"A participação das fontes alternativas na matriz elétrica nacional irá se multiplicar nessa década. Entre 2011 e 2020, fontes renováveis como usinas eólicas, de biomassa de cana-de-açúcar e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) devem ter uma expansão média anual de 12%, mais do que o dobro da demanda anual prevista para os consumidores. Esse conjunto de fontes alternativas, que em 2009 respondiam por 7,4% da potência instalada, deve aumentar sua participação para 13% em 2014 e 16% em 2020, segundo o Plano Decenal 2020, do governo federal.
Mas, para que esse cenário se confirme, um dos desafios será dosar o avanço gradual dessas fontes, permitindo que cada uma consiga espaço na matriz de forma equilibrada. "Terão de ser contratados 20 mil MW até o fim da década, entre hidrelétricas e alternativas; enquanto as eólicas têm grande avanço, as PCHs não conseguem ser competitivas e as usinas de biomassa ainda não decolaram", disse Ricardo Savoia, gerente do núcleo de estudos econômicos da consultoria Andrade & Canellas.
A PCH, que foi vedete do setor no início dos anos 2000, quando, por atraso no licenciamento das hidrelétricas, muitas empresas apostaram nesse nicho, agora passa por uma fase de entressafra. "O custo de investimento das PCHs teve alta de 45% em cinco anos, e o preço da energia chegou a R$ 135 o MWh, acima das eólicas e outras fontes", disse o chefe do departamento de energias alternativas do BNDES, Antonio Carlos Tovar. "O potencial desse setor é imenso, chega a 17,5 GW, o que não pode ser abandonado", afirmou Miguel Saad, presidente da CPFL Renováveis.
No leilão realizado em agosto pelo governo federal, apenas 19 projetos de PCHs, com potência instalada de 302 MW foram cadastrados, enquanto 296 projetos de eólicas com capacidade de 7.500 MW foram inscritos e 12 projetos de biomassa com 700 MW foram listados. Na fase final do leilão, nenhum projeto de PCH foi contratado, enquanto foram negociados 2 GW de energia eólica e 555 MW de biomassa.
Segundo Saad, duas ideias para estimular a retomada das PCHs seriam realizar leilões específicos para a fonte e conceder incentivos fiscais, com redução de tributos como IPI, ISS, ICMS, como adotado para as fabricantes de equipamentos de energia eólica.
Para o presidente da Bioenergy, Sergio Marques, o foco da questão tem de ser ampliado. A demanda do mercado por fontes alternativas é cíclica. "Ontem as PCHs eram as estrelas, hoje se fala em eólica, mas daqui a pouco ela deve perder competitividade e a energia solar deverá ser a grande vedete dos próximos anos", destacou Marques.
Hoje o principal obstáculo para gerar energia a partir da luz do sol é a tecnologia e o preço. O Brasil não tem um parque industrial instalado de fabricantes de painéis fotovoltaicos, o que implicaria a importação de peças e equipamentos, mas esse é um segmento que poderá ser desenvolvido no país nos próximos anos. "As duas únicas tecnologias que têm preços declinantes no mundo são a eólica e a solar, porque a térmica pode ter tido queda, mas muitos países estão ampliando as compensações para instalação desse tipo de usina, e isso entra na conta final", afirmou o presidente da Bioenergy."
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