"O centro de operações das atividades da Companhia de Transmissão Paulista (Cteep), em São Paulo, vive uma calmaria nestes dias de frio sem grandes trombas d"água ou ventos fortes. Os quatro operadores de cada turno da estação monitoram as operações como se estivessem em voo de cruzeiro. Mas em novembro de 2009, quando linhas de transmissão do sistema Itaipu operado por Furnas caíram, derrubando em efeito cascata a energia em 18 estados, o clima ficou bem diferente.Problemas de comunicação, em função da queda da rede da Embratel, levaram a empresa a amargar uma multa de R$ 3 milhões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por responsabilidades no blecaute. Multa aplicada e ratificada duas vezes pela diretoria da agência. O diretor de operações da Cteep, Celso Cerchiari, diz entretanto que a companhia vai recorrer novamente da decisão.
O motivo, segundo Cerchiari, é que, apesar de a queda do sistema da Embratel ter impedido a transmissão de dados, não houve interrupção na comunicação com o Operador Nacional do Sistema (ONS) para recompor o sistema. "Somos responsáveis pelos sistemas de comunicação que controlamos", diz Cerchiari. "Mas temos a convicção que não foi isso que contribuiu para eventual demora na recomposição e por isso vamos recorrer da decisão."
Cerchiari explica que a rede da Embratel, pelo próprio blecaute, também caiu, mas somente no momento em que a comunicação era feita com a Eletropaulo e não com o operador do sistema. Em contingências, as empresas precisam acionar corredores que restabelecem energia em determinadas regiões e somente depois interligar ao sistema.
A maior multa da Aneel pelo blecaute de 2009 foi dada à Furnas e responsabiliza a empresa por não ter feito adequadamente manutenção das linhas do sistema Itaipu. A estatal já entrou com processo judicial para não ter que pagar a multa de R$ 43 milhões e se livrar da responsabilidade pelo blecaute. A companhia alega que raios e a forte chuva que caiu na região de Itaberá, no Paraná, foram responsáveis pela queda dos três sistemas da companhia. Duas empresas já pagaram pequenas multas aplicadas pela Aneel e uma terceira está em dívida com a agência. Para hoje está prevista na pauta da Aneel o julgamento do recurso do ONS, que também tenta que a diretoria da agência reconsidere o caso. O operador do sistema foi multado em R$ 1,3 milhão em função da operação do religamento. E a Cteep vai recorrer mais uma vez.
Mesmo com o recurso, a transmissora tomou a decisão de contratar um novo prestador de serviço, no caso da Global Crossing, que lhe garanta uma terceira forma de transmissão de dados - além da rede própria, da rede da Embratel.
Pelas linhas e subestações da Cteep, companhia privatizada em 2006 e que hoje pertence ao grupo colombiano ISA, passam hoje 30% do consumo de energia do país. A transmissora é responsável por 90% da operação de todo o Estado de São Paulo. Em ativos, a companhia tem hoje 16% do mercado.
Na cidade de São Paulo, a pressão e o desafio é tentar evitar cortes de luz em função da sobrecarga da subestação Bandeirante, que fica próxima à Vila Olímpia. A empresa constrói outra subestação, em Piratininga, que já deveria ter sido erguida há dois anos. Processos ambientais atrasaram as obras."
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