"Um proeminente Deputado brasileiro recebeu o prêmio ‘Racista do Ano’ da Survival International para o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março.
Durante uma reunião pública em novembro passado, o Deputado Luis Carlos Heinze fez comentários profundamente ofensivos contra os índios brasileiros, homossexuais e quilombolas. Outro Deputado, Alceu Moreira, pediu a expulsão de povos indígenas que tentam reocupar suas terras ancestrais.
Deputado Heinze, que é Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, disse que ’O mesmo governo… é ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo o que não presta, ali está aninhado, e eles têm a direção e o comando do governo’.
Durante a mesma reunião o Deputado Alceu Moreira pediu que os fazendeiros brasileiros ‘se fardem de guerreiros e não deixem um vigarista desse [aparentemente referindo-se aos apoiadores dos índios] dar um passo na tua propriedade. […] Reunam verdadeiras multidões e expulsem [os índios e os quilombolas], do jeito que for necessário!’
Os Deputados fazem parte do poderoso lobby ruralista, anti-indígena, do Brasil, que está exigindo que o governo aprove uma série de leis controversas que iriam enfraquecer drasticamente o controle dos povos indígenas sobre suas terras.
A APIB, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, descreveu isso numa carta ao Ministro da Justiça, como ‘uma virulenta campanha […] de discriminação e racismo contra os povos originários’.
As mudanças seriam desastrosas para tribos brasileiras como os Guarani, que já perderam a maior parte de suas terras para fazendeiros de gado e plantações de cana de açúcar. A tribo enfrenta altos níveis de violência nas mãos de latifundiários poderosos, que freqüentemente empregam pistoleiros para expulsar os Guarani de suas terras e assassinar seus líderes.
Um homem Guarani disse à Survival, ‘Os pistoleiros estão nos ameaçando e eles querem nos matar. Eles querem extinguir todos nós’.
De acordo com relatos, a Bunge, um gigante alimentício estadunidense que compra cana de açúcar de terras roubadas dos Guarani, tem financiado campanhas eleitorais do Deputado Heinze.
O prêmio de racismo da Survival foi anteriormente concedido ao jornal peruano Correo que chamou indígenas de ‘selvagens’ e ‘primitivos’ e o jornal paraguaio La Nación que comparou índios paraguaios ao câncer, e os chamou de ‘sujos’.
Nixiwaka Yawanawá, um índio da Amazônia que se juntou a Survival em 2013 para lutar pelos direitos indígenas, disse: ‘Por mais de 500 anos, os índios do Brasil têm sofrido racismo, preconceito e violência nas mãos de pessoas que querem ver a nossa extinção. Mas ainda estamos aqui, nós somos os protetores da floresta e exigimos respeito. Me deixa triste e com raiva quando ouço os comentários de ódio e racismo desses políticos. Com apenas alguns meses até a Copa do Mundo, o mundo precisa ver este lado do Brasil também.’
Notas para editores:
- Veja o relatório da Survival ao Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU, que descreve a situação chocante dos Guarani.
- Às vésperas da Copa do Mundo da FIFA, Survival International está destacando ‘O lado sombrio do Brasil’ e informará sobre a situação dos índios brasileiros e os ataques do governo sobre seus direitos."
Fonte: Survival
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