Por Wagner Freire
As ações de empresas do setor elétrico caíram na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) nos últimos dias. Segundo fontes ouvidas pelo Jornal da Energia, há uma tensão em torno desses papéis devido à incerteza quanto ao destino das concessões de usinas, linhas de transmissão e linhas de distribuição que vencem a partir de 2015.
Embora essa indefinição sobre o tema não seja nova, o governo anunciou que dará final à longa novela nesta terça-feira (11/9), quando será anunciado um "pacote de energia" no Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff já adiantou que as medidas a serem divulgadas levarão a uma queda de 16,2% nas tarifas de energia dos consumidores residenciais e de 28% para a indústria.
E a publicação da Medida Provisória 577 - que dispõe sobre regras para extinção de concessões e intervenção em empresas de energia - também ajudou a deixar os analistas em estado de nervos.
De acordo com Thomas Chang, da equipe de análise da corretora Um Investimentos, a MP 577 deixou o mercado assustado porque houve quem acreditasse que a ela significaria a não renovação das concessões. "No dia da MP teve empresa que o valor da ação chegou a cair dois dígitos, e no dia seguinte uma queda similar", destacou Chang.
Na sequência, o governo anunciou a intervenção em oito distribuidoras de energia do Grupo Rede - o que levou a um entendimento de que a MP 577 poderia ter servido apenas para viabilizar essa manobra. Ainda assim, há elétricas que seguem sofrendo no pregão. Nesta segunda-feira (10/9), Cesp PNB, Transmissora Paulista PN e Cemig PN tiveram as maiores quedas da bolsa.
"A indefinição sobre o futuro das concessões gera um monte de palpites e opiniões que fazem com que as ações fiquem oscilando", observou o analista Pedro Galdi, da corretora SLW.
Chang, da Um Investimentos, lembrou que a Eletrobras tem cerca de 60% de sua capacidade de geração em usinas cujos contratos estão próximos do fim. Ativos de transmissão da estatal também estão para vencer. Na Cteep, quase 90% da receita hoje está atrelada a linhas que terão a concessão encerrada em 2015. E, na Cesp, algo como 67% da capacidade tem contratos vincendos.
Segundo o analista, um eventual corte em encargos setoriais, que já tem sido sinalizado pelo Planalto, não afeta a situação financeira das elétricas. O que realmente deixa o mercado receoso é a questão da prorrogação ou não das concessões.
"Embora seja improvável que isso aconteça, a pior situação seria o anúncio da não renovação. Neste caso haveria um corte significativo na receita das companhias. No entanto, o mercado está trabalhando com a prorrogação dos contratos", concluiu Chang.
O pregão da Bolsa de Valores de são Paulo desta segunda encerrou com Cesp PNB N1 cotada a R$30,14 (-5,19%), Cemig PN a R$34,94 (-2,86%), CPFL Energia ON a R$22,72 (-2,28%), Copel PNB N1 a R$35,03 (-2,29%), Eletropaulo a R$17,67 (-1,94%), Light ON R$24,95 (-1,15%) e Transmissão Paulista PN a R$42,81 (-3,62%).
A exceção nas baixas ficou por conta da Eletrobras: as ações PNB fecharam em alta de 1,95% a R$19,34 ; e Eletrobras ON fechou estável em R$13,05. "
Extraido de http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=11094&id_secao=17
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