no lançamento da Brix, a primeira bolsa de energia elétrica da América Latina.

A Eletronuclear, estatal responsável pelas centrais nucleares no Brasil, reagiu às críticas. Em um duro comunicado, a empresa afirma que Eike "se junta ao coro daqueles que vêem o acidente de Fukushima como uma oportunidade de alavancar negócios, no caso, a geração elétrica a carvão mineral importado de suas minas na Colômbia".

Objetivo de Eike é evidente, afirma a Eletronuclear

Na entrevista, Eike disse acreditar que, nos próximos três a quatro anos, as pesquisas mundiais chegarão a uma tecnologia que vai permitir instalar nas usinas térmicas catalisadores como os dos automóveis, que sequestrem o gás carbônico, que também poderia se tornar uma fonte geradora de energia.

Eike lembrou que, com as reservas recentemente descobertas nos campos do pré-sal, em breve o país terá uma superoferta de gás natural, que terá que ser usado na geração de energia, apesar de, segundo ele, também ser poluente, com 50% de emissões.

- A solução está por aí. Se os alemães que são muito técnicos estão saindo disso (energia nuclear), tentar dominar o indominável é um pouco complicado - destacou.

Além dos riscos de acidentes, Eike disse que os custos da energia nuclear vão aumentar ainda mais para intensificar a segurança depois do acidente no Japão.

A Eletronuclear, por sua vez, afirma que as necessidades do setor elétrico brasileiro serão atendidas basicamente por energia nuclear, carvão e, em menor escala, gás natural. Assim, a redução do uso da energia nuclear aumentaria a importância das outras duas fontes de energia.

"Logo, buscar manipular o acidente de Fukushima para alavancar as alternativas fósseis, geradoras de gases de efeito estufa, é uma estratégia empresarial inteligente", declara a empresa.

Segundo a estatal, no caso do empresário Eike Batista, que tem negócios na área do carvão, esse objetivo fica evidente.

Bolsa negociará energia no chamado mercado livre

Eike é um dos sócios da Brix, que entrará em operação em junho e realizará as negociações de compra e venda de energia no chamado mercado livre. Atualmente, cerca de 25% de toda energia consumida no país são comprados no mercado livre, entre as empresas geradoras e os grandes consumidores de energia (indústria eletrointensiva, entre outros). Esse mercado negocia cerca de 10 mil megawatts (MW) médios e um volume de recursos da ordem de R$25 bilhões por ano. Os 75% restantes da energia são vendidos por meio dos leilões de energia realizados pelo governo federal.

Marcelo Mello, que será o presidente da Brix, disse que a expectativa é que, em três anos, a bolsa esteja com um volume de negócios de R$75 bilhões. Atualmente, os negócios no mercado livre são feitos diretamente entre os produtores, comercializadores e compradores de energia. Para Mello, as operações que atualmente levam de sete a dez dias para serem fechadas passarão a levar apenas alguns segundos pela Brix.

Eike deixou claro seu interesse para que em breve a bolsa passe a negociar também outros produtos, como petróleo e etanol. Segundo o empresário, isso será mais do que natural considerando que, em 2020, sua empresa de petróleo, a OGX, estará produzindo 1,4 milhão de barris diários de petróleo.”

Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/AdvocaciaGarcez

Cadastre-se para receber a newsletter da Advocacia Garcez em nosso site: http://www.advocaciagarcez.adv.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário