"A descoberta de gás natural pela OGX na Bacia do Parnaíba - confirmada este ano - e as perspectivas positivas para a Bacia de São Francisco podem ser os passos iniciais de uma matriz energética com maior participação do combustível. De acordo com as empresas que exploram gás natural nessas áreas, o suprimento extra a ser colocado à disposição por esses sítios pode tornar viáveis novas termelétricas, abastecer a indústria e gerar receita com a exportação de GNL.
A OGX é a empresa com a maior campanha exploratória voltada para o gás não-associado - gás natural com pouca ou nenhuma presença de óleo (condensado). O plano de investimentos em exploração da OGX Maranhão - sociedade entre OGX e MPX, também do grupo EBX - na Bacia do Parnaíba, de 2009 a 2013, é de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões.
No ano passado, a empresa descobriu gás nas prospecções de Califórnia e Fazenda São José, que tiveram sua comercialização declarada em maio deste ano e viraram os campos Gavião Azul e Gavião Real, respectivamente. As duas áreas devem produzir 5,7 milhões de m3 /dia de gás natural. O volume é 200 mil m3 /dia superior ao produzido pelo maior campo terrestre de gás em operação, o Rio Urucu, no Amazonas.
A campanha de produção da empresa prevê investimento de US$ 450 milhões no desenvolvimento dos campos. Estão previstos 23 poços de produção e instalações associadas, como sistema de captação - linhas e manifolds, uma unidade de produção de gás e um gasoduto de pequena extensão. A OGX Maranhão comercializará o gás prioritariamente para térmicas da MPX.
Para a empresa, em caso de novas descobertas, uma alternativa à geração térmica é exportar gás via GNL. A petroleira aposta na crescente demanda mundial para que isso se torne realidade. Até 2013, o plano de negócios da OGX prevê a perfuração de mais 12 poços, dos quais dois estão em andamento, por meio das sondas QG-1 e BCH-5.
Outros três já foram perfurados. Existem ainda duas equipes trabalhando na aquisição de dados sísmicos, abrangendo uma área total de 44 municípios. Entre 2009 e 2010 já foram investidos cerca de R$ 92 milhões incluindo perfuração e sísmica.
A Orteng, que detém a concessão para exploração de três blocos - arrematados na sétima e décima rodadas da ANP - na Bacia do São Francisco, está confiante quanto à possibilidade de descobertas significativas. A empresa investiu R$ 28 milhões em exploração no SF-T-132, onde detectou, no ano passado, indícios de gás. A avaliação das potenciais reservas do bloco está sendo conduzida pela Schlumberger.
A provável declaração de comercialização deve ser comunicada à ANP ainda neste mês. "Não temos dúvidas de que são reservas altamente significativas. O trabalho é descobrir o tamanho exato", diz o gerente de Óleo e Gás da Orteng, Frederico Macedo.
Para o executivo, as novas descobertas de gás no país devem mudar a matriz energética no curto e médio prazos. Ele destaca a proximidade das áreas da bacia de São Francisco com grandes centros consumidores, como Belo Horizonte, Brasília e Cuiabá. Em um primeiro momento, contudo, o energético deverá ser destinado a termelétricas.
"É a maneira mais rápida de se gerar receita com esse gás", avalia. Macedo considera como outros grandes mercados potenciais plantas de fertilizantes e as indústrias em geral. "A região do triângulo mineiro, por exemplo, tem grande demanda", afirma.
A mineradora Vale também não dorme em serviço. De olho no potencial do gás de bacias terrestres e offshore, a empresa aparece como sócia em 19 blocos exploratórios, nas bacias do Espírito Santo, Pará-Maranhão, Parnaíba e Santos. Arrematou áreas na nona rodada da ANP e fechou acordos de "farm in" em blocos da sexta e sétima rodadas. A empresa pretende diversificar e otimizar sua matriz energética para reduzir custos e mitigar riscos.
Outra que aposta no potencial do gás é a Petra Energia. A petroleira tem sociedade com a OGX Maranhão em sete blocos na Bacia do Parnaíba e detém concessão, como operadora, em 24 blocos exploratórios na Bacia do São Francisco, todos arrematados na sétima rodada da ANP. No momento, a petroleira está fazendo um levantamento sísmico 2D em uma área de 10 mil km2. O estudo servirá de base para definir os locais de perfuração de nove poços. Cada um terá custo estimado entre US$ 8 milhões e US$ 10 milhões. Em 2012, mais duas ou três estruturas serão perfuradas. A Petra prevê perfurar o primeiro poço na região, no próximo mês."
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