"Ação movida por parentes de Merlino terá, em SP, a primeira audiência
SÃO PAULO. O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra - acusado de torturar e matar, em julho de 1971, o jornalista Luiz Eduardo Merlino - ficará frente a frente com pessoas que dizem ter assistido a sessões de tortura comandadas por ele na época do regime militar nos anos 70. A primeira audiência da ação movida pela família de Merlino acontece hoje, em São Paulo.
Embora arrolado no processo como testemunha de defesa de Ustra, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informou, por sua assessoria, que nunca teve qualquer relação com o acusado e que se recusará a testemunhar a seu favor, embora não tenha sido citado ainda pela Justiça. A tentativa de incluir o nome do senador no processo é vista como uma ação protelatória dos advogados.
Paulo Esteves, advogado de defesa de Ustra, admite que seu cliente não teve autorização de Sarney para inclui-lo no processo, e que o nome do senador surgiu porque se trata de uma "testemunha por fatos históricos e jurídicos". Em 1979, na condição de senador, Sarney assinou a Lei da Anistia, concedida aos que cometeram crimes políticos e aos que tiveram direitos políticos suspensos.
Ustra já foi declarado torturador no caso envolvendo Maria Amélia Teles, presa em 1972 com o marido e dois filhos no Dops, à época comandado por ele.
- Ele já foi declarado torturador e queremos que seja declarado assassino. A ação da minha família é por assassinato - diz Tatiana Merlino, sobrinha do jornalista, lembrando que a defesa de Ustra já havia conseguido, em 2008, anular uma das ações impetradas pela família, impedindo audiência com testemunhas.
Uma das testemunhas de acusação é o ex-secretário de Direitos Humanos Paulo Vannuchi, torturado quando foi preso durante a ditadura. Merlino foi repórter do "Jornal da Tarde"."
Nenhum comentário:
Postar um comentário