"Uma revolução cujo objetivo é recuperar o terreno perdido. Essa é a missão atribuída a si pelo novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, que inicia nesta semana um agenda para remodelar a Pasta. Convocado pela presidente Dilma Rousseff na semana passada para assumir um cargo de ministro vago há 160 dias, em que o Ministério do Trabalho ficou sem ministro, Brizola chega com o sentido de urgência dado pela própria presidente. "Precisamos tornar as políticas do ministério uma prioridade para o governo", afirmou ao Valor o novo ministro, que comparou sua missão à de "domar um boi pelo chifres".
Ontem, o ministro reuniu pela primeira vez sua equipe de transição, liderada por Cibilis Viana, ex-secretário da Fazenda do segundo governo Leonel Brizola no Rio de Janeiro. Neto do ex-governador, o novo ministro do Trabalho recebeu de Dilma a incumbência de fazer a Pasta ficar ativa.
"O governo fez uma enorme discussão, de julho do ano passado até abril deste ano, que continua agora no Congresso, envolvendo a desoneração da folha de pagamentos dos trabalhadores, para estimular as empresas. E o Ministério do Trabalho não participou deste debate. Num país movido cada vez mais pelo mercado interno, com emprego em primeiro plano, o Ministério do Trabalho deveria ser central", disse ele ao Valor.
No topo da agenda de prioridades do ministro está a qualificação da mão de obra. O novo ministro elogiou a decisão da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, de colocar no conselho da companhia um representante do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), que qualifica mão de obra para a indústria nacional de petróleo e gás. "Para avançarmos mais precisamos de trabalhadores mais qualificados, e em setores mais especializados", disse Brizola.
Para isso, o novo ministro do Trabalho considera fundamental usar as "estruturas permanentes" do Estado, como a infraestrutura oferecida pelas escolas técnicas federais, e outros centros de excelência, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. "Há uma qualificação emergencial que está colocada, e o Ministério do Trabalho deve ser protagonista nisso", afirmou Brizola.
Ontem, o novo ministro iniciou também sua agenda pública. Foi à Câmara, pela manhã, acompanhar as discussões sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) do trabalho escravo (438/01), que prevê a expropriação de áreas rurais ou urbanas onde for constatado trabalho em condições análogas ao escravagismo.
Entre 2001, quando a PEC foi editada, e o primeiro trimestre deste ano, os fiscais do Ministério do Trabalho libertaram cerca de 41 mil trabalhadores nessas condições, em pouco mais de 1,2 mil operações. A PEC será votada hoje, e Brizola Neto já transmitiu aos deputados que é favorável à medida.
O novo ministro também recebeu ontem os presidentes de sete centrais sindicais - CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CGTB e CSP - para discutir a pauta sindical do ministério, responsável pela homologação de sindicatos no país e pelo repasse dos recursos oriundos do imposto sindical. O novo ministro deve estabelecer uma mesa de diálogo periódicos com os sindicalistas."
Extraído de http://www.valor.com.br/politica/2651012/ministro-nomeia-ex-secretario-do-avo-para-transicao-no-trabalho
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