"O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), enfrenta a primeira grande greve de sua gestão, ao completar seis meses de governo. Ontem, pelo segundo dia consecutivo a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) paralisou suas operações no Estado. A estimativa é que mais de 2,5 milhões de pessoas tenham sido prejudicadas ontem. Somente no início da noite, por volta das 19h, os quatro sindicatos grevistas suspenderam a paralisação, mas mantiveram o estado de greve. Uma nova rodada de negociações foi marcada para o dia 10.Os motoristas de ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) também paralisaram as operações, mas não houve acordo com o governo. Os sindicalistas decidiram manter a greve, atingindo 130 linhas que atendem 550 mil pessoas. Os funcionários do Metrô prometiam fazer greve, mas adiaram a manifestação.
Alckmin assumiu o governo com o discurso em que defendeu a maior interlocução com sindicalistas, para evitar as greves que marcaram sua gestão anterior e a de seu antecessor, José Serra (PSDB). No mês passado, antes mesmo de ameaças de greve na área de Educação, o tucano anunciou reajuste de 42% aos professores em quatro anos, em um aceno à categoria que promoveu protestos nas gestões anteriores.
O governador, no entanto, teve na área de Transportes sua primeira grande dificuldade. As paralisações se deram na Grande São Paulo, região que concentra quase metade da população do Estado.
Nos metrô, cartazes avisavam que a operação dos trens metropolitanos estava paralisada e sem perspectiva de quando voltaria a funcionar. As 89 estações localizadas em 22 cidades da Grande São Paulo ficaram sem operação. Nos terminais de ônibus, filas imensas de pessoas se aglomeravam em busca de uma alternativa de transporte. Pela manhã, o governo reuniu-se com sindicalistas mas o impasse continuou. Somente no fim do dia, com pressão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os sindicalistas se reuniram em assembleia e acataram a decisão do TRT, que propôs a suspensão da paralisação com a volta ao trabalho, mantendo o estado de greve, enquanto prossegue a negociação.
Desde 1999 a CPTM não entrava em greve, segundo o Sindicato dos Ferroviários de São Paulo. Na análise do secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, o sindicalista David Zaia (PPS), o projeto de expansão do governo para a CPTM, com mais recursos para a empresa e modernização de parte da frota, ajudou a aumentar a influência política dos sindicatos. "Eles ganharam importância no transporte da capital", diz.
O dirigente Adilson Alcântara da Silva, do Sindicato dos Ferroviários, diz que não houve flexibilidade do governo na negociação. "Desta vez esgotamos todos os recursos, mas a CPTM não mostrou interesse", disse. O reajuste oferecido pelo governo foi de 3,27%, calculado pela soma de 1,75% do IPC/Fipe dos meses de janeiro e fevereiro e 1,5% de aumento real. A categoria reivindicava pelo menos 5% de aumento real. Houve acordo em relação ao aumento do vale-alimentação de R$ 15,63 para R$ 17 e extensão de 120 para 180 dias para a licença maternidade.
Além de um reajuste salarial maior, sindicalistas questionam o projeto de expansão dos trens em São Paulo e dizem que foi apenas voltado para obras, e não para melhorias aos funcionários. Reclamam também da diferença salarial entre a CPTM e o Metrô.
O secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, nega. "Um maquinista da CPTM ganha R$ 2.091. No metrô, o salário é de R$ 2.166". "Quando melhoramos os equipamentos, melhoramos também a qualidade de trabalho dos operadores", disse.
A mudança na data-base dos servidores da CPTM, de setembro para março, pode ter incentivado a greve. A negociação atrasou e chegou a maio, mês previsto pelo metrô para fazer greve. Os metroviários, no entanto, recuaram.
"Negociamos com as categorias semanalmente, desde fevereiro", disse o secretário Jurandir Fernandes. Responsável do governo pelas negociações com centrais sindicais, o secretário David Zaia também procura minimizar a greve. "A relação do governo com as centrais sindicais e os sindicatos tem sido boa", disse. "Temos feito um grande esforço para atender os pedidos, mas se avançarmos no aumento salarial teremos dificuldades financeiras", disse Zaia.
Não houve acordo, no entanto, entre governo e os motoristas de ônibus do ABC, que mantiveram a greve. A frota é gerenciada pela estatal EMTU e serve os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. A EMTU informou, em nota, que impetrou uma medida cautelar no TRT para garantir a operação de 80% da frota de 850 ônibus das linhas intermunicipais que circulam na região.
Os metroviários planejavam uma greve com início na quarta-feira, mas adiaram a paralisação da CPTM. "Mas a negociação continua", disse o dirigente Ciro Moraes. Integrantes do sindicato são ligados às centrais Conlutas e CTB."
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