“Autor(es): Marcelo Pinho | Para o Valor, de São Paulo
A iminente transformação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em banco, ampliando sua musculatura financeira e o potencial de investimento, é festejada pelo setor de inovação no Brasil. A medida, ainda em estudo pelo governo, visa dar condições ao o país elevar o nível de investimento em inovação aos padrões internacionais. Hoje, segundo contas da própria Finep, o Brasil investe cerca de 0,6% do PIB em inovação, enquanto os países desenvolvidos aplicam quase o triplo.
"A Finep como banco seria muito bom para o setor. Ela entraria num espaço abaixo do BNDES voltada para empresas e projetos menores. O conceito de inovação apoiado pela Finep não possui linhas de crédito disponíveis. Para pequenas e médias empresas é muito difícil conseguir crédito para inovar então essa possibilidade pela Finep seria muito bom", diz José Alberto Aranha, diretor do Instituto Gênesis, a incubadora de empresas da PUC-Rio.
Segundo o chefe do departamento de planejamento orçamentário da Finep, André Amaral de Araújo, a transformação da instituição em banco irá ampliar a capacidade financeira para apoiar projetos inovadores. "Como banco público, a Finep vai poder captar recursos com a União sem impactar o superávit primário. Dessa forma, vamos poder tomar recursos em muito maior quantidade para financiar a inovação, que está abaixo dos níveis de países desenvolvidos".
Segundo Amaral, da Finep, as empresas privadas investem no Brasil cerca de R$ 25 bilhões por ano em inovação. Finep e BNDES respondem pelo financiamento de cerca de 15% desse montante. Para chegar à meta de 1% do PIB investido em inovação, seriam necessários mais R$ 40 bilhões adicionais por ano.
"Hoje, com recursos próprios, podemos ampliar o investimento em inovação para R$ 6 bilhões, o que ainda é pouco. A ideia é crescer aos poucos e não de uma hora para outra", afirma Amaral, lembrando que como banco as possibilidades de financiamento crescem.
O plano de transformar a Finep em banco é vista com bons olhos por empresários que apostam na inovação. José Alberto Aranha, do Instituto Gênesis, acredita que o segmento das médias empresas inseridas na cadeia produtiva de grandes corporações será um dos mais beneficiados pela medida. "Essa linha de fornecedores, formada por pequenas e médias empresas, precisa inovar, mas não tem porte para recorrer ao BNDES. Essas podem ser muito beneficiadas", diz.
José Augusto Pereira, sócio da Pipeway, especializada na inspeção de dutos de óleo e nascida na incubadora de empresas da PUC, confirma a impressão. "Nós temos uma relação histórica com a Finep. Usamos diversos produtos criados na universidade com apoio da Finep e pagamos royalties por eles. A Finep como um banco será o elo que faltava no financiamento da inovação. O BNDES vê projetos maiores, negócios consolidados. Empresas nascentes têm um risco maior e têm dificuldades de financiamento ", afirma.
Amaral lembra, no entanto, que a Finep não estimula o endividamento das empresas. A prioridade são os investimentos no capital social das companhias. Por essa razão, entre as prioridades da Finep como banco está a ampliação da participação da empresa em fundos voltados para a inovação. Hoje a Finep investe em cerca de 20 fundos e esse número deve crescer. "Queremos ampliar os instrumentos de crédito às empresas e o investimento nos fundos faz parte desse esforço", explica.”
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