"A Cemig prevê receber ainda neste ano, e "muito provavelemente" até o final de julho, um aporte bilionário de recursos do governo de Minas Gerais. A previsão foi feita pelo diretor financeiro da companhia, Luiz Fernando Rolla, que explicou que a verba faz parte de um acordo pelo qual o Estado pretende quitar um débito antigo com a empresa, referente a um saldo remanescente da Conta de Resultados a Compensar (CRC).
O Estado de Minas tinha no final de 2011, segundo informações do Tribunal de Contas do Estado (TCE), uma dívida de aproximadamente R$5 bilhões com a Cemig, a juros reais de 8,18% ao ano. A ideia do governo é captar recursos no mercado internacional - junto a BIRD, Credit Suisse e Agência Francesa de Desenvolvimento - e pagar a elétrica. O ganho seria com os juros menores da operação de crédito, de cerca de 4,62% ao ano, e com o desconto de 35% sobre o saldo devedor, oferecido pela Cemig para o depósito à vista.
Rolla disse que a empresa tem essa previsão acertada com o Estado, mas o processo demanda aprovações federais. Sem comentar os números envolvidos, o executivo disse que "grande parte desses recursos serão utilizados na própria expansão" da Cemig, além de ajudar a, eventualmente, reduzir a dívida. Também deve haver reflexo no lucro líquido de 2012.
Segundo o diretor, a Cemig fechou o primeiro trimestre do ano com "um caixa bastante robusto", apontado no balanço trimestral como de R$2,2 bilhões. Com isso, ou a companhia investirá em aquisições ou deve ter "pressão para pagamento de dividendos extraordinários". O presidente da empresa, Djalma Bastos de Morais, revelou que as prospecções por aquisições seguem em todos segmentos, incluindo distribuição, no qual houve "algumas incursões" em busca de oportunidades.
Rolla destacou que a mineira alcançou um valor de mercado de R$31 bilhões e que "poucas empresas têm esse patamar". Ainda assim, ele disse que a Cemig "ainda tem alguns valores que deverão ser reconhecidos pelos investidores e acionistas, o que no futuro vai levar a patamares superiores".
CRC
A Conta de Resultados a Compensar (CRC) foi criada na década de 1970 para garantir uma remuneração mínima às empresas de energia dentro do regime de preços controlados e equalização tarifária adotado na época. Tais regimes foram extintos em 1993, assim como a CRC, sendo que os saldos remanescentes na conta foram envolvidos em negociações de dívidas com Estados e União.
Ao fim, algumas empresas ficaram com recursos a receber. É o caso da estatal gaúcha CEEE, que assinou acordo com a União, que teve de pagar R$3 bilhões à companhia em janeiro deste ano.
Em 2006, a Cemig aportou os créditos da CRC em um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). O valor estabelecido na época pelo valor total de R$1,7 bilhão, sendo R$900 mil de quotas seniores, compradas por instituições financeiras - que têm prioridade de recebimento no caso de quitação - e R$760 milhões em quotas subordinadas, subscritas pela própria elétrica. Com o pagamento da dívida, o fundo deve ser extinto."
Extraído de http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=9889&id_secao=17
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