segunda-feira, 4 de abril de 2011

“Celesc vai criar companhia para crescer em geração” (Fonte: Valor Econômico)

“Autor(es): Júlia Pitthan | De Florianópolis

Antonio Gavazzoni está satisfeito com o seu primeiro trimestre à frente das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc). Com bons resultados colhidos da gestão anterior - que representaram um lucro líquido de R$ 273,5 milhões, crescimento de 120% sobre 2009 - e os ânimos mais calmos entre os acionistas minoritários, o presidente se prepara agora para ampliar os investimentos em geração.
Atualmente, apenas 1% da receita operacional bruta da companhia - que em 2010 foi de R$ 6,2 bilhões - vem da área de geração de energia. Apesar da fatia magra, a geração representou 8% do lucro da companhia no mesmo período. A Celesc conta com 12 usinas que geram cerca de 82 megawatts (MW), volume pequeno se comparado, por exemplo, com a vizinha Copel, no Paraná, que detém 4.550 MW em capacidade de geração em usinas próprias.
No plano de investimentos aprovado pelo conselho de administração no fim de março, R$ 55,1 milhões serão destinados, em 2011, para o segmento de geração. O projeto prevê que 51,69%, ou R$ 28,5 milhões, sejam aplicados em ampliação do parque gerador, mas o volume é pequeno para alcançar a meta do presidente: ampliar dos atuais 82 MW para 300 MW a capacidade instalada.
Segundo o presidente, a Celesc criou um comitê interno para discutir a melhor maneira de atrair recursos que permitam atingir essa capacidade. A proposta mais viável, depois que a equipe consultou cerca de 15 formadores de mercado, é a criação de uma nova empresa, em que o Estado deveria abrir mão do controle acionário para atrair um investidor privado.
"O mundo todo está investindo em geração. A gente precisa ser ousado, mas agir com inteligência, usar esse assunto da geração de energia para alavancar todo o grupo Celesc", defende Gavazzoni. Apesar de estar "trabalhando com muita pressa", nas palavras do presidente, a expectativa é que a nova empresa só ganhe sustentação em um ano.
A saída legal mais viável, na visão de Gavazzoni, é constituir uma sociedade de propósito específico. A empresa partiria do patrimônio das 12 usinas próprias da Celesc, o que pode representar algo em torno de R$ 500 milhões.
Segundo o diretor de relações institucionais e com investidores da Celesc, André Rezende, há um potencial muito grande para expansão das atuais usinas sem impactos ambientais grandes. Algumas delas foram inauguradas no começo do século passado. A mais antiga, a Usina Piraí, em Joinville, iniciou a operação em 1908. Segundo Rezende, haveria necessidade de uma modernização dos equipamentos para ampliar a capacidade de geração. Com a nova empresa, sem controle estatal, a companhia teria condições de captar recursos junto ao BNDES para investir em modernização.
Há projetos de repotencialização e ampliação para oito das 12 usinas atuais, o que representaria um acréscimo de 101,1 MW na capacidade da Celesc. Entre eles, a centenária Usina do Piraí que passaria dos atuais 780 kilowatts (KW) para 2 MW. Segundo Rezende, o projeto de repotencialização das usinas está sendo, atualmente, financiado com recursos próprios.
Conforme o diretor, o custo da Celesc Geração para cada novo megawatt é estimado em R$ 5 milhões. Ou seja, o custo de implantação de todo o projeto de repotencialização estaria orçado em R$ 500 milhões.
A estratégia de buscar um parceiro privado aceleraria o processo de repontecialização do parque e permitiria à Celesc ganhar musculatura para competir no mercado nacional de geração e, inclusive, investir em projetos fora do Estado. Além do parque, a companhia também participa com sociedades de propósito específico em nove usinas em Santa Catarina. Gavazzoni diz que o objetivo é também ampliar participações desta natureza.”

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