“As terras-raras não são nem terra, nem raras: são minerais e óxidos, alguns tão abundantes quanto o zinco, e a mais rara tão presente no planeta quanto a prata, explica o especialista Osvaldo Antônio Serra, do departamento de química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Segundo ele, essas matérias-primas são estratégicas e é um fator de vulnerabilidade do país a dependência de um só fornecedor, a China.
O Brasil já produziu terras-raras, a partir das areias monazíticas da Bahia, tiradas como lastro de navio no século XIX e usadas para fabricação de camisas de lampião a gás na Áustria e na Alemanha. Nos anos 50, com uma empresa privada, a Orquima, o Brasil chegou a produzir óxidos de terras-raras de alto teor de pureza, usados nos componentes do reator no Nautilus, o primeiro submarino atômico do mundo.
Ex-estagiário da Orquima, o professor Serra lamenta que a estatização da empresa, nos anos 1960, tenha levado à gradual desativação da produção de terras-raras, com perda de conhecimento tecnológico e recursos humanos no setor. Quando se descobriu maneiras de adicionar maior agregado aos minerais e óxidos com a produção de magnetos e componentes luminosos, o Brasil já não tinha nenhuma competitividade nesse setor.
O consumo atual de terras-raras, segundo especialistas do setor, chegou a 125 mil toneladas no ano passado, e cresce entre 5% a 10% anualmente. Segundo artigo recentemente publicado em um periódico científico especializado, o Brasil é produtor de 1,5 mil toneladas anuais, com capacidade de aumento. Sete companhias fora da China investem no setor com meta de produzir 24,9 mil toneladas em 2013. O artigo, do pesquisador Chen Zhanheng, da Sociedade Chinesa de Terras-Raras, informa que um desses projetos, com participação japonesa, está no Amazonas.
O pesquisador afirma que, embora a China seja o maior produtor e detentor de reservas do mundo, dados atualizados sugerem que o Brasil pode virar o país com maior quantidade de reservas comprovadas de terras-raras. Atualmente, diz, são necessárias 50 mil toneladas desses materiais fora da China, que devem chegar a cerca de 80 mil em 2015, pela atual taxa de crescimento da demanda. Com a decisão chinesa de estabelecer cotas de exportação para o produto, fornecedores estrangeiros encontrarão uma demanda entre 18 mil e 50 mil toneladas anuais a partir de 2015. Países como Austrália, Cazaquistão e Canadá têm investido fortemente para entrar nesse mercado.”
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