"Empresa ainda tenta fechar nova proposta para ser apresentada aos conselheiros nos próximos dias para análise
BRASÍLIA. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) adiou ontem o julgamento da união entre Sadia e Perdigão no mercado brasileiro. O conselheiro Ricardo Ruiz, que pediu vista durante o julgamento do processo na semana passada, informou ao plenário que precisa de mais tempo para analisar o caso e foi atendido. Ele já começou a negociar com os advogados das empresas um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) que viabilize a aprovação da BRF-Brasil Foods (empresa decorrente da fusão entre Sadia e Perdigão).
Segundo fontes ligadas à BRF, os advogados e economistas da empresa estão levantando dados para apresentar uma proposta fechada ao Cade até a próxima semana. Como a fusão representa uma concentração de mercado muito elevada, que chega a mais de 80% em alguns produtos, a BRF tem agora que se comprometer a abrir mão de parte significativa do negócio para conseguir o aval do Cade.
Segundo especialistas, essa solução terá que passar pela venda de marcas importantes. Pode envolver até mesmo os nomes Sadia ou Perdigão.
O relator da fusão no Conselho, Carlos Ragazzo, leu seu voto na semana passada e rejeitou a operação, afirmando que ela representa danos à concorrência no país. Embora Sadia e Perdigão tenham se comprometido a vender algumas marcas, como Rezende e Excelsior, Ragazzo entendeu que a proposta não era suficiente.
Ele também criticou as empresas por terem apresentado um grande número de pareceres técnicos (foram mais de 20 e teriam como objetivo apenas adiar a conclusão do processo).
Em nota divulgada ontem, a BRF afirmou que o adiamento do julgamento é um sinal importante do Cade, "pois contribui para a busca de um acordo que atenda os interesses de toda a sociedade brasileira". O texto afirma ainda que "a empresa mantém-se à disposição do Cade e acredita numa análise justa e imparcial do caso".
Ontem, as ações da BRF-Brasil Foods, holding das marcas, tiveram alta de 0,20%, para R$24,53. Segundo analistas, com o adiamento do Cade, a empresa ganha tempo para negociar com conselheiros a venda de ativos e evitar que a fusão seja rejeitada.
Um analista de mercado disse que se a BRF "admitisse vender pedaços" da Sadia, o Cade provavelmente já teria concordado com a fusão. Mas se isso for inevitável, ele considera que seria melhor vender a marca junto com os ativos.
- Se puser à venda a Sadia, a BRF vai ganhar dinheiro. A Perdigão não desembolsou nada aos ex-controladores (foram pagos com ações da BRF), e a Sadia foi recuperada e saneada pelo BNDES - diz o analistas, para depois emendar: - A Sadia já está no lucro, está recuperada e se for vendida por ordem do Cade, a Perdigão não vai ter prejuízo.
Segundo ele, a BRF pode estar seguindo "uma estratégia errada" ao buscar uma proposta consensual com os conselheiros do Cade.
- A solução não tem de ser de consenso. O Cade está defendendo o interesse do consumidor - diz."
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